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O novo (e péssimo) Jornalismo

Impressionante como a população acreana dá credi-bilidade a alguns veículos de comunicação que noticiam mentiras escracha-das. Por muitas vezes, o fato pode até ser verdadeiro, mas a mente é tão fértil que inclui histórias mirabolantes e segue à risca o dito “o povo aumenta, mas não inventa”.

Sei que não é certo, mas me recuso e me privo de ver principalmente alguns sites de notícias. É cada coisa que chega até dar ânsia de vômito. Ética é algo que não é visto por aqui. O jornalismo tem o objetivo de servir à sociedade e não de inventar e induzir a população a pensar errado sobre algo ou alguém.

Não faço parte de nenhum partido político (graças a Deus), mas em certos momentos dou razão aos políticos odiarem a imprensa acreana. Fico perplexa ao ver políticos que cedem às chantagens de certas pessoas que se dizem jornalistas (pra mim, nunca serão) e pagam todos os meses para que notícias “enchendo a bola” sejam veiculadas. Agora não pague pra ver: no outro dia tem uma matéria falando absurdos sobre a figura pública. Aí é onde o circo pega fogo e o povo gosta.

Triste mesmo é ouvir de pes-soas que conheço a seguinte frase. “Ah, você é jornalista? Então devo tomar cuidado com o que falo perto de você! Vai que você faz uma matéria sobre o que conversamos…”. Não ouvi isso uma vez, caro leitor, mas várias. E sinto vergonha por isso. Por causa de uns, toda a classe “paga o pato”. Sou comum, como qualquer outra pessoa. Sou jornalista durante meu expediente de trabalho. Após, é outra coisa.

Bobos são aqueles que acreditam fielmente em notícias veiculadas por falsetas que não tem credibilidade alguma. E ajudam a promover essa “safadeza” comentando, compartilhando em redes sociais, dando visibilidade a essa pouca vergonha.

No último dia 3 de maio, foi comemorado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O que mais vi foram pessoas comentando que aqui no Estado (como em qualquer outro lugar) isso não existe. Certamente, se houvesse mais transparência nas notícias, fatos apurados com responsabilidade, talvez pudesse até ter.

Enquanto vivermos em um Estado onde o “furo” da notícia é mais importante, seja ela verdadeira ou não, prejudicando, destruindo, a classe dos jornalistas não será respeitada. Iremos continuar vivendo sem liberdade e odiados. E, para encerrar este artigo, deixo um recado: Ei você, que passa o dia procurando “fuxico” para transformar em notícia e gosta do dinheiro na mão para mudar a versão da história, faz outra coisa, sai dessa área. Ou então vai pelo menos estudar e para de nos envergonhar. Fica a dica.

*Evely Dias é jornalista.

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