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Cimi destaca caso de rotavírus na tribo Kaxinawá como ‘exemplo de desrespeito’ à saúde indígena

Rotavírus  triboPreservar a cultura indígena é um compromisso do país com a herança do seu passado. No entanto, manter as tradições torna-se mais difícil a cada ano, pois a vida nas tribos de toda a região amazônica é ‘assolada’ por inúmeros males, que vão desde o preconceito até a invasão de suas áreas por madeireiros e caçadores ilegais e doenças. Pelo menos é este retrato das aldeias que mostra o relatório ‘Violência contra os Povos Indígenas no Brasil’, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado na manhã de hoje (13).

O levantamento do Cimi aponta que 51 indígenas foram assassinados em 2011, em todo o país (41 homens e 10 mulheres). Um total com 7 casos a menos do que em 2010 e abaixo da média anual de homicídios do Cimi (55,8 mortes). Entre 2003 até o ano passado, o Cimi computou 503 assassinatos de indígenas.  

Destas 51 mortes, o campeão de homicídios é o estado de Mato Grosso do Sul, onde 32 índios das etnias Guarani-Kaiowá, Terena, Guarani Nhandeva e Ofayé-Xavante foram mortos (62,74% dos casos). O Acre teve apenas 1 caso registrado pelo Cimi, do assassinato de um índio Poyanawá (1,9%). Pará e Tocantins também só tiveram um caso registrado. Para completar os 51 casos, tiveram óbitos a Bahia (5), Pernambuco (3), Alagoas (2), Maranhão (2), Minas Gerais (2) e Rio Grande do Sul (2).     
Ainda sobre o Acre, o relatório indica que há um grande ‘desrespeito’ aos serviços de saúde indígena no Brasil, em especial de crianças. Carências que vão desde remédios, profissionais e equipamentos até o transporte e assistência constante.

Segundo o Cimi, foram 53 casos de desassistências de saúde em 2011, sendo um ‘exemplo claro’ deste cenário as ocorrências relatadas pelos Kaxinawás da Terra Indígena Alto Rio Purus, de Santa Rosa dos Purus/AC. Lá, o Cimi acusa que várias crianças apresentaram ‘sintomas do rotavírus, sem que as autoridades responsáveis tenham tomado as devidas providências para evitar que a doença se espalhasse’.

Ainda conforme o estudo do conselho ligado à Igreja Católica, 126 crianças indígenas com menos de 5 anos morreram em 2011 por ‘falta de assistência médica’. O Acre foi 3º maior responsável por este tipo de situação, com 10 casos (7,93%). À sua frente ficaram o Mato Grosso (89 casos – 70,63%) e Amazonas (11 – 8,73%). O ranking se completa com Amapá (7), de Roraima e do Tocantins (ambos com 3), do Rio Grande do Sul (2) e de Rondônia (1). 

Outros dados relevantes do levantamento de 2011 do Cimi são as ‘invasões’ de áreas de preservação indígenas (42 casos em 2011, 9 a menos do que em 2010); os de suicídios (26 casos); os atropelamentos (12 casos); e de tentativas de homicídio (27 casos).

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