Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Cheia do Rio Acre já atinge 57 mil pessoas em Rio Branco

Cinco mil quatrocentos e oitenta e quatro: este é o número de desabrigados até o momento por causa da cheia do Rio Acre. As 1.429 famílias estão distribuídas em 5 abrigos (Parque de Exposições, Sebrae, Ginásio Coberto, Sest-Senat e Sesc), cedidos pela prefeitura e pelo governo. Até a noite de ontem, o nível do rio estava em 17 metros e 48 centímetros. Além das pessoas em abrigos, mais de 1.897 pessoas (662 famílias) receberam ajuda da Defesa Civil para ir à casa de parentes. A água já atingiu mais de 14,3 mil casas da Capital, o que significa afirmar que mais de 57.300 pessoas já foram atingidas pela enchente.
Espealagacao1Muitos moradores estão optando por sair de casa com a ajuda de vizinhos
Para continuar abrigando os atingidos pela enchente, 80 boxes estão sendo construídos na Avenida Amadeo Barbosa, no mesmo local em que foi realizado o Carnaval 2012. De acordo com o prefeito Raimundo Angelim, foi descartado, temporariamente, o decreto de estado de calamidade. “A prefeitura e o governo estão realizando medidas agilizadas para abrigar o mais rápido possível todas as famílias. Não será necessário, por enquanto, decretar estado de calamidade. Estamos trabalhando muito para que isso não aconteça. Além disso, pedimos para quem puder se abrigar na casa de parentes seria bem melhor, para dar lugar a quem não tem aonde ir”.

Dezesseis comunidades rurais também foram atingidas. Angelim informou que estão sendo doadas cestas básicas aos produtores. “Quinhentos e quarenta e três famílias de produtores perderam tudo. Está estimado em mais de 12 milhões de prejuízo. Estamos dando todo o apoio a eles”, afirmou o prefeito.

O vice-governador César Messias esteve com engenheiros para avaliar a ponte metálica, interditada há quase 1 semana. Grandes balseiros estavam se formando no local. Uma equipe composta por 24 homens do setor de hidrovias do Deracre está fazendo a retirada: “Três voadeiras, 1 batelão e 2 rebocadores estão sendo usados para tirar os balseiros. Por enquanto, a ponte não apresenta nenhum problema, mas vamos deixá-la interditada para manter a segurança”, frisou César Messias.

Transporte nas áreas alagadas
Equipes formadas pela Defesa Civil, Depasa, Corpo de Bombeiros e do Exército estão retirando as famílias e seus pertences das áreas atingidas pela água. Muitas pessoas não conseguiram sair das casas e acabam optando por retirar seus pertences, com a ajuda de vizinhos que possuem barcos. Segundo Aldecir Freitas, morador do bairro Taquari, ele transporta várias pessoas todos os dias: “Cobro R$ 1,00 para retirar meus vizinhos do bairro.

Tem várias equipes, mas é muita gente no local. Levo os eletrodomésticos até o começo da rua, para serem encaminhados aos abrigos”.

Denise Ferreira, moradora da Praia do Amapá, conta que a situação é diferente. “Eu e meus vizinhos estamos ‘ilhados’. E até agora nenhuma equipe veio aqui. Pra eu ir comprar comida, tenho de pagar R$ 15,00 porque demora mais de 20 minutos pra chegar ao início do Taquari. Como não tem mais luz, nos comércios aqui perto tudo estragou. Muita gente não tem esse dinheiro e tá passando fome, porque não dá pra comprar comida e pagar esse transporte”.

Xapuri – Em Xapuri, o prefeito Ubiracy Vasconcelos decretou estado de emergência na noite da última terça-feira (22), após as águas do rio ultrapassarem a marca dos 15m naquele município. Na manhã de ontem, o rio já estava com 15,22m e já deixava mais de 100 famílias desabrigadas. (E.D.)
Espealagacao2Mais de 40 homens vão atuar nas áreas alagadas

Força Nacional chega ao Estado
Uma aeronave da Força Nacional de Brasília chegou na manhã de ontem, 22, para ajudar no resgate das famílias desabrigadas. A equipe, formada por 40 homens do Departamento da Força Nacional de Segurança Pública, irá atuar nas áreas alagadas. Mergulhadores, condutores de embarcações e de resgate aquático fazem parte da equipe. Além disso, mais 45 barracas serão instaladas para abrigar as famílias. Não há previsão de quando eles deixarão o Estado.

Segundo assessoria de comunicação do governo, helicópteros do Ibama e do Exército estão à disposição para entregar alimentos nas áreas isoladas. Nos próximos dias, um helicóptero da Aeronáutica também será usado. (E.D.)

Governo decreta ponto facultativo hoje
O Governo do Estado decretou ponto facultativo para esta quinta-feira, 23. A ideia é garantir a permanência das equipes voluntárias compostas por servidores públicos, mas também estimular que novas pessoas integrem o trabalho de ajuda às famílias atingidas pela cheia do Rio Acre.

“Esperamos que mais pessoas possam ajudar. É crescente o número de demandas dentro dos abrigos públicos. Toda ajuda é bem vinda. Precisamos de voluntários nos três turnos”, destacou a secretária de Gestão Administrativa e Humanização, Flora Valladares.

O trabalho dos voluntários é de extrema importância para o bom andamento dos serviços que são prestados aos desabrigados. Os voluntários podem ajudar desde o momento de retirada das famílias das áreas alagadas, acolhimento nos abrigos e demais atividades desenvolvidas ao longo do dia. Para ser um voluntário na ajuda das vítimas da enchente é  preciso apenas se apresentar na administração de um dos espaços de acolhimento dos desabrigados. (Agência Acre)
Espealagacao3Equipes do Deracre estão retirando balseiros da ponte. Grande parte da Gameleira já está coberta de água

A força do voluntariado e do ‘Acre Solidário’
Para ser um voluntário na ajuda das vítimas da enchente é preciso apenas se apresentar na administração de um dos espaços de acolhimento dos desabrigados: Sebrae, Ginásio Coberto, Sest/Senat ou no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. Em entrevista para a TV Aldeia, o promotor de Justiça, Almir Branco, da Vara da Infância e da Juventude, ressaltou a importância do voluntariado. “Esse trabalho só é possível com a ajuda deles”. E quem pretende ajudar com a doação de alimentos não perecíveis e outros produtos precisa ficar atento aos itens que são solicitados pela Prefeitura de Rio Branco, por meio da Defesa Civil e Secretaria de Cidadania e Assistência Social, para evitar desvios com a ação de oportunistas.

Houve casos de abuso de quem pediu, mas não era uma das vítimas que está desabri-gada. “Uma pessoa que doou tijolos entrou em contato comigo perguntando se havíamos recebido. Mas nós nem sabíamos disso, em nenhum momento pedimos tijolos”, explica Gilvan Vasconcelos, coordenador da Defesa Civil.

Acre Solidário – Os foliões também foram convidados para se juntarem a campanha durante o Carnaval Legal que Só. A doação de material podia ser entregue nas duas vias que davam acesso a festa, uma pela Avenida Amadeo Barbosa e outra pela entrada do Estádio Arena da Floresta. Cerca de 5 mil pacotes de fraldas descartáveis foram arrecadados, fora os outros itens considerados como prioridade – leite em pó, massa de mingau, produtos de higiene e de limpeza – que já estão sendo contabilizados para a entrega.

A rede Supermercados Araújo no Bosque, Tangará, Aviário e 2º Distrito, o Via Verde Shopping, a Polícia Militar, Uninorte, Catedral, OCA, Fiea, o Palácio das Secretarias, as igrejas Internacio-nal da Graça, Batista do Bosque e Catedral, o Sebrae, Acisa, o Conselho Regional de Administração e a loja Gratia Plena continuam com a tarefa de receber esses donativos. (Assessoria FEM)
Espealagacao4Eletrobras fez o desligamento para garantir a segurança das pessoas atingidas

Eletrobras desliga a energia elétrica nos bairros alagados pra garantir segurança
A Eletrobras Distribuição Acre reforça a importância de manter o desligamento da energia elétrica em 11 bairros de Rio Branco que foram atingidos pela cheia do Rio Acre. De acordo com o comunicado publicado no site da empresa (www.eletroacre. com.br) o fornecimento de energia foi interrompido nos seguintes bairros:  Cadeia Velha, Baixada da Habitasa, Seis de Agosto, Triângulo Novo, Taquari, Cidade Nova, Morada do Sol, Airton Sena, Boa União, Aeroporto Velho e Base.

“Quem define a necessidade de desligamento da energia são os técnicos da Eletrobras. Esta decisão é tomada para garantir a segurança das pessoas. O contato da água com a eletricidade pode provocar curto circuito, e colocar em risco a vida dos populares”, destacou o diretor-presidente da Eletrobras Distribuição Acre, Celso Matheus.

