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Coordenador da bancada federal quer garantir vagas para curso de Medicina

imagem330775O coordenador da bancada federal do Acre, senador Aníbal Diniz, recebeu com indisfarçável surpresa a informação de que a reitora da Ufac, Olinda Batista, não garante a ampliação de 40 vagas para o curso de Medicina “por falta de estrutura”, como declarou a reitora em entrevista coletiva durante a semana.

“Nós não podemos perder essa oportunidade”, declarou Diniz ao ser informado da situação. “Podemos pensar na possibilidade de termos estudantes de Medicina em Cruzeiro do Sul utilizando inclusive e estrutura do Hospital do Juruá como hospital-escola”.

A ampliação das vagas em Medicina autorizada pelo Governo Federal por meio de uma portaria assinada pela secretária de Educação Superior do Ministério da Educação, Priscila Cândido Ubriaco de Oliveira.
As declarações da reitora Olinda Batista foram verdadeiras. Na atual situação administrativa, não há condições de receber essas vagas. O Governo Federal quer garantir a formação e presença de mais médicos em regiões onde há defasagem, mas não instrumentaliza as universidades federais para essa necessária ampliação.

“Eu quero ver o que é que o MEC vai dar”, pontuou a reitora quando questionada sobre a necessidade de realização de concurso público.

A situação canaliza responsabilidades sobre a bancada federal acreana. Os parlamentares têm a obrigação de pressionar e se articular politicamente para garantir a efetivação das vagas para o Acre.
A Organização Mundial de Saúde estabelece que a relação ideal é um médico para cada grupo de mil habitantes. De acordo com o IBGE, o Acre descumpre a orientação da OMS: possui 0,92 médicos por cada grupo de mil.

A região Sudeste possui 2,81 médicos por cada grupo de mil habitantes. O Norte 1,12. O Nordeste 1,20.  Enquanto o Sudeste tem quase três vezes mais médicos do que a OMS recomenda, o Norte vai se equilibrando como pode.

A transparência na condução do processo por parte da bancada federal é importante. De outra forma, vai ficar complicado explicar politicamente como é que o Governo Federal quer formar mais médicos no Acre, a Ufac diz não ter condições de ampliar e os parlamentares se mostram indiferentes.

O Plano de Expansão de Educação em Saúde para Regiões Prio-ritárias quer ampliar das atuais 735 vagas em instituições federais de Ensino Superior para 1.615.

Ufac não pontua no ranking Quacquarelli Symonds
A consultoria britânica Quacquarelli Symonds realizou de forma inédita o ranking das 250 melhores instituições de Ensino Superior da América Latina. A avaliação inglesa sobre universidade é feita desde 2004, mas a primeira vez foi regionalizada.

A Ufac não conseguiu nem entrar na lista. No Norte, apenas a Federal do Pará (116º lugar) e Amazonas (161º) conseguiram ranquear.

A reitora acriana Olinda Batista garante que deve estabelecer uma política de metas para as coordenações dos cursos com obrigação de um número mínimo de publicações em revistas acadêmicas com reconhecimento na comunidade científica.

Os critérios avaliados são: número de trabalhos acadêmicos publicados ou citados (pesquisa); empregabilidade (adequação dos estudos no cotidia-no da comunidade e/ou empresas); ensino e internacionalização (presença da universidade fora do país).

A selação analisou uma amostragem grande utilizando 18 mil artigos em mais de 5 mil editoras. Não ter número mínimo de publicação de cientistas do Acre no grupo coloca para baixo a produtividade acadêmica regional.

“A Ufac é um bom exemplo de que o todo é menor do que a soma das partes”, analisou um acadêmico da instituição. “Um bom time, um bom grupo, uma boa equipe tem o todo muito maior do que a soma das partes”.

O raciocínio do acadêmico é de que, isoladamente, a Ufac possui bons pesquisadores, mas o conjunto não apresenta defesa adequada à importância da instituição com o desenvolvimento regional.

A ausência de um programa regular de doutorado também limita a qualidade da atua-ção da universidade. Hoje, os doutorados são feitos em parcerias com outras instituições de ensino superior do país.

Nesse ritmo, outro professor da Ufac, que não quis se identificar, avalia que a identificação da instituição com a comunidade “vai se distanciando”. E o pior, detalha o professor, “é que instituições como o Ifac têm uma tendência a preencher essa lacuna com ações muito práticas na vida das pessoas”.

O professor continua a análise. “O Ifac têm um formato que se modifica constantemente para atender os arranjos produtivos locais. Estão certos”, afirmou. “É uma forma interessante da relação entre Educação e o Desenvolvimento. Por esse princípio, qual o papel da Ufac”, pergunta.

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