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Cientistas encontram 16 geoglifos na fronteira do Amazonas com o Acre

Cientistas encontraram 16 novos geoglifos nas áreas florestais localizadas nas proximidades da fronteira do Amazonas com o Acre. A descoberta aconteceu durante um voo, realizado no dia 16 de junho, às margens da BR 317. O grupo de pesquisadores é liderado pela professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Denise Schaan.
geoglifocolagem
Geoglifo é o nome dado a formações fechadas por ávores ou fossos e, em geral, de formato circular ou retangular em que só é possível ser visualizado através de sobrevoo. A denominação está relacionada as Linhas de Nazca, formações localizadas no sul de Peru. Um dos geoglifos recém-descobertos foi visto a 20 km de Boca do Acre (AC), a 1.028 km de Manaus, e tem o formato de retas paralelas com limites por árvores. Outro foi encontrado à margem direita da BR-317, perto da fronteira do Acre com o Amazonas. A formação tem o desenho de figuras retangulares e árvores de castanheiras mortas foram encontradas nas proximidades.

De acordo com a pesquisadora Denise Schaan, as formações apresentam limitações que isolam o local tornando-o fechado. “Em um dos geoglifos, há um fosso bem profundo de até três metros e largura de 11 metros. Os locais são cercados e torna mais difícil passar para o lado de dentro. Sem contar que eles não só cavavam o fosso, como também construíam espécies de muretas para bloquear o acesso de quem está do lado de fora”, detalhou a pesquisadora.

Ainda segundo Denise Schaan, as formações encontradas próximo à Boca do Acre estão localizadas perto de áreas populosas, mas muitos geoglifos estão em florestas. A pesquisadora afirma que os desenhos, vistos através de sobrevoo feitos na área, estão associados a tribos indígenas que habitaram no local. “Inicialmente, se pensava que eram locais de defesa associados a uma espécie de proteção durante a guerra. Mas depois encontramos vestígios de habitação que indicavam que os locais foram habitados e tinham funções distintas, como centros de cerimônia, por exemplo”, explicou a pesquisadora.

Os 16 novos geoglifos são somados a outros geoglifos estudados no local. O sobrevoo realizado pelo grupo de pesquisa faz parte de um projeto financiado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com a UFPA. “Até 2010, já se somava 18 geoglifos que já conhecíamos por imagens de satélite e esse voo era para identificar e estudá-los. Acabamos encontrando mais 16 e creio que existam muitos outros mesmo porque, com a ação do tempo, alguns já podem até ter desaparecido”, afirmou a pesquisadora ao G1.

Os cientistas estimam que a construção de vestígios datam do período compreendido entre o século I e o século XIII da era geológica atual. Segundo a pesquisadora da UFPA, as formações estão ligadas a tribo Aruak. “Não é possível afirmar com absoluta certeza porque isso ainda precisa ser estudado, mas os Aruak viviam no local e a história deles está ligada a construção com o manejo de terra”, afirmou.

A pesquisadora lidera o grupo de pesquisa de geoglifos em que estão inseridos cientistas do Instituto Iberoamericano de Finlândia, de Madrid; da Universidade de Helsinki, Finlândia; da Universidade Federal do Acre (UFAC); da Universidade Federal de Goiás, e da UFPA. (G1)

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