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O Cristo ressurreto

Neste mês de abril, vinte e um séculos depois do mais importante acontecimento da história da humanidade, numa perseverante fé, nós os cristãos continuamos  celebrando (ação contínua) a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Em dias difíceis como os que estamos vivendo a ressurreição de Cristo é um novo amanhecer para os cristãos do mundo inteiro. Uma mensagem de boa nova e esperança.

Independente do que pensam, os não cristãos, a fé da igreja cristã nunca se resumiu em considerar o Cristo ressurreto pelo prisma dos céticos com suas propostas sutis, a fim de “explicar” a ressurreição com suas “teorias humanas”. Mesmo porque não há nenhum tratado cientifico que prove que Cristo ressuscitou. O antropólogo Graham afirma que tem interrogado cientistas com respeito à vida após a morte, e a maioria deles diz: “Não sabemos”. A ciência  lida com fórmulas e tubos de ensaio. A ressurreição de Cristo é tema metafísico. Só se crer no Cristo ressuscitado, pela fé.

Segundo Walter Conner, estudioso da religião cristã, o Novo Testamento considera a ressurreição de Cristo como fundamental ao cristianismo. Sem a ressurreição de Jesus Cristo, o cristianismo não poderia existir. Se Jesus não ressuscitou dentre os mortos, então o cristianismo não passa de uma fábula. A ressurreição de Cristo determina a natureza da religião cristã como sendo uma religião metafísica.

Se Cristo estivesse ainda no túmulo, em Jerusalém, onde os milhares de pessoas que visitam Israel todos os anos pudessem passar pelo sepulcro e adorá-lo, então o cristianismo seria uma fábula. O apóstolo S. Paulo disse: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa fé”. (1 Co. 15.14).

Também, Jesus Cristo não é apenas uma influência que sobreviveu à morte, como se fosse um fantasma. Não!  As bases da fé cristã estão firmadas na sua ressurreição. O teó-logo suíço Karl Barth disse que sem a crença na ressurreição corporal de Jesus Cristo não existe salvação. “Queres acreditar no Cristo vivo? Só podemos crer nele se acreditarmos em sua ressurreição corpórea”.   

A maioria das religiões do mundo é baseada em pensamentos filosóficos, à exceção do judaísmo, budismo, islamismo e do cristianismo. Estas quatro baseiam-se em pessoas, mas destas, somente o cristianismo declara que seu fundador ressuscitou.

Abraão, o pai do judaísmo, morreu dezenove séculos antes de Cristo. Não existe nenhuma evidência de sua ressurreição.

Buda viveu cerca de cinco séculos antes de Cristo, e ensinou alguns princípios acerca do amor fraternal. Acredita-se que ele morreu com a idade de oitenta anos. Não existem evidências de uma possível ressurreição sua. Maomé morreu no ano 632 depois de Cristo, e seu túmulo, em Medina, é visitado por milhares de devotos peregrinos todos os anos. Contudo não há evidências de que ele haja ressuscitado.

Em um grande mausoléu da Praça Vermelha, em Moscou, jazem os restos mortais de Lenine, embalsamados. O caixão de cristal de seu túmulo tem sido visitado por milhões de pessoas. No esquife está a inscrição: “Para ele que foi o maior líder de todos os povos. Foi o senhor da humanidade; ele foi o salvador do mundo”. Este tributo a Lenine está todo escrito no pretérito. Que marcante contraste com as palavras de Cristo: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Evangelho de S. João 11.25).

Muitos líderes que durante a vida inteira exerceram influência sobre a mente e o coração dos seus contemporâneos continuam vivendo após a morte, no sentido de que a memória do seu exemplo continua sendo uma inspiração.

É este certamente o caso de Che Guevara. Ele teve um número extraordinário de seguidores. Jean Paul Sartre, filósofo e escritor francês (1905-1980), descreveu-o certa vez, como  “o homem mais completo do seu tempo”. Em seus trinta e nove anos (antes de ser morto) Che Guevara transformou-se  numa lenda,  um herói popular. Em toda sala de aula cubana as crianças cantarolavam:  “Nós seremos como Che”. E, após a sua morte, sua influência tornou-se ainda maior. Ele proporcionou aos marxistas a imagem de um santo e mártir popular. Durante anos os muros dos prédios estudantis da América Latina permaneceram pichados com as palavras: “Che está vivo”.

Contrariando essa premissa, digo que: Che Guevara está morto!

Por outro lado, no dizer de John Stott, pensador cristão contemporâneo, a ressurreição de Cristo não significa a mera sobrevivência de uma influência etérea e fantasma-górica, nem um cadáver ressuscitado. Não podemos pensar nele simplesmente como alguém que sobreviveu à morte, como se fosse um fantasma. Não é também, uma religião resgatada na experiência dos discípulos. Tampouco o Cristo ressuscitado é apenas, como alguns sugerem uma personalidade desenvolvida. Em contrate com essas teorias,  a prova apresentada nos evangelhos é que, tanto antes como depois da ressurreição, Jesus é a mesma pessoa com a mesma identidade: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo. Verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Evangelho S. Lucas 24.39).

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