X

Dia das Mães: felicidade para algumas e tristeza para outras

Mãe é a mulher que gera e dá à luz a um filho, mas também pode ser aquela que cria um ente querido como se fosse a sua geradora, dando-lhe carinho e proteção. As mães merecem respeito e muito amor de seus filhos, pois fazem tudo para agradá-los, sofrem com seus sofrimentos e querem que estes estejam sempre bem. O Dia das Mães é uma data especial. Para elas, é uma data de felicidade. O momento de reunir as pessoas que elas mais amam, recebendo as devidas homenagens. Mas, na vida real, nem sempre esta data é feliz para algumas.

Hoje, A GAZETA conta a história de duas mães: a primeira perdeu a filha de forma trágica e ainda aguarda por justiça. A segunda é mãe de 5 crianças, mas não tem condições financeiras para dar a elas uma vida melhor.

Maria Ambrósio Rego, 47 anos, era a mãe da estudante Edna Maria Ambrósio Rego, morta por um tiro de fuzil disparado por um policial militar, durante uma blitz realizada no dia 25 de fevereiro de 2010.
Maria relata que após a morte da sua filha, não só o Dia das Mães, como os outros também perderam o sentido. “A minha vida está praticamente destruída. Levaram uma parte de mim. Não tenho mais alegria, tudo acabou, não tenho mais vontade de viver. A minha filha era uma ótima pessoa, nunca encontrei uma falha nela, ela fazia tudo por mim. Só Deus sabe a minha dor, o meu sofrimento. Até hoje tenho depressão. A Edna saiu para lanchar e voltou dentro de um caixão. Se ela tivesse morrido por uma doença, eu até me conformaria. Mas ela foi assassinada”.

Apesar de ter outros filhos, Maria diz que sempre sente uma falta, uma lacuna em seu lar. Todos os anos a família se reunia para comemorar a data. “Já é o segundo Dia das Mães que passo sem minha filha. Tenho mais 4 filhos, mas sempre há um vazio e que ninguém pode preencher. Todos os anos os meus filhos se reuniam para fazer uma festa, mandavam mensagem ao vivo. Era um dia de muitas felicidades pra mim. Hoje, quando vejo as outras mães comemorando, as mensagens no rádio e na TV, a tristeza bate no meu coração e começo a chorar”.

O caso de Edna ainda não foi julgado. A mãe ainda espera por justiça. “O policial que atirou na minha filha está solto, trabalhando. Foi comprovado que ele estava impossibilitado de usar um fuzil. Faço um apelo ao Ministério Público: ele [o policial] tem de ser condenado. Não é justo matar uma pessoa inocente e ficar por isso mesmo. Se mais um caso ficar impune, eu vou deixar de acreditar na Justiça. Tenho certeza que se fosse a filha de alguma autoridade já teria sido julgado. Mas como era filha de uma pobre… O meu maior presente para o Dia das Mães seria que o culpado fosse condenado. É por causa dele que eu não posso ter mais a minha filha de volta”, disse Maria.


Com 21 anos e 5 filhos, jovem é abandonada pelo companheiro

A outra história é a de Laura da Silva de Jesus, 21 anos. Ao contrário de Maria, ela tem todos os filhos ao seu lado no dia de hoje, mas a situação que ela vive é difícil. “Tenho 5 filhos. Estou desempregada e não tenho condições de dar uma vida digna às minhas crianças. Ganho um salário mínimo do pai de uma delas, que faleceu. E este dinheiro eu uso para pagar um terreno, no valor de R$ 400,00. Com o restante eu compro comida. O pai dos outros me abandonou por outra mulher. Hoje, não posso trabalhar, porque não tenho com quem deixar meus filhos”.

Laura conta que as filhas mais velhas não estudam. “Como eu não consigo pagar os aluguéis, as pessoas me despejam do local. Não consigo nem matricular as meninas na escola por causa das mudanças. Quando faço a matrícula em algum lugar, o dono da casa pede de volta”.

Com o aluguel atrasado há mais de 2 meses, Laura e seus filhos estão próximos de ser despejados do pequeno quarto onde vivem. “A dona do quarto me ajuda, mas ela não tem outra renda, além do aluguel. Preciso de ajuda para construir minha casa no terreno que estou pagando. Meus filhos são meus presentes, mas neste Dia das Mães eu gostaria de ter onde morar com eles”.

Categories: Geral
A Gazeta do Acre: