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Ser especial é normal

Começo este artigo, caros leitores, com a definição da palavra preconceito: [De pre- + conceito.] S. m. 1. Conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; ideia preconcebida.

2. Julgamento ou opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste; prejuízo. 3. P. ext. Superstição, crendice; prejuízo. 4. P. ext. Suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc.: O preconceito  racial é indigno do ser humano.

Os anos passam, as coisas mudam, o mundo se torna moderno. O que não muda é a mente vazia de várias pessoas. No último dia 21, foi comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down. Fui à Apae fazer uma matéria sobre esse dia tão especial.  Conversando com pais das crianças que estudam lá, confesso que fiquei bastante emocionada e em momentos segurei para não chorar. Mas não foi por pena, por nada desse tipo. Foi por tristeza e indignação.

Olhar nos olhos tristes de uma mãe ou um pai e os ouvir falar que ao passar pelas ruas, muitas pessoas AINDA apontam, olham de um jeito diferente, cochicham, fazem piadinhas de mau gosto, dói demais no meu coração.

Cadê o mundo tão atual, a sociedade moderna? Cadê a inteligência, o respeito? Isso dificilmente se encontra, porém o PRECONCEITO está em todo lugar.

Não é por uma alteração genética que se pode taxar uma pessoa de anormal. Aliás, todos somos iguais perante a Deus. Não importa como você nasceu, qual sua raça, classe social. Quando morrermos, vamos todos pro mesmo lugar. Tenho primos com Síndrome de Down e sabe o que eles têm de diferente? Nada. São pessoas tão carinhosas, sinceras, meigas e ingênuas. É um alívio poder encontrar humanos de alma tão limpa nesse mundo preconceituoso. Minha irmã tem um outro tipo de deficiência (auditiva) e faz absolutamente tudo o que qualquer um faz: trabalha, faz faculdade, sai com os amigos. E agora, será que realmente há alguma diferença entre eles e você?

Pessoas portadoras de deficiência são lições de vida. Muitos são mais felizes em suas condições do que aqueles considerados “perfeitos”. São perseverantes, tem força de vontade e uma alegria de viver contagiante.
Você que julga, aponta o dedinho, preste bem atenção: acredito bem naquelas teorias de que “o mundo dá voltas” e “você colhe o que planta”. Ei, acorda, cai na real. Tá na hora dessa sociedade repensar suas atitudes, mudar seus conceitos. Encare o mundo que você vive, as pessoas que te rodeiam. Ser “especial” é normal, não há nada de diferente. Não é nenhuma doença. E na minha humilde opinião, doente mesmo é aquele que tem dentro de si (e ainda guarda) o preconceito.

*Evely Dias é jornalista. e-mail: evelydias@gmail.com

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