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Preço da areia aumenta 60% por causa de enchente

O preço da carrada com cinco metros cúbicos de areia já está, em média, 60% mais caro por causa da alagação. A falta de estoque do produto também é outro elemento que contribuiu para a elevação do preço. Com menor oferta, a pressão sob o preço aumenta. Hoje, o preço está em torno de R$ 250.
Areia1Edval: setor não é “industrial”. Com menor oferta, preço da carrada de areia chegou ao preço de R$ 250 na Capital
“Com certeza, vão ter outras repercussões no setor da construção civil”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Carlos Afonso dos Santos. “Já está faltando areia no mercado”. E, para complicar a situação, boa parte dos empreendimentos foi também alagada.

Sem ter como extrair areia do leito do rio durante o período de forte cheia, as empresas praticamente ficam com produtividade comprometida. Quem consegue fazer estoque, consolida a marca da empresa e aumenta a lucratividade.

É o caso do Areal Dois Irmãos. A empresa consegue extrair areia durante praticamente seis meses e se prepara para o inverno com grande estoque (não revelado). Nesse período, a estratégia mostra o efeito ao ponto de um dos filhos do dono, Enéias Fernandes Muniz afirmar com tranquilidade. “Não está faltando areia”.

O irmão de Enéias, Edval Diniz Júnior afirma que não é fácil para os empresários que respeitam a legislação manter os empregos no período de baixa extração. “Precisamos da mão de obra e temos que segurar os trabalhadores, mesmo quando extraímos pouco”, assegurou.

Outra advertência que Edval Júnior faz diz respeito ao processo de extração do produto. “Alguns empresários querem dar um tratamento industrial ao nosso setor quando, na verdade, nós fazemos parte de uma atividade extrativista”, explica o empresário.

Para trabalhar de forma legalizada, as empresas devem possuir seis habilitações e licenças. É um setor muito fiscalizado porque trata de extração de produto em leito de rios. São certidões tanto do Governo do Estado por meio do Imac quanto da União (os barrancos de rios são áreas que estão sob responsabilidade da União).

Transporte é fator que mais encarece produto
“O transporte de areia é um dos fatores que mais pesa no custo”, sentencia o presidente do Sinduscon, Carlos Afonso dos Santos. Levando isso em conta, é necessária uma intervenção direta na região de maior extração de areia em Rio Branco.

O ramal do Riozinho tem aproximadamente seis quilômetros e dá trânsito para extração de sete empresas existentes no local. É a maior concentração de empresas do setor na capital. Por ali, passam, diariamente, cerca de 70 caminhões por dia levando areia.

Só em 2011, a estimativa é de que cerca de 250 mil metros cúbicos de areia tenham sido retirados somente dessas sete empresas. Sem um ramal adequado, os custos de transporte aumentam e quem acaba pagando a conta é o consumidor.

O sindicato das empresas do setor estima que, em Rio Branco, tenham sido extraídos, aproximadamente, 400 mil metros cúbicos de areia.

Fieac já apontou aumento de preço há dois anos
Um estudo solicitado há dois anos pelo Sindicato das Empresas de Extração de Produtos Minerais Não Metais já apontava que o preço da carrada de cinco metros cúbicos podia ter elevação de preços.

A alta demanda puxada pelas obras do poder público no período também poderiam ter contribuído para a elevação de preços porque a alta da demanda pressiona preços para cima. Mas, o fato é que os preços se mantiveram estáveis.

“O controle da inflação e o aumento no controle de estoque com o aumento da extração podem ser apontados como fatores que mantiveram a estabilidade dos preços da areia”, analisa o presidente do Sindicato das Empresas de Extração de Produtos Minerais Não Metais do Acre, João Paulo de Assis Pereira.

Agenda do setor produtivo e industrial tem que ser reajustada
A alagação atípica de 2012 forçou o Governo do Estado a retardar o início do ano nos setores da produção e da indústria. Na agricultura, o prejuízo é contabilizado em R$ 25 milhões em todo Estado. Só em Rio Branco, o prefeito Raimundo Angelim calcula em R$ 12,4 milhões os prejuízos nos seringais e projetos de assentamento no município.

A agenda da Secretaria de Desenvolvimento Econômico deve ser reprogramada e ajustada. Mão apenas em função do problema das cheias dos rios, mas também em função das eleições: o calendário eleitoral interfere diretamente na rotina do setor industrial acreano, mesmo que técnicos do governo insistam em dizer o contrário.

