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Relatório da CPT aponta mais de mil conflitos agrários no Acre, em 2011

As décadas de 70 e 80 no Acre foram marcadas por inúmeros conflitos no campo. Mas estes conflitos não ficaram restritos ao passado. Eles ainda estão presentes na sociedade atual. Não na mesma intensidade de antes, mas ainda com grande abrangência. Segundo o relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) intitulado ‘Conflitos no Campo Brasil 2011’, o Acre teve um total de 1.369 ocorrências de conflitos no campo no ano passado, dos quais 1.035 foram embates por terra, 260 foram de ordem trabalhista e 68 foram por disputa de água.

Dos 1.035 conflitos agrá-rios, 200 foram ocupações e retomadas, 30 são acampamentos e 805 são ocorrências de conflitos. Detalhadamente, o CPT aponta que as disputas agrárias de 14.410.626 hectares envolveram, direta e indiretamente, 458.675 acreanos e resultaram em 29 mortes (vale destacar que estes crimes não são diretamente associados aos conflitos. São mortes nas áreas de ocupações. Diretamente, a CPT acusou 1 assassinato).

Dos conflitos trabalhistas, foram 260 casos, dos quais 230 são ocorrências de trabalho análogo à escravidão e 30 são de superexploração de patronos. Segundo a CPT, os casos de trabalho escravo envolveram 3.929 pessoas no Estado e as de superexploração foram com abrangência de 466 acrea-nos. Não houve assassinatos relacionados ao trabalho.

Por água, foram 68 conflitos no campo que envolveram 137.855 pessoas. Neste perfil de conflitos, também não foi computado nenhum assassinato pela CPT.

Em comparação com 2010, o ano passado teve 177 conflitos a mais em todo o Estado, o que representa um acréscimo de 1,44%. No total de pessoas envolvidas, a CPT revela que 2011 teve 41.524, equivalente a uma alta percentual de 7,43%. Em assassinatos no campo, o ano passado teve 5 casos a menos do que em 2010 (34 casos): -14,7%. Nesta parte de assassinatos no campo, conforme outro ranking da CPT só para os casos diretos gerados pelos conflitos, o Pará foi o estado com mais casos (12), seguido pelo Maranhão (7), Bahia (3), Rondônia (2), Mato Grosso do Sul (2), Pernambuco (1), Amazonas (1) e Acre (1).  

Outras dados da CPT revelam que 85% dos conflitos rurais no Brasil estão concentrados nos Estados da Amazônia.

Vale destacar que a pesquisa da CPT (que abrange todos os estados brasileiros) não é oficial do ponto de vista de indicador de ações do poder público. Logo, os critérios usados na contabilização dos dados são exclusivos da CPT. Um exemplo disso pode ser visto no total de pessoas envolvidas nos conflitos rurais: 600.925. Este número representaria quase 82% de toda a população acreana. A CPT chegou a tal montante somando todos os números de pessoas envolvidas dos 3 perfis de conflitos, mas não leva em conta as pessoas que possam estar relacionados aos 3 tipos (confluência nos dados).

A CPT também leva em conta nos dados locais os conflitos em Boca do Acre/AM, na divisa com Rio Branco. Estas duas cidades, inclusive, são campeãs dos conflitos locais, concentrando mais de 65% dos conflitos no Estado.

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