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Amazonas tem 100 mil crianças e adolescentes trabalhando

Quase 100 mil crianças e adolescentes, com idade entre 10 e 17 anos, trabalhavam ou estavam à procura de trabalho no Estado do Amazonas em 2010, conforme revelou o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse total, 35 mil crianças e jovens estavam na capital.
Trabalho infantil
No Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, que acontece hoje, pela manhã, vários órgãos governamentais das esferas municipal e estadual, além de Organizações Não-Governamentais (ONGs), participarão de uma caminhada com distribuição de adesivos alertando para o problema, na Zona Leste de Manaus. No período da tarde, haverá uma audiência pública na Aleac para debater o problema.

Os números são elevados e merecem cuidado porque, conforme explica o coordenador de divulgação do IBGE no Amazonas, Adjalma Jaques, esses meninos e meninas são aqueles que acabam deixando as salas de aula, principalmente na fase do ensino médio, onde as taxas de reprovação e abandono escolar são elevadas. Do total, mais de 8,6 mil crianças no Estado, com idade de 10 anos estavam economicamente ativas, sendo 1.522 em Manaus e 7.170 no Amazonas. Já as com 17 anos eram maioria, sendo 23.326 no Amazonas e 11.601 em Manaus.

Objetivos – Realizada pelo Governo do Estado e Prefeitura de Manaus em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a campanha de combate ao trabalho infantil tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade, comerciantes e empresários para as Convenções 138 e 182, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que têm regras claras a respeito do assunto, explicou a assistente social Sílvia Severiano, coordenadora do Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Fepeti). Ela explica que a Convenção 138 estabelece idade mínima para admissão no emprego, que não pode ser inferior a 18 anos, e a segunda, a 182, proíbe as piores formas de trabalho infantil. Como, na sua maioria, esses jovens trabalham com familiares, a abordagem será diferente, destacando a necessidade de convencer os adultos dos direitos desses pequenos, que é, prioritariamente, educação e lazer.

Sociólogo alerta para diferenças culturais – O sociólogo Luiz Antônio Nascimento, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), pede cautela na análise dos números do trabalho infantil tanto no Brasil quanto na Região Norte porque, segundo afirma, se pensarmos em trabalho no sentido de lógica de mercado é crime, mas não se pode confundir atividades com o acompanhamento dos pais, seja em casa ou na roça, situação comum na zona rural do Estado.

Para o especialista, uma criança na zona rural que vai caçar ou cuidar da roça com os pais está num processo de aprendizado e de sociabilidade, de “aprender a arte” de domínio da natureza. “É importante que faça isso nesse tempo de criança e jovem, porque do contrário não conseguirá ser um adulto proativo”, explica Luiz Antônio, citando como exemplo as crianças e jovens que acompanham os pais no trabalho de uma casa de farinha. Eles estão aprendendo em sintonia familiar, compartilhando de prosas do trabalho coletivo que são verdadeiras ‘salas de aula’, argumenta ele, contrapondo isso ao trabalho em carvoarias, feiras e até em casas de família da capital para onde as meninas ainda são trazida para cuidar de outras crianças e nos trabalhos de casa, sendo que muitas tornam-se vítimas de abuso sexual dos patrões. Para combater essas formas de trabalho, a receita é escola de qualidade, emprego e controle dos pais, finaliza Luiz Antônio. (Portal A Crítica)

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