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Saída de Mauro Ribeiro fortalece o movimento pela fusão Seap/Seaprof

RibeiroA fusão entre a Secretaria de Estado de Agropecuária e a Secretaria de Estado de Agroextrativismo e Produção Familiar já foi tema de longos debates na equipe de transição entre os governos de Binho Marques e de Tião Viana. Mesmo com Mauro Ribeiro sendo defensor do formato de uma única secretaria que atendesse o setor produtivo, o vácuo deixado na Seap possibilita melhores manobras no movimento pró-fusão por parte do Palácio Rio Branco.

Durante a transição, assessores palacianos deixavam vazar, sem cerimônia, a concepção do então governador eleito Tião Viana sobre o perfil ideal de um gestor. “Ficar muito tempo no cargo não é bom”, afirmava Tião. A fala era um indicativo direto sobre a desejada mudança que se planejava para a Seap.

Homem de extrema confiança do atual senador Jorge Viana, Mauro Ribeiro permaneceu no cargo. E, com ele, a continuidade de um formato administrativo que a própria equipe de governo já considerava ultrapassado.

A divisão entre Seaprof e Seap naturalmente polariza uma situação de conflito. É o que avalia o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Veronez. “Essa divisão é ideológica”, afirma. “Esse é um formato desenhado pelo Governo Federal que não tem sentido. O setor é um só”.

Para o presidente da Faeac, o próximo secretário deve ter um perfil de “proximidade” com o produtor semelhante ao praticado por Ribeiro. “Mauro era muito próximo dos produtores”, afirmou. “A agricultura, diferente da pecuária, precisa da mão indutora do Estado para melhorar a produtividade nas áreas já abertas”.

A possível fusão, no entanto, encontra resistências entre os trabalhadores rurais. Na última reunião que houve na Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Acre, 16 sindicatos debateram o assunto. E foram contra. “Não vai ser positivo”, afirmou o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Acre, Manoel Cumaru. “A demanda da Seaprof já é demais para o tamanho dela, imagine se juntar com a Seap”.

O secretário de Estado de Articulação Institucional, José Fernandes do Rêgo, foi procurado pela equipe para falar sobre a possibilidade da fusão. Estava participando de um seminário no RJ e assegurou que retornaria a ligação. Não retornou até o fim desta edição.

Ribeiro: “sair de equipe de governo é normal. O anormal é demorar muito”
Mauro Jorge Ribeiro deixa a Seap após 10 anos de atuação na pasta. O legado deixado por ele registra um período de profis-sionalização da relação entre técnicos e produtores. Ribeiro chegou ao governo pelas mãos do ex-governador Jorge Viana (na segunda metade do primeiro mandato) e, desde então, tentou emplacar políticas públicas que assegurassem melhoria na produtividade.

“Nunca recebi um ‘não’ dos governadores com quem trabalhei”, afirmou. “Se não fiz mais foi por pura incompetência”. A declaração é uma forma de reconhecimento aos três governadores a que serviu e uma tentativa de amenizar os desgastes naturais de quem fica tanto tempo na condução de um órgão de estado.

“Sair de equipe de governo é normal. O anormal é demorar muito”, brincou Ribeiro. Alegando questões pessoais para a saída (realização de curso de doutorado na Ufac), o ex-secretário faz questão de frisar que continua na defesa do projeto executado pela Frente Popular. “Só saio da folha de pagamento. Não saio da equipe”, avisa.

“Mauro Ribeiro teve dificuldades em ‘governos passados’”, avalia o presidente da Federação da Agricultura e Pe-cuária do Acre, Assuero Veronez. “Ele não teve apoio orçamentário de acordo com a importância da pasta que administrava. O que tem sido tentado na atual gestão, incluindo a ampliação da base produtiva”.

Os “governos passados” a que se refere Veronez, na verdade, é uma crítica que faz à gestão de Binho Marques. Em outras declarações públicas, Veronez já avaliou que o setor produtivo teve “muitas dificuldades” com Marques no governo. E isso, segundo Veronez, refletiu na condução da Seap.

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