Piscicultura
Alguns projetos que já estavam em bom ritmo sofreram um forte impacto pelo problema das enchentes. A produção de peixes foi completamente perdida em várias comunidades. Oito municí-pios foram atingidos pelos problemas das cheias.

Só em Rio Branco, foram 16 comunidades agrícolas atingidas, contabilizando um prejuízo de R$ 245 mil só na piscicultura.

No Complexo de Piscicultura, projeto que está sendo executado às margens da BR-364, o Rio Iquiri subiu o nível das águas e assustou os gestores públicos: quase as águas invadem a área de aterro onde será construído o frigorífico.

Pequenas marcenarias
O programa oficial voltado a fortalecer as pequenas marcenarias, o melhor sucedido da gestão de Tião Viana no setor industrial e com impacto já sentido pelos microempresá-rios, também foi prejudicado.

Um balanço parcial feito pelo Governo do Estado contabiliza em 30 pequenas marcenarias que tiveram estrutura completamente comprometida com a subida do nível das águas dos rios.

Ruas do Povo
Também ficou com a execução comprometida. Mesmo porque muitos dos trabalhadores das olarias e mesmo do Departamento de Pavimentação e Saneamento (Depasa) ou tiveram suas casas alagadas ou trabalharam como voluntários na remoção e apoio ao acolhimento de famílias desabrigadas.

As chuvas deste início de ano, senão paralisaram, ao menos anestesiaram as ações de governo. O apoio às famílias nos oito municípios exigiu, de fato, muita energia e dedicação das equipes. O cansaço e um clima de tristeza eram evidentes. O ritmo emplacado pelo governador Tião Viana às ações de Governo terá que conquistar novo fôlego.

ZPE
A única exceção à regra desse inverno foi a Zona de Processamento de Exportação. Os técnicos que trabalham na execução do projeto finalizaram o processo exigido pela Receita Federal (ver matéria nesta edição). Deve ser a primeira boa novidade do ano na área industrial anunciada pelo Governo.

As articulações para que a presidente Dilma Rous-seff participe da solenidade que formaliza o alfandegamento da ZPE estão sendo construídas desde o fim do ano passado. Mas, até agora, não há nada oficializado.


ZPE do Acre cumpre as últimas exigências para o alfandegamento

RUTEMBERG CRISPIM
A Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Acre está bem próxima de receber autorização para funcionamento. Técnicos da Delegacia da Receita Federal realizaram, na última quinta-feira, 1º, a última inspeção para verificar o cumprimento das últimas exigências para que seja concedido o alfandegamento.
Areia2ZPE acreana já recebeu mais de 30 cartas de intenção de indústrias com interesse de se instalar no Estado
O relatório da visita deve ser enviado nos próximos dias para a Superintendência da Receita Federal em Belém-PA, responsável pela liberação do funcionamento da ZPE, através de um Ato Declaratório Executivo (ADE), que assegura a instalação das indústrias e a instituição de benefícios fiscais na importação e na compra de insumos.

 

De acordo com o delegado da Receita Federal no Acre, Leonardo Frota, as pendências que foram apontadas pela Superintendência da Receita em Belém foram cumpridas, e a expectativa agora é que seja dado parecer favorável ao relatório, garantindo, assim, o alfandegamento da ZPE do Acre.

“A Superintendência de Belém pediu que fossem feitos alguns ajustes, que já foram feitos. Nossa expectativa é que ainda esta semana o relatório seja enviado para nova análise. Acredito que o alfandegamento sairá muito em breve”, explica.

Para se ter uma idéia do avanço da ZPE do Acre, já foram feitos testes no Sistema Eletrônico de Vigilância e no Software (ZPESis), que mesmo antes da instalação de indústrias já estão funcionado.

O secretário de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães, destaca a decisão do Governo do Estado, que priorizou a instalação da ZPE e fez os investimentos necessários para garantir o seu funcionamento.

“O alfadegamento sairá em breve. A nossa ZPE será a primeira do país a funcionar. Tudo isso graças a uma decisão de governo, desde Jorge Viana, passando por Binho Marques e agora com o governador Tião Viana. Estamos na fase de atrair as indústrias, que estão com seus planos preparados aguardando apenas a liberação para começar as obras”, disse.

É grande a expectativa do Governo do Estado para o alfandegamento da ZPE. Além dos investimentos na parte de infraestrutura, foram realizadas obras estratégicas para garantir o sucesso do projeto, como a construção da parte brasileira da Transoceânica, possibilitando a integração com o Peru e facilitando a comercialização dos produtos com outros países.

