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Crime de Pedofilia

No último dia 18 de maio foi deflagrada, por aí a fora, campanha Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes. Essa data foi escolhida em razão do crime que comoveu toda a nação brasileira em 1972, conhecido como o “Caso Araceli” em que uma menina de oito anos foi cruelmente assassinada após ter sido estuprada em Vitória-Es.

A ação móbil do evento é destacar a data para mobilizar e, se possível, convocar  toda a sociedade a participar dessa luta de prevenção e combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. Criando, assim, uma consciência nacional do grave problema. Então, aqui estou me inserindo entre os milhares, nesta luta de combater e romper o ciclo de violência contra nossos infantes.

Cerca de duas décadas, antes da informação instantânea ou globalizada, pouco se sabia a respeito da prática de abuso e exploração sexuais in-fringidas contra crianças e adolescentes. Só recentemente os noticiários têm sido mais pródigos acerca deste grave problema que deixa profundas sequelas na vida de milhares de crianças. Deste modo, neste artigo, faço de conta que a maioria da nossa gente continua ignorando, em alta escala as nuances que envolvem a Pedofilia (assédio e manipulação emocional e sexual de crianças) e declino quatro fatos pertinentes sobre o assunto:

A primeira questão é definir em sentido negativo o que é pedofilia. Do grego Paidófhilos, os dicioná-rios nos dirão tratar-se de amizade ou afeição por crianças “aquele que gosta de crianças”. Etimologicamente é uma expressão com sentido positivo, um amor altruísta e respeitoso pelas crianças como o manifestado historicamente, por exemplo, pela saudosa Madre Tereza de Calcutá e, a afeição dos educadores pelos alunos ou o amor dos pais pelos filhos. Contudo a pedofilia tem seu lado negro e sentido negativo, denotando a prática do assédio e manipulação emo-cional e sexual de crianças, adolescentes e jovens. Começa num processo sutil e atinge um grau de violência com efeitos terríveis, cometidas por pessoas mais velhas contra meninos e meninas, nos períodos da infância e puberdade.  

O segundo fato de importância capital é saber quem são os pedófilos e onde estão? Essas e outras interrogações, como: a pedofilia é cometida apenas por pessoas do sexo masculino? A pedofilia é mais hetero ou mais homossexual? É cometida tanto por homens casados como por solteiros? Na maior parte dos casos, os pedófilos  são pessoas desconhecidas ou conhecidas das crianças? O que leva uma pessoa à pedofilia? A pedofilia é uma doença? Há cura para o pedófilo?  

O psicólogo Ageu Henrique Lisboa diz que  o que leva uma pessoa à pedofilia é: “Um imaturo e perverso desenvolvimento da personalidade. Pessoas sodomizadas na infância também podem desenvolver essa prática quando adultas”. O mesmo psicólogo enfatiza: “tudo indica que em maior proporção, a pedofilia é praticada por solteiros, mas homens casados ou amasiados costumam abusar de filhas de suas companheiras. Existem evidências de que pessoas conhecidas das crianças, que apresentam alguma proximidade, seja parentesco, vizinhança ou relacionamento freqüente, como tutores, líderes de grupo, empregados (babás) que se aproveitam da confiança do menor. Vão se insi-nuando e criando envolvimentos, intimidades e dependência”.

É bom que todos saibam que mulheres também cometem abusos sexuais e emocionais contra menores. Sabemos de casos de manipulação de meninos e meninas por mulheres. Só que geralmente a ação das mulheres dificilmente provoca danos físicos.

Quanto à recomposição de um pedófilo, especialistas dizem que só é possível se o agressor sexual procurar psicoterapia, ou seja: ele deverá dizer o motivo pelo qual procura tratamento ou terapia.

A terceira questão é o trauma causado pela agressão. As decorrências para a vida das crianças são sérias sob todos os pontos de vista. Inclui gravidez precoce, mortalidade infantil, transmissão de “n” doenças sexualmente transmissíveis. Feridas profundas no senso de identidade da vítima e, em seu valor de auto-estima que deságua no vilipendiar da própria alma. Portanto, são trágicas e horrorosas as consequências advindas da prática de abuso sexual imposta às crianças, com graves implicações no dia a dia da vítima, como depressão, perturbação do sono e da alimentação, mudanças bruscas de comportamento na escola e em casa, isolamento, agressão ou docilidade exagerada, baixo rendimento escolar.  

O quarto fato é que nesta conceituação de pedofilia, a maioria da população, mesmo em tempo de informação globalizada, acha que a pedofilia é um fenômeno moderno. Mas, não é. Diferentemente do que pensam os modernos, a pedofilia é um costume bestial que teve status legal em meio ao paganismo romano, grego e em muitas partes do mundo antigo. Entretanto, a prática da pedofilia, mesmo tendo status no mundo antigo, com o beneplácito dos deuses pagãos e sofismas dos filósofos sofistas, encontra na sociedade moderna, que produz mais assassinos em massa, estupradores e criminosos sem recuperação, índices per capita alarmante, no campo dessa perversão, do que qualquer outra sociedade registrada na história.

Se não bastassem às crianças, adolescentes e jovens serem o alvo principal de toda sorte de perversidades já vistas abaixo do firmamento, produto de um sistema iníquo que só pode ter sua origem no inferno, ainda temos que conviver com o crime de pedofilia infiltrado nas escolas de ensino fundamental, no seio da família e nos bastidores de algumas igrejas.

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