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Dentaduras, camisas, Justiça e eleitos

Não sei se sou totalmente leiga, mas a impressão que tenho é que nos últimos anos a Justiça Eleitoral vem mudando as regras do jogo pouco antes do início ou no meio da partida. Regras que valem para uma eleição já não valem mais dois anos, ou quatro anos depois. Gostei  de algumas ações, algumas proibições. Mas acho que um pouco do “brilho da festa” foi tirado do povo, que adorava sim, as camisetas, e até as dentaduras. Porque não?

A  D. Maria e o seu Zè, com certeza gostariam sim de ganhar dentaduras e camisetas. Os dentes serviram para acabar com o sofrimento na hora de comer a carne de segunda. As camisetas, para trabalhar, dormir, limpar os móveis… Mas não é porque D. Maria usava  a camiseta, ou recebia  a dentadura, que votava  no tal candidato do qual recebia  o “mimo”.  Com certeza isso pode ter tido sim seu momento, mas hoje a  D. Maria é muito mais informada. E mais :tem sua sabedoria de mãe, mulher, cidadã. E seu Zé, aprendeu com ela com certeza.

Sei sim que a intenção da Justiça Eleitoral é  “proteger” o cidadão, o eleitor. Mas  nas urnas, o eleitor demonstra sim sua sabedoria. Elege majoritários de um lado, muitos proporcionais de outro lado. Sabe dividir o poder. O eleitor sabe fazer seu próprio “filtro” contra os que só se utilizam das dendaturas como material de campanha.  

Sei também que as vezes o filtro tem brechas e “muita coisa passa”.  Muitos chefes de executivos de vá-rias cidades e estados e parlamentares  federais, estaduais e municipais, são a prova da falha desse filtro. Aqui mesmo no Acre, há exemplos claros disso. Na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal de Rio Branco e de cidades do interior, há sessões que beiram o cômico. Há eleitos que no máximo arrancam risadas. Mas mesmo assim creio na sabedoria do povo, que não precisa ser tão “protegido” pelas leis eleitorais.

Aí quando a gente pensa que a campanha passou, que finalmente o povo se expressou, que os votos serão contados e o mais  votado vai assumir o poder, começa o tal “terceiro turno” das eleições. São ações e mais ações e no fim, nem sempre o voto vale mais do que a decisão de juízes, desem-bargadores, colegiados.

Bato palmas para a Justiça Eleitoral, mas bato palmas também para a sabedoria popular e torço para que  as eleições voltem a ter “mais  brilho”. É bom ver o povo nas ruas, junto sim, amontoado sim, com bandeiras sim, camisetas de cores que identificam os candidatos sim, antes e no dia da eleição. É a festa da Democracia e merece ter grande estilo. Torço para que a vontade do povo não vire ação, processo. Torço para que o voto seja respeitado!!!!  
 
*Sandra Assunção é jornalista.
E-mail: sandraassunção42@gmail.com

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