O diretor lembra ainda que não existe a hipótese de fazer o desligamento individual das unidades consumidoras, e que as situações são avaliadas em conjunto. “Mesmo nas casas que ainda não foram atingidas completamente, uma única tomada que estiver em contato com a água pode provocar uma tragédia”, ressaltou.

A medida de desligar a energia elétrica visa ainda garantir as condições de segu-rança às equipes de manutenção, Defesa Civil e demais órgãos municipais e estaduais que trabalham na retirada das famílias desabrigadas. “A ação visa prevenir acidentes envolvendo a rede elétrica. agradecemos a compreensão de todos e informo que a energia será  restabelecida assim que houver condições de segurança”, concluiu.

A energia também foi desligada em Sena Madureira, Epitaciolândia e Brasileia. Em Rio Branco duas mil unidades consumidoras foram desligadas. (Agência Acre)
Espealagacao5Transbordamento do rio causa transtornos nos vizinhos

Cheia do Rio Acre faz minas antigas virem à superfície em regiões do Peru

TIAGO MARTINELLO
O Rio Acre já registra uma das maiores enchentes da sua história e não são só os acreanos que estão sofrendo com tal fenômeno. O rio transpôs as suas margens nos últimos dias e provocou uma alagação fora do comum no lado peruano, fazendo com o governo do país vizinho decretasse estado de emergência em algumas regiões. Em espe-cial, áreas de fronteiras.

Até ontem, o Peru já somava mais de 4,4 mil desabrigados por causa do transbordamento do rio. Mas este não é o único problema que enfrenta o país. Nos últimos dias, as águas do Rio Acre no lado peruano têm ‘corrido’ de forma agitada, trazendo com elas mais do que lama e animais selvagens. Com efeito, a correnteza tem trazido à tona minas anti-pessoais (também chamadas de ‘minas terrestres’) que estavam enterradas há anos – portanto, são instáveis – em trechos do rio de algumas cidades e vilarejos peruanos, na fronteira com o Brasil.

Não houve registro de nenhuma vítima das minas, até o momento mas o aparecimento de tais dispositivos tem causado preocupação na população daquele país, além de ter feito o Exército peruano mobilizar as suas equipes de campo para neutralizar os ativadores das minas. No começo desta semana, o Chile anunciou o fechamento da sua fronteira com o Peru também devido à presença de minas que foram levadas as áreas fronteiriças por causa de chuvas torrenciais.      

Já na Bolívia, Pando e Departamentos vizinhos já totalizavam mais de 7,1 mil desalojados e desabrigados por causa da cheia do Rio Acre e outros rios da região.

Levantamento preliminar mostra prejuízo de R$ 12,4 milhões nas comunidades rurais de Rio Branco
Relatório parcial elaborado em conjunto pela Secretaria Municipal de Floresta e Agricultura (Safra), Defesa Civil e Governo do Estado aponta prejuízo de cerca de R$ 12,4 milhões na produção agrária de 16 comunidades rurais de Rio Branco por conta da cheia do Rio Acre e seus afluentes. Principalmente os plantios de mandioca, banana, grãos e frutas se perderam com a alagação dos roçados.

O relatório abrange as comunidades do Bagaço, Água Preta, Barro Alto, Belo Jardim 1, 2 e 3, Benfica Ribeirinho, Catuaba,  Extrema, Liberdade, Limoeiro, Moreno Maia, Barro Alto e Água Preta. Em geral, as informações foram obtidas junto às associações de moradores e há comunidades que possuem mais de uma associação.

Produtor que trabalhava com piscicultura teve 100% de prejuízo, indica o levantamento. Somando-se essa atividade à pecuária (criação de pequenos animais, como aves, suínos e ovinos) o prejuízo é de R$ 310.160,00.

O documento foi apresentado pela equipe da Safra (Jorge Rebolças, Mário Jorge Fadel e Paulo Sergio Braña) ao prefeito Raimundo Angelim em reunião que contou com a presença do secretário de Estado de Agricultura e Pecuária, Mauro Ribeiro, e, quando concluído, será encaminhado ao Governo Federal como Relatório de Avaliação de Danos (Avadan). “É uma situação muito delicada”, avaliou o titular da Safra, Jorge Fadel. (Assessoria PMRB)

Sair da versão mobile