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“Não existe possibilidade de revisão de contratos”

É difícil encontrar alguém mais interessado no sucesso do Via Verde Shopping do que o empresário Dorival Regini. Ele é o sócio-proprietário da Landis Shopping Center, a administradora do condomínio de lojas. O empreendimento de R$ 140 milhões exige planejamento e, claro, a retórica do otimismo na ponta da língua.

Na agenda de trabalho, o desafio de criar uma cultura administrativa que pense a gestão no médio e longo prazos. O que sustenta a pergunta. Quantos empresários do Via Verde se planejaram para cinco anos de atuação no concorrido universo dos shoppings centers? Quantos investem em alguma forma de publicidade?

Pela primeira vez, Regini fala a um veículo de comunicação sobre a “questão Araújo”. E diz com tranquilidade. “Não existe nenhuma loja que o shopping seja dependente”. E avisa. “Não existe possibilidade de revisão de contratos”.

Durante a semana, Regini e uma equipe de assessores receberam a equipe do Acre Economia para uma entrevista. Aqui estão os principais trechos.
Regini rebate críticas sobre mau desempenho do shopping e alerta: “acabou a fase do ganho imediato”

ACRE ECONOMIA – O senhor sentiu alguma diferença entre a cultura empreendedora dos lojistas de outros lugares e os daqui do Acre?
DORIVAL REGINI – Não. Nenhuma diferença.

ACRE ECONOMIA- O lojista do Acre é um lojista empreendedor?
REGINI – É empreendedor e enfrenta os mesmos desafios que os lojistas de qualquer cidade.

ACRE ECONOMIA- Essa semana o senhor teve um encontro com os lojistas do shopping. Qual foi a pauta desse encontro e o que motivou a conversa?
REGINI – É uma rotina. Eu faço esse encontro com lojistas de todos os shoppings que nós administramos e a pauta é mostrar para eles o desempenho do empreendimento. O encontro é feito de três em três meses. É uma conversa para analisar o que está bom o que está ruim, onde precisa melhorar. Aí, cada um faz a sua reflexão. Ouvimos o que os lojistas têm a dizer em um debate e é assim que funciona como em qualquer empresa.

ACRE ECONOMIA – Em seis meses de empreendimento, o desempenho está dentro da expectativa que a administração entende ser adequado?
REGINI – Está acima das expectativas que a gente considera adequado. Em dois meses, os dois primeiros meses, o shopping vendeu trinta milhões e meio. Nos três primeiros meses deste ano, algo próximo de trinta e dois milhões, isso levando em consideração tudo o que aconteceu em fevereiro em Rio Branco [enchente].

ACRE ECONOMIA – À exceção das lojas âncoras, há muita reclamação.
REGINI – O lojista de qualquer shopping novo tem que entender como funciona o shopping. Isso demora um tempo. O que existia em Rio Branco antes do Via Verde Shopping? Existia o comércio de rua. Essa é a referência. E era referência não apenas do lojista, mas do consumidor acreano. Muitos lojistas que estão aqui são novos. Não tinham nem experiência do comércio de rua.

ACRE ECONOMIA – Que consequências isso trouxe?
REGINI – O shopping deu oportunidade para Rio Branco de colocar à disposição equipamentos para novos empreendedores. O shopping introduziu boa quantidade de novos empresários na cidade. Então, eles não têm um histórico e quando não se tem um histórico qual é a tendência, sempre? Começar imaginar coisas, falar com o outro que não sabe também. E o shopping center é um negócio de 12 meses. O varejo é um mês só para alguns empreendimentos. Os quiosques [pontos de venda que ficam nos corredores do shopping] são bons exemplos. Alguns só atuam em uma data do ano. Outros em três meses. E a loja? Depende muito. A loja de chocolate por exemplo: o Natal da loja de chocolate é a Páscoa. É isso que faz o dia a dia do lojista e isso precisa ser entendido. Alguns empreendimentos vendem mais ou menos em diferentes épocas. Esse hábito do brasileiro de achar que as coisas têm que dar resultado no outro dia é o hábito da nossa geração inflacionária. Acabou a fase do ganho imediato. Hoje, a forma de ganhar dinheiro é empreendendo.

