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Na Ufac, pré-candidatura surge defendendo projeto que, enfim, vem para se fazer realmente modernizador

Fotos-da-Campanha-020 Professores Minoru e Guida Aquino estarão na disputaA Universidade Federal do Acre, já com quase meio século de existência, ainda precisa avançar em muitos aspectos. Instituições brasileiras de ensino superior criadas há pouco tempo, notadamente no âmbito das federais, já contam com inúmeros cursos de mestrado e doutorado nas mais diversas áreas do conhecimento, dentre outros progressos. Tem-se observado que uma certa aura provinciana ainda povoa as mentalidades de gestores que não privilegiam a competência, o mérito, o notório saber, mas se pautam por atitudes atrasadas e focadas num compadrio que só retarda o processo de desenvolvimento e atravanca a base que empresta solidez ao crescimento paulatino da pesquisa que se alia à extensão para a melhoria da qualidade do ensino. Muitos desconhecem completamente estas ligações tão óbvias, ou por elas não se interessam por descuidar-lhes a importância.

Nesse momento, quando se aproxima a eleição que apontará o novo Reitor da Instituição, propostas e pré-candidaturas surgem, como é o caso do Movimento Inova Ufac, liderado pelo Prof. Dr. Minoru Martins Kinpara, do Centro de Educação, Letras e Artes.

O professor Minoru é graduado pela Ufac. É Mestre e Doutor pela Unicamp, na área de Educação e Desenvolvimento Humano. Realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Salamanca – Espanha. Trabalha na Casa há quinze anos. Publicou três livros e diversos artigos científicos na área de Educação. Foi diretor de Apoio ao Desenvolvimento de Ensino, Diretor de Cursos e Programas Especiais de Graduação e Diretor do Núcleo de Interiorização e Educação a Distância / Ufac.

Cláudio Porfiro. Os nomes Minoru e Kinpara são originá-rios da língua japonesa e sugerem serenidade e energia. Seria este o perfil do líder de uma comunidade universitária que busca horizontes mais amplos?
Professor Minoru. Em primeiro lugar, considero-me acreano do pé rachado, embora tenha nascido goiano. O meu pai é japonês e minha mãe é de Minas. O ser acreano está em mim porque aqui cheguei aos cinco anos de idade e, desde então, o Acre sempre foi a minha casa, a minha terra. O termo Minoru significa frutífero, em japonês, e o kin, de Kinpara, denota ouro.  Resumindo, o meu nome traz a ideia de prosperidade e realizações. Ademais, é conveniente enfatizar que a cultura japonesa valoriza muito o nome da família. Eu, por exemplo, cresci ouvindo o meu pai dizer: filho, cuidado para não sujar o nosso nome, pois o nome limpo é o maior patrimônio da nossa família. Sempre tive a preo-cupação em ser correto na vida profissional, para não ter o meu nome e a minha foto manchando as páginas dos jornais. Sou casado e tenho quatro filhos.

C. P. Há a necessidade legal do cumprimento de algumas exigências com vistas à manutenção do status de Universidade para as instituições brasileiras de ensino superior. O que a sua gestão pretende fazer?
Prof. Minoru. Envidaremos todos os esforços para a manutenção desse status, potenciali-zando os investimentos no ensino, na pesquisa e na extensão, dando ênfase na necessidade da criação de doutorados na Ufac, bem como na consolidação dos mestrados já existentes e na criação de novos. São mais de quarenta e cinco anos e, até agora, não temos nenhum curso de doutorado. A Federal do Tocantins, criada em 2003, tem vários mestrados e doutorados institucionais. Necessitamos colocar a Ufac em outro patamar. Precisamos ser referência na área de Educação, na de Saúde, nas engenharias, no Direito, nas artes, e assim por diante.

C. P. A avaliação universitária prevê uma auto-avaliação da Instituição que vem seguida de uma avaliação dos professores pelos alunos. Uma terceira fase é a avaliação da comunidade externa representada  pelas entidades sociais organizadas. O que poderiam dizer esses organismos? A Ufac tem contribuído para o desenvolvimento do Estado do Acre?
Prof. Minoru. A Ufac  tem contribuído para o desenvolvimento do Estado. Temos excelentes profissionais egressos da Instituição e que estão exercendo as suas profissões de forma muito competente. Um bom exemplo são os vários programas de formação de professores da educação básica desenvolvidos em parceria com o Governo do Estado do Acre e as prefeituras. No entanto, creio que poderíamos ter avançado muito mais. Quero ver a Ufac servindo como referência para a nossa região, para o Brasil e para o mundo nas mais variadas esferas. Temos excelentes pesquisadores nos mais diversos campos da ciência. São profissionais que já estão produzindo e querem produzir ainda mais conhecimentos que possam ajudar no desenvolvimento do Estado.

C. P. Em quais campos ou áreas a Ufac poderia inserir-se, agora, para benefício das comunidades, notadamente, as do interior do Estado?
Prof. Minoru. A Ufac precisa consolidar os cursos já instalados em Rio Branco e em Cruzeiro do Sul. São vários os que precisam receber as condições necessárias para o seu funcionamento. A nossa prioridade será CONSOLIDAR e não ficar criando cursos e mais cursos sem garantir as condições adequadas. Precisamos contratar mais servidores, desenvolver uma política de qualificação para professores e técnicos administrativos, equipar os laboratórios, investir na biblioteca, na Utal, no Parque Zoobotânico, na gráfica, no Colégio de Aplicação, dentre outros, além de prover o serviço de assistência ao estudante, de forma a que este aja concretamente em busca da solução de problemas como o da moradia universitária. A nossa presença de modo definitivo nos outros municípios precisa fazer parte do Projeto de Expansão das Universidades Públicas do Ministério da Educação, o MEC. Para que isso ocorra, precisamos contar com a ajuda da bancada de parlamentares do Acre, independentemente da filiação partidária.

