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As Mulheres e os espaços de Poder

Reflexões do Dia Internacional da Mulher

 Apesar de estarmos comemorando 80 anos do voto feminino, a “emancipação política feminina “, de fato, ainda não ocorreu.
Representamos quase 52% do eleitorado do país, constituímos, aproximadamente, 42% do mercado de trabalho, somos responsáveis pelo sustento de cerca de 1/3 de todas as famílias brasileiras, mas a nossa participação na política ainda é bem acanhada: 9% na Câmara dos Deputados e 12% no Senado Federal, em números redondos. O que nos coloca num dos piores lugares do ranking da participação das mulheres na política.

 Quando confrontado com o resto do mundo, fica evidente o déficit democrático brasileiro, apesar de nossa presidenta Dilma Roussef figurar na lista das mulheres mais poderosas do mundo, ao lado de Angela Merkel, primeira-ministra da rica Alemanha.

  Desconfio que os frios e diminutos percentuais brasileiros se devem em parte à incapacidade dos líderes políticos  detectarem os anseios da população. Tive provas disso nos últimos meses quando as pessoas me paravam na rua para manifestar carinho em relação à minha possível candidatura à prefeitura da capital.

 Na memória de todos ainda está viva a ousadia da única prefeita da capital, Yolanda Fleming, que quebrou o monopólio do transporte coletivo em Rio Branco. De Naluh Gouveia, que enfrentou o esquadrão da morte; de Marina Silva que saiu do seringal Capatará para conquistar 19.6 milhões de votos em todo o Brasil; de Maria Antônia que foi obrigada a trocar a luta política pelo combate à doença. Na vida de tantas outras, Marias, Raimundas e Socorros, as vitórias na frente de empresas, organizaçôes, sindicatos, volantes de ônibus desse país e desse estado que vão vencendo a duras penas, uma eterna sucessão de dias sem perspectiva.

 Principalmente para elas é fundamental aumentar a representação feminina na política…afinal quem entende de mulher é mulher.

 Faço votos para que não continuemos a pavimentar apenas a  periferia do poder com as esperanças prematuramente mortas de valorosas  companheiras que vão ficando à beira do caminho.
A questão merece uma reflexão no Dia Internacional da Mulher,afinal lá se vão 64 anos desde que a Lei Internacional de Direitos  Humanos foi promulgada. Outros 57 anos desde que a Convenção da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre os Direitos Políticos da Mulher, inauguraram na legislação internacional o princípio de igualdade política entre os sexos. De lá para cá, todos os anos, o 8 de Março continua a ser comemorado, os acordos continuam a ser selados, como o da ONU, de 1979,  voltado ao combate da discriminação e à promoção da eqüidade política entre homens e mulheres; o da  IV Conferência Mundial sobre a Mulher, em Pequim (1995), que reafirma o direito de toda pessoa a participar no governo de seu país e afirma que a habilitação e autonomia da mulher e o melhoramento de sua condição social, econômica e política são fundamentais para que se alcance um governo e uma administração transparente e responsável. Mas, precisamos ainda transformar as letras dos tratados e Leis, em ações com resultados concretos e urgentes.

 Defendo diariamente e luto para que a mulher tenha oportunidade de emprego e renda para sair da condição de inferioridade, de vítima. Para que se reconstrua, se reivente. E, vou continuar a fazer isso, andando nos bairros, usando o transporte coletivo para estreitar cada vez mais os laços com essas companheiras que privadas de quase tudo, são generosas no carinho e na solidariedade. Juntas trocamos receitas, nos ouvimos, aprendemos umas com as outras. Mulher entende mulher não é mesmo?

 Por isso, contribuo sempre para que  poder público volte seu olhar para a estruturação e paz nas famílias para que possamos diminuir os índices de violência. Mas, precisamos nos dar as mãos (e não apenas no 08 de Março), para implementarmos as mudanças necessárias.

 Que esse Dia Internacional da Mulher de 2012 nos sirva de reflexão e que saiamos mais fortes para as vitórias que nos faltam, porque disposição temos sobra.

      Perpétua Almeida
Deputada federal (PCdoB)

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