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JN NO AR BANALIZA O TSUNAMI ALAGAÇÃO QUE DEMOLIU O ACRE

                     
Surpreende a imprensa brasileira e a forma como trata os desastres naturais no país. Quando do tsunami no Japão, por exemplo, o Jornal Nacional dava notícias a todo instante, a toda hora. Não se quer dizer que o desastre não nos interessa, pelo contrário, diz respeito aos cidadãos do mundo inteiro. Contudo, quando a situação difícil é no Brasil os meios de comunicação fazem um ôba-ôba e depois saltam fora, esquecem, deixam de mostrar os danos reais causados ao ser humano e ao meio ambiente. Exemplo típico foi o JN no ar que veio ao Acre. Mostrou o bairro do Taquari inundado e nada mais, se calou para sempre. Deixou de mostrar a inundação nas 10 cidades acreanas. Deixou de focalizar os reais prejuízos que as enchentes causaram à população do Acre, que levará anos para se reerguer, retomar o curso da vida, reconstruir histórias, sanear o meio ambiente, reerguer a economia, reestruturar milhares de famílias, reconstruir cidades, com redes de esgoto, energia, asfalto, reabertura de estradas, ramais e vias vicinais.

Rio Branco teve seu Centro Histórico completamente tomado pelas águas e mais 45 bairros, quando as águas demoliram parques, praças, pontes, estradas, ruas, avenidas, plantações, milhares de casas. Tanto o primeiro como o segundo distrito da capital foram devastados pelas águas. Mais de 100.000 pessoas foram atingidas pelas águas dos rios acreanos. A agricultura ficou afogada por dias consecutivos. Os pequenos e médios criadores também foram atingidos. Os prejuízos são incalculáveis. Aí vem o JN no ar mostrar, tão somente, o bairro do Taquari. A população do Acre e as cheias dos rios, infelizmente, não atingiram somente o Taquari, há milhares de famílias que perderam o trabalho de uma vida inteira.

A calamidade social que se abate, agora, no Acre por causa da enchente de seus rios, já é proporcionalmente superior às tragédias ocorridas na Região Serrana do Rio de Janeiro e em Santa Catarina, que foram consideradas as mais trágicas do país nas últimas décadas. Na enchente e deslizamento do Rio de Janeiro, ocorridos em janeiro do ano passado, o número de atingidos contabilizado pela Defesa Civil Nacional ultrapassou a casa de um milhão de pessoas, representando 6,2% dos 15,9 milhões de habitantes do Estado. Na enchente de Santa Catarina, de setembro de 2011, os atingidos foram da ordem de 984 mil, representando 15,7% de seus 6,2 milhões de habitantes. No Acre, segundo os números divulgados pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, o número de pessoas afetadas pela enchente foi de 134,9 mil, o que representa 18,3% de sua população, calculada pelo IBGE no ano passado em 733.559 habitantes.

 Diante de cenário tão demolidor, é preciso dizer que as enchentes dos rios, no Acre, causaram um desastre de proporção gigantesca, que atingiu, sem misericórdia, as populações situadas ao longo da região acreana. A inundação das cidades patrocinou um desastre nunca visto na Amazônia, ao longo de sua história.

Das muitas localidades inundadas, Brasileia foi a mais atingida. Mais da metade da cidade foi destruída pela força das águas. Milhares de pessoas perderam tudo quanto possuíam. Além disso, as encostas, ao longo dos rios, ruíram, principalmente na zona urbana, onde o ser humano, inadequadamente, desmatou as margens e edificou instalações físicas. Sem entrar nos detalhes desse fazer desordenado, ocorre que a natureza não perdoa quem a danifica e a desrespeita.