C. P. O Campus Floresta, de Cruzeiro do Sul, já conta com uma estrutura bastante razoável. O Campus Fronteira, em Brasiléia, está ainda por se estruturar. Quais seriam os próximos passos da interiorização? Outros campi poderiam ser instalados?
Prof. Minoru. A expansão das ações da Ufac é ponto pacífico e não há quem não a advogue, principalmente, onde outras esferas do poder, como o Governo do Estado, também já concentrem os seus esforços. Todas as universidades públicas brasileiras instalam, a cada ano, polos acadêmicos avançados que interiorizam a transmissão – aquisição do conhecimento sistematizado. Este é um dos focos principais do nosso plano. Há que pensarmos, sim, a ampliação das ações considerando, antes, a garantia das condições razoáveis de implantação do que for pensado e planejado.

C. P. Há os que já passaram pela Reitoria e se dizem expe-rientes. Há sempre uma espécie de tentativa de perpetuação no poder. A inovação aqui proposta e a repetição de experiências passadas poderiam aliar-se?
Prof. Minoru. Nós temos pré-candidatos que já administraram ou estão administrando a Ufac. Juntando o tempo de cada um deles, são dezesseis anos. Eles já tiveram a oportunidade de mostrar o que poderiam fazer pela Instituição. Observe-se que há pes-soas que já se acomodaram nos seus cargos de confiança. Mas há uma superior maioria já cansada de ver o nome da Ufac aparecendo mal nos meios de comunicação. A Ufac é a nossa segunda família e o nome dessa família precisa ser zelado. A experiência aliada a modelos diferenciados de gestão podem andar juntos, sim.

C. P. O desenvolvimento institucional não pode prescindir de um esquema de qualificação amplo. O que pode ser feito nesse sentido?
Prof. Minoru. Temos que garantir mestrados e doutorados para além dos professores, ou seja, também para os técnicos administrativos. Precisamos incentivar a saída para a qualificação, também, fora do Estado e inclusive para o exterior. A formação dos servidores, em sentido amplo, deve ser a política maior da Instituição, e não, simplesmente, apenas um desejo do servidor. Por isto, contatos iniciais já foram feitos com órgãos federais que darão suporte à construção da nossa escola de governo, este, um centro de formação de recursos humanos que privilegie não apenas a capacitação, mas a própria melhoria da qualidade de vida dos servidores e a excelência no atendimento.

C. P. Centralização significa atraso. Quais seriam as suas impressões acerca deste postulado?
Prof. Minoru. Sem dúvida, a maioria das decisões é centralizada. O nível de centralização é tanto que uma simples portaria de liberação para um servidor participar de um seminário na Universidade de Rondônia, por exemplo, tem que ser assinada pelo dirigente maior da Instituição. Por que um diretor de centro não pode assinar? Por que os que compõem a Administração Superior são tão reprimidos nas suas atitudes? Por que as suas decisões não valem à pena? Iremos garantir, com certeza, mais autonomia para as unidades, para os centros e para as coordenações de curso, em acordo com as normais institucionais vigentes.

C. P. Minoru Kinpara e Guida Aquino, jovens e comprometidos, pré-candidatos a Reitor e a Vice, podem significar inovação real?
Prof. Minoru. Sim, temos nos cercado de pessoas competentes que têm ficha limpa e que acreditam nos princípios que defendemos. A nossa inovação não está apenas no papel. É real. Não iremos, por exemplo, fazer conchavos ou quaisquer alianças que firam os nossos preceitos. Infelizmente, há candidatos que vendem a alma para ganhar uma eleição.  Nós, ao contrário, não abrimos mão dos nossos princípios. A candidata à Vice-Reitoria é a Profa. Dra. Guida Aquino, do Curso de Enfermagem; uma excelente profissional, organizada, competente, dinâmica e que está afinada com o que defendemos.

C. P. Há um quadro de professores e um quadro de técnicos administrativos, ambos com a necessidade urgente de capacitação, principalmente os mais novos. Há programas específicos que poderiam ser efetivados de modo a contornar a situação?
Prof. Minoru. Iremos priorizar também a qualificação do pes-soal técnico-administrativo. Viabilizaremos minters e dinters (programas especiais de mestrado e doutorado) para todos, notadamente, os lotados em Cruzeiro do Sul. Possibilitaremos a sua participação em eventos científicos ligados à área de atuação na Ufac. Considere-se, é claro, que o princípio da qualificação é obrigatório e deve ser aplicado a todos os servidores, indistintamente, sejam eles técnicos ou professores. Está prescrito em lei.

C. P. Estão sendo construídos suntuosos teatros em Rio Branco e Cruzeiro do Sul, nas instalações dos campi. Antes, não seria a vez da estruturação ou consolidação dos cursos já existentes?
Prof. Minoru. Com certeza, o novo anfiteatro  –  ou Centro de Convenções  –  que está sendo construído no Campus de Rio Branco vai ficar muito bonito. São quase oito milhões de reais de investimento. Mas confesso que, se fosse eu o reitor, não teria priorizado a sua construção. Teria prio-rizado a climatização das salas de aula, a compra de equipamento para os laboratórios já existentes e a construção de novos; salas para professores, melhorias na Biblioteca, na gráfica, no Parque Zoobotânico, na Utal, no Colégio de Aplicação, dentre outros. Foram criados vários cursos que precisam de estrutura e condições para se consolidar. Reconheço o significado do novo anfiteatro, mas não o vejo como prioridade.

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