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Local onde extrativista foi morta em Rondônia ‘é terra sem lei’, diz CPT

A Polícia Civil de Rondônia apura a morte da trabalhadora rural Dinhana Nink, 28 anos, ocorrida na casa dela, em Nova Califórnia (RO), no sábado (31). O filho dela, de 5 anos, presenciou o crime. A vítima foi morta com um tiro de espingarda no peito, de acordo com a investigação. Para a irmã Maria José de Oliveira, conhecida como Zezé, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no estado, a região onde aconteceu o crime “é terra sem lei.”

Ainda segundo ela, Dinhana não era conhecida por integrantes da pastoral em Rondônia. Ela estava de mudança de Nova Califórnia para Lábrea (AM), cidade natal da vítima e onde os três filhos, o pai e o marido moram. “A região fica na divisa do Acre, Rondônia e Amazonas. As coisas por lá são difíceis. O que posso dizer é que a vítima não era liderança em Rondônia e não atuava conosco pela defesa da terra. Acredito que ela atuasse mais no lado do Amazonas”, disse irmã Zezé.

De acordo com informações da Secretaria de Defesa Social e da Polícia Civil de Rondônia, as investigações estão direcionadas para duas frentes. Uma delas é a de que o crime tenha alguma motivação passional e a outra seria o confronto das vítimas com grileiros de terra na região. Duas pessoas consideradas suspeitas pela morte da vítima prestaram depoimento nesta semana, mas foram liberadas após serem ouvidas.

Ao contrário do que disse irmã Zezé, a coordenação da CPT no Amazonas informou que Dinhana estava em uma lista de pessoas ameaçadas de morte por grileiros de terra de Lábrea. Ainda segundo a pastoral amazonense, a vítima foi seguida por dois motociclistas dias antes de morrer. Segundo a Comissão, a dupla acompanhou a rotina de Dinhana até ser morta por pelo menos um homem, que invadiu a casa dela enquanto ela e o filho se preparavam para dormir.

Francisneide Lourenço, coordenadora da CPT do Amazonas, disse que Dinhana havia sofrido uma agressão física em novembro de 2011. O caso foi registrado na Delegacia de Extrema, em Porto Velho. À época, ela vivia no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Gedeão, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O imóvel foi queimado pelos agressores. “A mulher que queimou a cada dela passou a dizer que ia mandar matá-la. Colocaram fogo na casa dela e contrataram pistoleiros para tirar a vida da agricultora”, disse a coordenadora.

O pai de Dinhana, Ermelindo Nink, 50 anos, disse que não acredita na possibilidade de a morte da filha ter motivação passional. “Ela era casada e tinha três filhos. O marido dela estava comigo reformando a casa onde iriam morar aqui em Lábrea. Ela estava de mudança e se mudaria hoje [sexta-feira] para cá. Minha filha tinha feito algumas denúncias, ela ajudava muito o pessoal da pastoral no Amazonas.”

Nink afirmou ainda que ele saiu de Lábrea em fevereiro de 2011 após sua mulher sofrer agressões e os filhos terem sido ameados de morte na cidade. “Ninguém faz nada lá. As autoridades não resolvem nada. É muito desmando por parte das autoridades do Amazonas. Há muito interesse nas terras daquela região. Tudo gente graúda”, disse o pai da vítima. (Assessoria)

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