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A indústria e a sustentabilidade

Nos últimos dias, boa parte do mundo voltou a atenção para o Brasil, em espe-cial, para a Rio+20. Muito se foi debatido e muito conhecimento foi produzido sobre a necessidade de conciliar o crescimento econômico com respeito ao meio ambiente. Momento de aperfeiçoar os conceitos, identificar mecanismos para sua efetiva concretização e melhorar o sistema de governança global.

Carlos-Sasai-1Participei, durante a Rio+20, do Encontro da Indústria para a Sustentabilidade, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde foi apresentado estudo que reúne iniciativas de 16 setores e do Sistema Indústria nos últimos 20 anos. O documento mostra que o setor produtivo mudou a forma de produzir para reduzir o impacto da atividade no meio ambiente, usando recursos de maneira mais sustentável. Como resultado, o Brasil, hoje, pode contar com fábricas menos poluentes, mais eficientes no consumo de energia e que encorajam soluções melhores para o uso da biodiversidade.

Sabemos que o cenário internacional não favorece saltos institucionais significativos. No entanto, aperfeiçoamentos são fundamentais e devem ter como eixo a criação de incentivos e a remoção de obstáculos para a adoção de novos padrões de produção e consumo.

Na definição dos objetivos do desenvolvimento sustentável, é fundamental ponderar viabilidade econômica, inclusão social produtiva e proteção ambiental, sem desconsiderar a dimensão cultural.

Dada sua peculiar combinação de recursos naturais, o Brasil, em especial a região amazônica, ocupa uma posição privilegiada para debater, negociar e experimentar o desenvolvimento sustentável.

No entanto, as transformações requeridas para superar o desafio do desenvolvimento sustentável dependem de investimentos públicos e privados em inovação e em tecnolo-gias produtivas mais limpas.

No Brasil, ainda estão presentes diversos fatores conjunturais e estruturais que minam a competitividade da indústria nos mercados externo e interno. As políticas tributárias, monetárias e de crédito são tímidas no estímulo aos investimentos produtivos, os custos empresariais são altos, a infraestrutura é deficiente, a burocracia sufoca e o câmbio sobrevalorizado atrapalha.  

Alterações nesse contexto são necessárias não só para o resgate da competitividade dos produtos brasileiros, mas para que isso seja feito com respeito ao meio ambiente.

É importante que o sistema tributário considere a dimensão ambiental da atuação das empresas, com um corte de impostos mais agressivo para quem utilizar os recursos naturais de maneira eficiente e adotar modelos sustentáveis de produção.

A transição de um modelo de produção para outro, mais sustentável, pressupõe custos e riscos, que devem ser minimizados por políticas públicas amplas de apoio às empresas. O Governo, por exemplo, pode ser um indutor de práticas sustentáveis. Além do preço, as licitações públicas deveriam atribuir valor a critérios de sustentabilidades.

Hoje, sustentabilidade e a necessidade de aumento da competitividade andam de mãos dadas, com as indústrias buscando formas mais eficientes de utilizar recursos naturais e insumos.  

Diversas iniciativas de governança e certificação são resultado da interação entre empresas e organizações da sociedade civil. Colaboramos para um país melhor, gerando riqueza com maior eficiência, contribuindo com inclusão social e respeitando o meio ambiente.

A indústria está comprometida com a construção de mecanismos e políticas públicas que garantam a transição para padrões de produção mais sustentáveis. Somente o estreito diálogo entre governo, setor produtivo e organizações da sociedade civil poderão garantir que o crescimento da economia ocorra de maneira sustentável. Assim, consolidaremos uma indústria forte, competitiva e ambientalmente sustentável, que nos encha de orgulho.

* Carlos Takashi Sasai, empresário, é presidente da Fieac (Federação das indústrias do Estado do Acre)

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