A ZPE já recebeu mais de 30 cartas de intenção de empresas que manifestaram interesse em se instalar. Uma parceria com a Federação da Indústria do Acre (Fieac) possibilitou a elaboração de pelo menos 10 planos de negócios que já estão praticamente prontos, aguardando apenas o alfandegamento para serem encaminhados ao Conselho Nacional das ZPEs.

Areia3Rogaciano Pereira (esq.): Acre tem diferencial

Empresários otimistas com a ZPE do Acre
O empresário Sebastião Carlos da Silva, proprietário da empresa Bootminas, com sede em Guaxupé, Minas Gerais, que atua na fabricação de calçados para construção civil, vigilância, agroindústria, metalúrgica, militar, entre outros, com uma produção de 20 mil pares por mês, visitou o Acre em fevereiro.

Na oportunidade, ele conheceu a ZPE e verificou de perto todo investimento que o Governo do Estado tem feito para o funcionamento da unidade. De volta para casa, ele decidiu instalar seu negócio na ZPE.

“O Acre está no caminho certo. Tudo que está sendo feito me impressionou muito. O governo tem feito um trabalho importante para garantir o fortalecimento da indústria, garantindo a geração de emprego e renda. Conversei com minha família e decidimos nos instalar na ZPE do Acre”, disse.

Outro que já decidiu se instalar na ZPE do Acre foi o empresário Rogaciano Pereira, de Pernambuco. Ele veio ao Estado conhecer a ZPE e, durante conversa com o vice-governador César Messias, anunciou sua decisão.

“Essa é mais uma vantagem do Acre. Podemos exportar nossos produtos com mais facilidades, além, é claro, de importarmos a matéria-prima. Esse é um grande diferencial. Estou otimista que a indústria vai produzir colchões, travesseiros e outros produtos com muita qualidade”, afirma.


 

Cooperativismo está no ar

ITAAN ARRUDA
Rádio Difusora Acreana fortalece o movimento cooperativista. O programa semanal Momento Cooperado está no ar desde domingo passado e é conduzido pelo radialista Márcio Bleiner, o refinado programador musical da Aldeia FM que, agora, reforça o quadro da rádio pública mais antiga em operação no estado.
Areia4Márcio Bleiner dará voz a experiências do movimento cooperativistas no Estado
“O cooperativismo já justifica toda divulgação que possa receber e que é nosso dever promovê-lo e divulgá-lo tanto quanto possível”, afirmou Bleiner. “Aqui no Acre, temos várias experiências que mostram que o cooperativismo pode ser a solução para muitos dos problemas relacionados à criação de oportunidades de trabalho”.

Para fazer o programa, Bleiner tem a disposição seis companheiros de equipe. E o resultado já foi imediato. Enquanto o primeiro programa ainda nem tinha acabado (vai ao ar todos os domingos das 11 horas ao meio-dia), já havia pessoas na porta da Rádio Difusora Acreana querendo informações e dando sugestões. “Para nós, isso foi muito gratificante”, alegra-se Bleiner. “Como não abraçar o cooperativismo?”

A iniciativa do radialista Márcio Bleiner remonta ao papel do rádio no início dos anos setenta até final dos oitenta quando as “rádios populares” cumpriam a missão de informar a classe trabalhadora sobre seus direitos e ajudavam na mobilização do movimento comunitário e sindical.

Foi, aqui na região amazônica, a gênese regional de um movimento que crescia em todo Brasil, o das rádios comunitárias. O espírito era esse: de informar a classe trabalhadora sobre seus direitos.

“Como negar o êxito da cooperativa ‘Catar’ que já conseguiu melhorar a qualidade de vida de seus cooperados e elevar em mais de 30% o ganho de seus cooperados”, pergunta o radialista em tom de entusiasmo.

A forma de apresentação exige criatividade por parte da equipe coordenada por Bleiner. A inclusão digital ainda é um projeto muito longe do cotidiano de muitos produtores. Isso dificulta a circulação de informação. Para Bleiner, “um programa como o Momento Cooperado representa a saída para o problema de comunicação entre as cooperativas”.

As dúvidas e informes sobre as cooperativas são divulgadas no quadro A Voz das Cooperativas. O programa pretende ser uma referência para o trabalhador cooperado e deve ter uma leitura crítica sobre a realidade das cooperativas no Acre, sempre consolidando a ideia de que o cooperativismo é um instrumento de reação às injustiças sociais e econômicas.

