Aproximadamente 720 famílias estavam abrigadas no Parque de Exposições na manhã de ontem, dia 17, totalizando 2.728 pessoas. A todo momento chegam caminhões com os móveis retirados das casas alagadas. No final da tarde, o boletim da prefeitura já informava que o Rio Acre estava medindo 16 metros e 64 centímetros, e mais de 930 famílias (3.221 pessoas) já estavam desabrigadas. Por conta da grande quantidade de pessoas no local, novos boxes estão sendo construídos e o Sest-Senat também já está abrigando 26 famílias (94 pessoas).
Várias equipes estão trabalhando para confortar os desabrigados. Órgãos públicos disponibilizaram servidores para trabalhar no local. Marcus Alexandre, diretor-presidente do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre) informou que também estão trabalhando no local. “O Deracre disponibilizou 35 caminhões para o remanejamento das vítimas para o parque. Além disso, temos 6 equipes para ajudar na montagem dos boxes e na limpeza”, afirma Marcus.
A polícia está com uma base no parque. De acordo com o coronel José Anastácio, comandante da Polícia Militar, uma base móvel estará no local para atender. “Mais de 20 policiais estão fazendo o monitoramento e hoje a cavalaria estará dispensada do Carnaval para atuar aqui no parque, aumentando a segurança. A prioridade é ajudar os desabrigados”. O coronel garante isso que não irá comprometer a segurança durante o Carnaval e nem nas casas inundadas. “O efetivo do batalhão estará nas 4 noites de festa. Também haverá policiamento nas áreas alagadas, para evitar o furto nas casas”.
Houve suspeitas de que na última quinta, 16, teria havido um suposto estupro na área do Parque de Exposições. O capitão Giovane Galvão, responsável pelo policiamento no local, nega que tenha acontecido isso. “Um rapaz tentou beijar uma mulher à força. Ela imediatamente nos acionou e o indivíduo foi encaminhado à Delegacia da Mulher. Eu mesmo efetuei a prisão dele. Não houve nenhum caso de violência até o momento”.
Já na área de saúde, há 1 box à disposição para prestar serviços aos abrigados. Segundo Osvaldo Leal, secretário municipal de Saúde, equipes trabalham tanto no dia quanto à noite. “Médicos e enfermeiros estão à disposição durante as 24h do dia. Uma ambulância do Samu está aqui para encaminhar os casos mais graves para as unidades de atendimento. Medicamos os pacientes e agentes comunitários também visitam os boxes para analisar todas as pessoas”. Luiz Gonzaga, 40, foi atendido ao chegar no parque. “Cheguei ontem à noite e já fui atendido. E muito bem, por sinal. Estou com dengue. Fui medicado e mais tarde irei retornar para me analisarem”, contou.
O meteorologista Davi Friale anunciou que muito provavelmente esta será a pior alagação para a capital acreana, superando, inclusive, as cheias de 1997 e 1988 (quando o rio registrou volumes acima de 17 metros). Ele disse que chuvas torrenciais estão caindo em todo o vale dos rios Acre e Purus e em seus afluentes, em especial o Riozinho do Rôla e o Rio Xapuri. Por isso, o nível de Rio Branco deve continuar subindo nos próximos dias.
Arrecadação do ‘Acre Solidário’
O programa ‘Acre Solidário’ está fazendo uma campanha de arrecadação para ajudar os desabrigados. Estefânia Pontes, secretária de Assistência Social, disse que as doações devem ser entregues nos pontos. “Muitas pessoas vêm direto no parque, mas aqui não recebemos as doações. Somente no Corpo de Bombeiros, Supermercados Araújo (Bosque, Tangará, Aviário, 2º Distrito e Via Verde Shopping), Polícia Militar, Uninorte, Catedral, OCA, Fieac, Palácio das Secretarias, Igreja Internacional da Graça, Igreja Batista do Bosque, Catedral, Loja Gratia Plena.
Também não recebemos alimentos prontos. Uma empresa terceirizada que fornece a alimentação para as famílias. No momento, o que estamos mais necessitando é de leite em pó, massa para mingau e fraldas descartáveis, porque há uma grande quantidade de crianças de 0 a 4 anos de idade abrigadas aqui e produtos de higiene pessoal”, informa Estefânia Pontes.