ACRE ECONOMIA – De que forma o shopping poderia orientar os lojistas em relação às coisas básicas como montagem de vitrine, atendimento? Há vitrines, por exemplo, que são nitidamente equivocadas.
REGINI – Estávamos falando sobre isso ainda há pouco sobre duas vitrines específicas. O que nós fazemos nesses casos? Já chamei o lojista e falei: ‘Ou você muda ou você quebra’. E a reação foi a seguinte: “Eu sei o que eu tô fazendo”. Quando, na verdade, não sabe. Aí quando a loja está indo mal, a tendência é falar que o shopping está indo mal e que faltou apoio. O que não é verdadeiro. A administração do shopping não pode resolver tudo. Shopping é atendimento e isso é um problema de cada lojista.

ACRE ECONOMIA – Isso explica a necessidade do trabalho do Sebrae aqui?
REGINI – Não. Temos ferramentas que vamos oferecendo aos lojistas. O shopping pode ter 10 anos e eu vou fazer parceria com o Sebrae, trazer palestrante, vou trazer um especialista em moda. Eu tenho que estar atualizando. Um monte de lojistas que já usou o Sebrae. Outros estão usando e alguns que podem estar precisando do Sebrae.

ACRE ECONOMIA – Da mesma forma que foram diagnosticados problemas de exposição de produtos, atendimento etc… vocês avaliaram que alguns empreendimentos daqui foram dimensionados de maneira errada?
REGINI – Você está falando do Araújo?

ACRE ECONOMIA – Também.
REGINI – Não vou te falar do Araújo. Vou te falar da Mesbla, do Mappin, da Santis… essas lojas fecharam nos shoppings. E os shoppings fecharam? Não. Não fecharam. O Mappin era referência nacio-nal. E sumiu. Para o shopping center, não existe nenhuma loja que o shopping seja dependente. Nada do que está aqui foi superdimensionado.

ACRE ECONOMIA – Tudo calculado?
REGINI – Tudo o que está aqui foi dimensionado para o tamanho do mercado do Acre em cinco anos. Ninguém faz shopping para um ano. Eu quero que o Araújo fique aqui. O Araújo é importante. O Araú-jo é o principal empresário do Acre do segmento de varejo. Agora, o Araújo tem que entender que aqui é um shopping center. O fator de comparação é outro. O hipermercado está dentro desse contexto: o cliente quer bom atendimento, produtos melhores. Você tem que agregar algo mais. Como você vai vender mais no shopping? Se diferenciando dos demais!

ACRE ECONOMIA – Dos demais Araújos?
REGINI – Dos demais Araújos! Senão, o que vai acontecer? Você vai consumir do que está próximo a você. Não vai se deslocar para vir até o shopping. Você só se desloca para vir ao Araújo do shopping se tiver alguma coisa diferente. Por que você se deslocar para as outras lojas do shopping? Porque elas oferecem produtos diferentes do que são ofertados na rua. Se você sabe que tanto faz você vir aqui, ou no Aviário, ou na rua Rio de Janeiro, você vai parar teu carro onde você estiver mais perto. O que o Araújo deveria ter feito? Criado o Araújo Premium. O que nós tínhamos de expectativa é que seria uma loja diferenciada e ele não diferenciou a loja. É mais uma loja Araújo.

ACRE ECONOMIA – Existe alguma possibilidade de revisão de contratos?
REGINI – Nenhuma. Isso está fora de cogitação. O shopping tem seis meses de vida. Os contratos aqui são contratos de cinco anos e nós vamos fazer valer o contrato. Não existe possibilidade de revisão de contrato. Foram feitos acordos com cláusulas conhecidas e debatidas.


 Déficit habitacional e aumento da renda atraíram Scopel para o Acre

ITAAN ARRUDA
A chegada da Scopel ao Acre está fundamentada em dois fatores: o terceiro maior déficit habitacional da região e a estimativa de aumento no consumo no Norte e Nordeste que, em 2012, deve ser quatro vezes mais que o Sudeste.

O prognóstico está fundamentado em uma compilação de dados oficiais do IBGE e do Ibope Inteligência que a empresa organizou para sustentar a parceria com a Ipê Empreendimentos, oficializada nesta semana.
Caio Bento, da Scopel, e Frederico e José Eduardo, da Ipê: empresas construirão 1º bairro planejado pela iniciativa privada do Acre

De acordo com os números apresentados, a estimativa é de que o consumo na região Norte, neste ano, cresça em torno de 26,5%. O Nordeste tem estimativa de crescimento de consumo de 24,1%. Centro-Oeste 19,4%. Sul 19,7% e Sudeste, com a menor estimativa de consumo, em torno de 6,5%.

A mobilidade social também foi avaliada. A pesquisa da Scopel mostra que 20% dos moradores do Norte migraram das classes D e E e foram para a classe C. É esse cenário de economia minimamente aquecida que interessa ao setor imobiliário.