Agora, aos domingos, na Rádio Difusora Acreana, das 11 horas ao meio-dia, o trabalhador tem mais esse espaço para poder repensar suas relações de trabalho, fazer críticas, buscar soluções, melhorar a organização e mobilização e dinamizar o fluxo de informação entre os próprios trabalhadores.

“O programa é uma ‘tribuna aberta’ para o trabalhador. Prova disso foi que no nosso programa de estreia houve até mesmo uma assembleia geral da Cooperseg. Não poderia ter sido melhor”, avalia Márcio Bleiner.


 

ENTREVISTA José Paulo Dornelles Cairoli

Comércio como estratégia de defesa do país

ITAAN ARRUDA
A posse de Jurilande Aragão na Acisa/Acre contou com uma presença que reflete prestígio no cenário nacional. O presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, José Paulo Dornelles Cairoli, não apenas veio para a solenidade, mas intercedeu junto ao governador Tião Viana em nomes dos empresários atingidos pela alagação.

Entre uma entrevista e outra, uma conversa com a equipe do Acre Economia demonstrou de que forma a classe empresarial entende a defesa dos interesses do país por meio do comércio.
Areia5Cairoli: Confederação está defendendo simplificação na cobrança de tributos

ACRE ECONOMIA – A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil entende essa região como “estratégica” por quê?

José Paulo Dornelles Cairoli – A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil trabalha com os 27 estados. Pensa com foco no desenvolvimento do país. Dentro dessa visão, nós vemos alguns avanços que estão sendo feitos com a gestão do governador Tião Viana que, sem dúvida, são importantes no processo daqui para frente. Quando nós falamos da ZPE, podemos falar de um Acre antes e depois de 2011.

ACRE ECONOMIA – Por quê?

Cairoli – Está sendo criada uma área industrial de importante geração de emprego e renda no Acre. Não é um centro de consumo apenas. Isso é importante. Os recursos e as melhorias que vêm na sequência desse processo vão dar um espaço importante para o Acre não apenas no cenário nacional, mas também na América do Sul.

ACRE ECONOMIA – A proposta do senador Jorge Viana de aumentar de 20 a 40% o percentual comer-cializado internamente pelo que for produzido nas ZPEs em região de fronteira tem viabilidade? Qual a posição da CACB sobre o assunto?

Cairoli – Na democracia, há uma negociação constante dentro desse processo. Quem tem mais poder, não quer abrir mão. Há uma concentração muito grande do setor indus-trial em São Paulo. É difícil que esse percentual possa aumentar de 20 para 40 por cento. O senador deve insistir no argumento. Não é uma coisa simples. Nós estamos vivendo hoje um processo de ‘desindustrialização’ do país. Isso é uma realidade. O país está perdendo indústria para a Ásia. O Rio Grande do Sul está perdendo a indústria de calçados para a Ásia por causa da mão de obra abundante lá e por causa da nossa alta carga tributária. Assim como o Acre está se desenvolvendo e buscando o seu espaço, São Paulo não quer perder o que já tem.

ACRE ECONOMIA – Que elementos concretizam esse cenário de mudança no cenário industrial do país?

Cairoli – Hoje, está em processo uma desconcentração da indústria no país.O país está mudando porque cresceram o Sul e o Sudeste. O país está mudando porque estão crescendo o Norte e o Nordeste. E isso não invalida, de jeito nenhum, que o senador Jorge Viana continue insistindo na proposta de aumentar o percen-tual de 20 para 40%. Sendo melhor para a região, será melhor para o país. Hoje, a competição deve se efetivar com outros países e não internamente.

ACRE ECONOMIA – De que forma os interesses econômicos de diversas regiões refletem na CACB?

Cairoli – Hoje, por exemplo, não são áreas de conflito a Zona Franca de Manaus e a possibilidade de alfandegamento da ZPE. São coisas distintas. O que cada região deve ter é a sua identidade e a defesa de seus interesses básicos. O país só vai avançar, e está avançando, se tivermos a capacidade de defender não a região menos favorecida, mas de defender cada uma das regiões dentro suas características.

ACRE ECONOMIA – De que forma os interesses de grupos empresariais de cada região se harmonizam com a necessidade de se fazer uma reforma fiscal ou uma reforma tributária, por exemplo?