Recuperar os danos causados pela fúria das águas é o grande desafio do Governo e da sociedade. Será tarefa de anos e anos. O Governador Tião Viana tem, diante de si, enorme desafio. E com toda a determinação que possui, o espírito batalhador e humanitário, onde buscar recursos para recuperar tantos danos?! Como trabalhar pela união política em favor do Acre que neste instante é maior do que qualquer facção partidária? A união, agora, deve ser a bandeira de luta. A população deve está irmanada na reconstrução da economia, na reestruturação das famílias, no planejamento e construção de casas, infraestrutura, saneamento, enfim, no apoio amplo às vitimas desse gigantesco desastre. O Governador necessita de todos ao seu lado, independente da cor partidária. O Acre é maior que as diferenças individuais. É hora de um mutirão, de trabalho de mãos entrelaçadas com o Governador Tião Viana, um jovem que dedica sua vida às causas acreanas. Ele pensa o Acre vencedor com a grandeza de sua gente.

A impressão de quem verificou, in loco, a alagação, os desabamentos dos barrancos, a queda de residências e comércios, a avalanche de árvores, troncos, o lamaçal, a destruição de ruas e praças, o sofrimento das pessoas, as perdas materiais e imateriais, é de que se abateu, no Acre, um furacão, um tsunami ou um ciclone sobre 10 cidades, que causou prejuízos materiais que incluem as perdas dos agroextrativistas ribeirinhos, comerciantes, moradores, órgãos públicos, igrejas e infraestrutura urbana indicam um montante de 300 milhões de reais, estimando por baixo.

Essas perdas relevantes incluem lavouras, animais, instalações rurais, equipamentos e máquinas agrícolas na área rural. Imóveis, produtos e mercadorias diversas nos comércios. Casas, muros, móveis, eletrodomésticos, louças, roupas, colchões, dentre outros, nas residências. Bancos e equipamentos de Igrejas. Instalações, materiais e equipamentos de órgãos públicos, ruas, esgotos, encanação e pavimentação, tudo que se desmanchou com as águas.

Ademais, o problema com as inundações é que elas causam danos em várias etapas. Além dos riscos de afogamento, a água em excesso também causa erosões e desmoronamentos, que causam ainda mais vítimas. Com as correntezas, a água também pode espalhar lixo, detritos e materiais tóxicos, que provocam os danos posteriores, como interrupção de serviços essenciais, como o fornecimento de água potável e energia elétrica. Como se isso fosse pouco, as vítimas que sobrevivem à enchente ainda podem sofrer com as doenças que se espalham com o acúmulo de lixo. Setores da economia, como a agricultura, podem ter prejuízos enormes, a vida selvagem da região pode ser afetada e até a paisagem natural alterada drasticamente.

A imprensa brasileira que tanto valoriza o Big Brother Brasil banaliza as tragédias que deixam milhares de pessoas em situação de penúria, cidades devastadas por enchentes como é o caso do Acre, com milhares de famílias desabrigadas, que perderam tudo quanto construíram durante suas vidas. Foi um desastre gigantesco que exige união política e toda a sociedade. Não há espaço para brigas individuais. A hora é o trabalho irmanado, solidário, para amenizar o sofrimento de tanta gente que lutou e luta para fazer a bela história do Acre.

Nesse cenário, com todo esforço que faz o Governo Tião Viana para amenizar a dor e as perdas da população, o Estado levará muito tempo para retomar o rumo do desenvolvimento, considerando que a tarefa mais urgente, hoje, é apoiar a população que sofreu prejuízos incalculáveis com o tsunami das enchentes dos rios. Que a imprensa do país seja mais brasileira e atue em favor da nação que abriga todas as pessoas que aqui habitam. A união e a solidariedade deve ser o lema. Todos juntos em prol da reconstrução das cidades e das famílias acreanas, sempre respeitando o meio ambiente.

DICAS DE GRAMÁTICA
PROFESSORA, O JOGO OCORRERÁ NO ARENA DA FLORESTA OU NA ARENA DA FLORESTA?
– É fácil perceber a concordância correta de gênero. Arena da Floresta é o nome de um estádio de futebol. Logo, o certo será dizer assim: o jogo ocorrerá no Arena da Floresta (elipse de estádio, palavra masculina).
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Luísa Galvão Lessa– É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras.

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