Provavelmente, as classes C, D e E não farão parte dos clientes da parceria Scopel/Ipê. Mas com maior mobilidade social, as possibilidades de circulação de riqueza aumentam. E, com ela, a probabilidade das classes A e B consumirem mais também aumenta.

O trabalho em conjunto vai ser concretizado na construção do primeiro bairro planejado pela iniciativa privada do Acre. O Portal Ipê será edificado nas proximidades da Cidade da Justiça.

O empreendimento propõe lotes com tamanho mínimo de 260 metros quadrados, área totalmente urbanizada e com infraestrutura em saneamento, asfalto, energia, espaços esportivos e de lazer.

São quase mil lotes cujo investimento está avaliado em mais de R$ 30 milhões. A estimativa é de que cerca de 4 mil pessoas vivam no espaço. “Nós trabalhamos com o conceito de desenvolvimento urbano e só conseguimos isso com bons parceiros”, afirmou o superintendente comercial e de marketing da Scopel, Caio Augusto Bento, valorizando o trabalho em conjunto com a empresa acreana.

“Sozinhos, nós não teríamos condições de realizar um empreendimento desses”, reconhece o sócio-proprietário da Ipê Empreendimentos, José Eduardo de Moura Leite. “A Scopel entra com o know-how de mais de quarenta anos no mercado”.

O prazo de execução das obras de infraestrutura do Portal Ipê é de dois anos. São cerca de mil lotes. Ainda não há números consolidados, mas a expectativa é que o preço inicial de cada lote seja em torno de R$ 60 a R$ 80 mil. O valor se refere ao terreno. Em cada lote, o proprietário constrói a casa da maneira que quiser.

Devedores da Cohab e Ipê devem procurar a Câmara de Mediação

ITAAN ARRUDA
A Câmara de Mediação e Arbitragem inicia, no próximo dia 2 de maio, um mutirão habitacional para resolver problemas dos mutuários que devem à Companhia de Habitação do Acre (Cohab/AC) e à imobiliária Ipê.
Esse mutirão é específico para os mutuários do Manoel Julião, Adalberto Aragão e Xavier Maia que tenham dívidas de até R$ 10 mil.

Aragão garante que mediação tem respaldo legal

Os interessados em resolver problemas relacionados às dívidas com essas duas empresas devem procurar a Associação Comercial do Acre, entre 8 horas e meio dia e das duas às cinco horas da tarde.

O Mutirão Habitacional arbitrado pela Câmara de Mediação vai permanecer durante todo mês de maio. As avaliações serão feitas por 12 árbitros especializados. “Os interessados podem ficar tranquilos porque essa mediação tem respaldo legal”, informou o presidente da Associação Comercial e Industrial do Acre, Jurilande Aragão.

Peixe

Acre tem 3º menor volume de pescado do Norte

ITAAN ARRUDA
Braña: estratégia da Feira do Peixe precisa ser revistaOs dados do Ministério da Pesca e Aquicultura mostram que o Acre tem o segundo menor volume de pesca extrativa (pesca feita em rios) e o terceiro menor volume de pescado cultivado em açudes (piscicultura). Essa posição se mantém nos anos de 2009 e 2010, as informações oficiais mais recentes.

É essa posição que o Governo do Acre quer mudar. Gestores públicos sabem que para cumprir a meta de “ser o endereço do peixe na Amazônia”, ainda há um longo caminho a seguir.

A inauguração da Indústria de Embutidos de Peixe do Bujari, realizada na última segunda-feira, faz parte de uma estratégia de ampliar a base de produção para um público especial: o pequeno produtor.

São 150 famílias beneficiadas diretamente com a indústria. O perfil dos produtores é o mais variado possível. Há pessoas de reconhecida experiência e produtores que, por possuírem algum capital já instalado, resolveram investir na ideia de fornecer o pescado.

Com capacidade para beneficiar 30 toneladas de pescado por mês, a indústria de pescado teve investimento de R$ 600 mil do Governo do Estado por meio do programa de desenvolvimento sustentável ProAcre, que leva ações do setor produtivo às comunidades mais pobres e isoladas.

O Governo do Acre sabe também que para ser uma referência na produção do pescado na região não é com empreendimentos como a indústria do Bujari que alcançará a meta. Para dar escala industrial, há outro perfil de investimento.

Para isso é que estão em execução as obras do Complexo de Piscicultura, com assessoria técnica do Projeto Pacu, do Mato Grosso do Sul. O empreendimento tem como foco prioritário o mercado externo.