Cairoli – Bom, primeiro que os grupos empresariais não devem estar preocupados com a sua região. Grupo empresarial está preocupado com o que sobra do seu investimento. Se esse investimento é feito no Amazonas, no Acre, na Bahia… não importa. O empreendedor que investir quer lucratividade desse investimento. É óbvio que o poder público dos estados tem que criar facilidades ou criar melhores oportunidades para atrais investimentos. É o que se está fazendo com a ZPE, que vai ter empresas fora do país com interesse de investir aqui.

ACRE ECONOMIA – Por que uma Reforma Tributária não sai, então?

Cairoli – O problema da Reforma Tributária é que nós empreendedores não sabemos nem qual a reforma que a gente quer. Uma reforma em que todo mundo ganha não existe. Diz-se: ‘Vamos fazer uma reforma porque eu quero ganhar mais’. Ora, então, isso não é reforma. Nós da Confederação estamos defendendo a simplificação dos tributos. Existem três arrecadadores: federal, estadual e municipal. Então, porque nós não temos apenas três tributos, mas 57? Por que criamos ‘contribuição’ e criamos ‘impostos’? Antes de achar que nós pagamos muito, nós queremos menos pessoas controlando o que nós temos que pagar. E também falta transparência em relação à cobrança dos impostos. Defendemos a simplificação e a transparência.

ACRE ECONOMIA – Que reflexo isso tem no processo de desindustrialização?

Cairoli – Mas, é evidente. Estão vindo produtos de fora com custo menor. Lá fora é mais barato de produzir do que aqui. Mas, isso é um processo e o Governo Federal está sensível a isso. Mas, as coisas precisam andar.

ACRE ECONOMIA – E qual o contexto hoje para a micro e pequena empresa?

Cairoli – Houve avanço já na gestão do presidente Lula. Agora, foram aprofundados com a presidente Dilma, com o Simples Nacional, um grande benefício para a micro e pequena empresa. A aprovação da ampliação feita em agosto do ano passado pela presidente foi uma negociação muito complicada no Congresso. Todo político defende a micro-empresa e por que as coisas não acontecem tão rapidamente? Porque é complexo o processo. Ninguém quer perder. Por isso, teve que ter uma determinação política e a presidente teve.

ACRE ECONOMIA – Aqui no Acre, os prefeitos tiveram dificuldades de aceitar a Lei Geral.

Cairoli – Então… está vendo? Quem manda no país é o PSF, o Partido da Secretaria da Fazenda. Esse é o que manda [risos]. Não é governador, não é prefeito. Por nunca terem sido empresários, eles sempre querem arrecadar mais. Porque senão, não têm dinheiro para investir. E o que nós achamos é que tem que melhorar a gestão do dinheiro público.


Jurilande Aragão promete defesa do empresariado durante posse na Acisa

ITAAN ARRUDA
Areia6O empresário Jurilande Aragão Silva tem um grande desafio como novo presidente da Associação Comercial, Industrial de Serviço e Agrícola do Acre: estimular a criação de uma cultura empreendedora. A promessa de “defesa do empresariado” é algo que faz parte da retórica no rito de iniciação durante a posse.

Mas, de fato, o principal gargalo do setor empresarial no Acre é a falta do espírito empreendedor. É a ausência de uma nova postura empresarial que responde pela má qualidade na prestação de serviços no comércio local.
Mudar esse quadro deve ser a prioridade de Aragão à frente da Acisa. E mais: com foco no microempresário. É este setor quem faz girar a inicia-tiva privada na área comercial na região.

As discussões sobre reforma tributária, reforma trabalhista, sem dúvida, são importantes, e a Acisa/AC deve ter assento nos fóruns de discussão, mas a prioridade, de fato, deve ser incentivar as mudanças no processo de oferta de serviços.

“Nós precisamos aumentar a cultura do associa-tivismo no Acre e isso só é possível, no caso dos empresários, quando eles se sentem acolhidos, defendidos pela classe”, afirmou o novo presidente da Acisa.

É verdade. A falta de consciência de classe é outro problema. A ideia de que a iniciativa privada respeita-se a lei “cada um por si e Deus por todos” é ruim. Sem união, a classe empresarial perde força, pressiona pouco e fica muito mais vulnerável às ações de governo e do próprio mercado.

A Acisa/AC precisa resolver o problema crônico de estar praticamente ausente no interior do Acre, mesmo com todos os esforços das últimas gestões.

A posse de Jurilande Aragão aconteceu no Pinheiro Palace Hotel e foi prestigiada pelas presenças do presidente da Confederação das Associações Comerciais e Industriais do Brasil, José Paulo Cairoli e do governador do Acre, Tião Viana.

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