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Frida Kahlo é eterna fonte de inspiração na arte e na moda

Poucas personalidades foram tão “exploradas” pelo mundo da moda e no meio artístico como Frida Kahlo. Dona de estilo único, ela se tornou referência e ganhou a admiração coletiva nos anos 40 e 50 pela criatividade, ousadia e exagero com que criava seus looks, onde cabiam misturas de texturas, bordados de tecelãs campesinas e vindos da Europa, estamparias diversas, cores vibrantes e dezenas de acessórios. Tudo usado de forma coerente e com extremo bom gosto. Essas características, além das sobrancelhas cerradas e dos cabelos presos por duas tranças e flores no alto da cabeça vêm ganhando há muito tempo as mais variadas leituras no mundo da arte e da moda.

Além do seu estilo, os aspectos culturais presentes na obra da artista tornaram-se fontes para a criação de roupas, acessórios, estampas e editoriais. Nascida “Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón”, Frida Kahlo era uma artista plástica mexicana comunista, revolucionária, apaixonada pela cultura de seu país, casada com o mundialmente famoso muralista e também comunista Diego Rivera. Seu corpo foi marcado por doenças graves, inúmeras cirurgias e grandes cicatrizes; e sua alma marcada por tragédias, tanto na vida pessoal quanto na conjugal.

Neste editorial, a fotógrafa Val Fernandes faz mais uma bela releitura do universo desta consagrada artista mexicana que além de pintora excepcional, foi uma mulher de aspecto frágil e de personalidade forte. Sua história será novamente contada, em versão inédita, no espetáculo SOLAMENTE FRIDA, que será encenado pela atriz Clarisse Baptista, a partir de amanhã (18), às 21h, no Teatro Plácido de Castro.

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Modelo: Camila Brozzo – http://fashionistac.blogspot.com/
Frida Kahlo é eterna fonte de inspiração na arte e na moda: Oficina de Modelos
Fotografia e tratamento: Val Fernandes
Frida Kahlo é eterna fonte de inspiração na arte e na modaJackie Pinheiro
Agradecimentos: Rodrigo Cohen, Nena Mubárac e Gil Santos

SOLAMENTE FRIDA
Gazeta Estilo esteve no Teatrão, durante os ensaios finais da peça, onde estão sendo dados os últimos retoques no cenário e no figurino de Frida, para conversar com o premiado e experiente figurinista Rodrigo Cohen, responsável pela confecção das peças que serão usadas no espetáculo, e com a atriz Clarisse Baptista, que dará vida à Frida.

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Clarisse Baptista tomada pelas emoções de Frida Kahlo estréia amanhã, 18, no Teatrão.

GE – A que você atribui o fato do estilo usado por Frida Kahlo ser atemporal? Por que ela continua sendo referência na moda 58 anos após a sua morte?  
Rodrigo Cohen – Porque Frida era consistente, ela foi uma personalidade marcante. Frida tinha uma noção estética incrível. Ela criou um estilo fundamentado no seu modo de encarar a vida, na sua ligação com a cultura e com o povo mexicano. Ela não tinha medo de se expressar através da sua arte e da vestimenta, mas para isso tinha uma fineza única. Ela ousava misturar renda francesa com tecido de bolas (pois), por exemplo, e ficava lindo.

GE – Como foi o processo de cria-ção do figurino do espetáculo? Qual foi seu ponto de partida? Quais matérias primas você usou?
Rodrigo Cohen – No início pensei em seguir fidedignamente as criações dela, achava desrespeitoso mexer em suas vestimentas. Mas aos poucos o grupo (Teatro de Los Andes) me deixou à vontade e me deu liberdade para fazer uma releitura de Frida. E como seu figurino era rico, há um leque enorme de opções para reinventá-la, dá para ir por diversos caminhos. O mais difícil foi encontrar no Rio de Janeiro os tecidos que se aproximassem de sua identidade.

GE – Qual é o traço mais marcante no estilo de Frida? O que você acha mais instigante no estilo dela?
Rodrigo Cohen – Frida é um conjunto de traços marcantes: as sobrancelhas, o cabelo e os arranjos, as estampas, as cores… A valorização da tradição do México de fiar, através do uso de “rebozos” (xale de algodão feito em tear manual) e das roupas típicas mexicanas (El Huipil) me impressiona. Mas o seu talento para misturar o tradicional e o artesanal da cultura mexicana com materiais modernos e delicados vindos da Europa é o que há de mais fino em seu estilo.

GE – Como intérprete de Frida, qual é a sua opinião a respeito das vestimentas dela? Por que você acha que ela inventou esse estilo?
Clarisse Baptista – Em princípio, ela criou seu estilo por necessidade. Como mancava de uma perna, devido a uma provável poliomielite contraída aos 6 anos de idade, ela começou a usar ternos masculinos para disfarçar a perna defeituosa. Mais tarde, por conta dos acidentes, das lesões, das cirurgias, das cicatrizes e dos inúmeros coletes para a coluna que usou, ela começou a usar saias longas e roupas sobrepostas. Por ser apaixonada pela cultura mexicana, ela passou a criar seus modelos misturando os trajes típicos mexicanos com elementos de outras culturas. Ela estava realmente à frente de seu tempo. Ela era genial e cultivava o belo. Tudo era beleza ao seu redor: sua casa, as esculturas, as louças… Creio que ela compensava as tragédias pessoais dando beleza e cor a tudo em seu redor.

GE – As suas vestimentas eram compatíveis com seu estilo de vida?
Clarisse Baptista – Sim. Ela era autêntica. Ela vivenciava tudo em que acreditava. O estilo de Frida é sólido, não é descartável. Por isso é imortal.

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O figurinista Rodrigo Cohen fazendo os últimos ajustes com a costureira Maria de Lourdes Bezerra de Assis, da Cooperativa de Costureiras do Bairro Raimundo Melo

Espetáculo: SOLAMENTE FRIDA
Local: Teatro Plácido de Castro (3224-6890)
Datas: Maio (18, 19, 20, 24, 25, 26, 28 e 31) e Junho (01, 02, 03)
Horário: 21h (Aos domingos – 20h)
Realização: Cia. Garotas Marotas e Grupo Teatro de Los Andes
Interpretação: Clarisse Baptista e Antonio Santoro
Direção: Gonzalo Callejas e Alice Guimarães
Texto: Clarisse Baptista e Alice Guimarães
Figurino: Rodrigo Cohen
Produção: Marineide Maia (Informações – 9958-5288)

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