Mas, é esse movimento em torno do setor da piscicultura que o governo vai consolidando uma tendência de mercado. E isso, naturalmente, repercute na oferta e no preço do produto.

No planejamento estratégico do Governo há previsão de construção de outra indústria de embutidos. Desta vez, na região do Juruá.

Preços mais baixos ofertados por supermercados pode ter prejudicado a Feira
Feira do Peixe da Ceasa não atinge meta na comercialização do pescado

A edição 2012 da Feira do Peixe da Ceasa não conseguiu bater as metas de comercialização do pescado. A expectativa da direção da Ceasa era de vender mais de 100 toneladas. “Foram comercializadas 70 toneladas”, contabiliza o diretor-presidente da Ceasa Rio Branco, Paulo Sérgio Braña Muniz. “A estratégia adotada precisa ser revista para a edição do ano que vem”.

A “estratégia” a que se refere o diretor Braña diz respeito ao congelamento do preço do pescado na feira. Os produtores fecharam em R$ 7. Mas, o mercado foi mais ágil.

“A concorrência com os supermercados foi grande”, confessa o diretor. Com maior poder de oferta o produto, os supermercados da Capital puderam manobrar o preço e isso dividiu os consumidores. “Ano que vem será diferente”.

Braña, no entanto, comemora as vendas no setor de hortifrutigranjeiros. A expectativa era de vender 100 toneladas. Foi vendido o dobro totalizando um volume de negócios de R$ 380,4 mil. A Feira do Peixe da Ceasa deste ano comercializou cerca de R$ 1,3 milhão.


 

Marceneiros da Itália e do Acre firmam parcerias para troca de conhecimento

RUTEMBERG CRISPIM
Os marceneiros que participaram da comitiva acreana que foi para a Itália trouxeram uma boa notícia para os colegas de profissão: a celebração de acordos entre o Governo do Estado e entidades italianas, garantindo a modernização do setor e a troca de experiências.

De acordo com o presidente da Central de Cooperativas do Acre, João Evangelista, a visita foi fundamental, pois as cidades visitadas são destaques em tecnologia madeireira, onde estão localizadas as marcenarias com melhor designer do mundo.

“Não fomos para fechar negócios. Fomos para trocar experiências e buscar apoio para melhorar ainda mais nossa produção. E conseguimos alcançar nosso objetivo. Com apoio do governo, conseguimos firmar parcerias que serão importantes para melhorar nossa produção e, assim, comercializar nossos produtos”, explicou.

Além da troca de experiência, durante reuniões com empresários do setor moveleiro da Itália, foram firmados acordos com a Escola Politécnica de Milão, para a realização de um curso de designer em Rio Branco, já em maio, contemplando inicialmente 30 pessoas, que trabalham diretamente nas marcenarias acreanas.
Empresários e marceneiros conheceram tecnologia de ponta no setor moveleiro italiano

Intercâmbio
Nos próximos meses, famílias que são proprietárias de empresas do setor moveleiro, da região de Como, chegam ao Acre. Elas vão ficar um período trabalhando nas marcenarias de Rio Branco e do interior, repassando seu conhecimento para os marceneiros.

Outro acordo firmado é a ida de 10 jovens acreanos para a Itália, onde vão ficar nove meses, participando de um curso, com três meses de teo-ria e seis meses de prática dentro das mais tradicionais marcenarias da região.

“Nós temos abundância de matéria-prima, agora queremos agregar a tecnologia e conhecimento. Foi uma viagem produtiva e, muito em breve, já vamos perceber os resultados. Temos que dar os passos corretos. Primeiro vamos melhorar nossa produção para que possamos concorrer no mercado mundial”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães.

Gratos pelo apoio do Governo do Estado, os marceneiros afirmam que a viagem foi um passo importante para a abertura de várias oportunidades para o setor marceneiro do Acre. Eles garantem que a oportunidade de conhecer empresas tradicionais, com muitos anos no mercado e que são destaques pela qualidade dos seus produtos, representa um novo momento para as marcenarias acreanas.

“Nós temos que agradecer ao governador Tião Viana e ao secretário Edvaldo Magalhães, pela oportunidade que tivemos de conhecer as melhores marcenarias do mundo. Foi uma viagem muito produtiva. Agora vamos colocar em prática nossos projetos e melhorar ainda mais nossa produção”, disse o marceneiro Hélio Predoza.

Categories: Acre Economia
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