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Daime coloca o Acre na rota do Turismo religioso

Em Aparecida do Norte, São Paulo, a adoração é por Nossa Senhora Aparecida. Em Juazeiro e Canindé no Ceará, a atração são as estátuas e histórias de São Francisco e Padre Cícero. Em Belém, o Círio de Nazaré atrai milhares de turistas.  No Acre e interior do Amazonas, é o Santo Daime, a religião que utiliza um chá feito de cipó e folha, que atrai o turismo religioso.
Duas igrejas daimistas fizeram encontro com mais de 150 pessoas de todo país
Durante o mês de julho, duas igrejas localizadas no Ramal da 5 Mil, em Rio Branco, realizam Encontros que atraem mais de 150 pessoas de vários Estados, como o Ceará, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na Igreja 5 Mil, a ideia é demonstrar o ‘trabalho espiritual’ de várias igrejas locais, dando aos turistas a oportunidade de conhecer cada uma. A cada dia, uma delas, como a Barquinha de Dona Chica Gabriel, ou a comitiva do Seringal Fortaleza do padrinho Luiz Mendes, apresentam seu trabalho espiritual. A programação prossegue até o dia 28 de julho.

Segundo o mentor do encontro, Wilson Carneiro de Souza Neto, o objetivo é, além de fazer a confraternização entre todas as linhas diferentes de trabalhos espirituais que utilizam o chá do Santo, dar aos turistas essa vivência diferenciada. “Temos trabalhos na igreja e também na floresta. Cada igreja tem uma forma diferente de lidar com as forças da natureza, os espíritos. São manifestações diferentes e, por isso, resolvemos fazer este Encontro, para cada uma se conhecer. E quem vem de fora tem a oportunidade de conhecer várias linhas de trabalho ao mesmo tempo”.     

Para o Pronto Socorro Raimundo Irineu Serra, Zelador Wilson Carneiro de Souza, que fica há 1 Km da 5 Mil, vieram mais de 107 pessoas. A maior comitiva veio do Ceará, com 57 membros. O líder do grupo é o empresário e advogado Fernando Guanabara, que explica que vem ao Acre anualmente para o Encontro, desde 2007.

“É preciso beber na fonte. Ver no pé do cipó e a folha, ver o Daime sendo feito, sentir a energia da floresta. Aqui tudo é mais intenso. No 1º Encontro vieram duas pessoas, depois 15, agora mais de 50. Nos próximos encontros, a comitiva deve aumentar. Guanabara diz que sempre faz questão de conhecer pontos diferentes de Rio Branco quando vem à cidade e relata que vê com orgulho, que no principal Museu de Rio Branco, o da Borracha, há toda a história do Santo Daime, inclusive com as fardas. “A história do Santo Daime se confunde com a do Acre”. Na frente do Palácio Rio Branco, por exemplo, há uma placa com os nomes das pessoas que contribuíram para a autonomia do Acre e o nome do Mestre Irineu está lá”, relata Fernando Guanabara.  

Neste ano a atração especial é a comemoração dos 50 anos de missão no Daime do Padrinho Raimundo Nonato Teixeira de Souza, presidente do Pronto Socorro. Nonato diz que a maio-ria dos visitantes vem em busca de conhecer a raiz da história do Santo Daime. Ouvir os relatos de pessoas que conviveram com o fundador da doutrina do Santo Daime, Raimundo Irineu Serra. Nonato explica que muitas igrejas no Acre ‘apadrinham’ núcleos abertos em outros estados. E esses membros fazem questão de conhecer a igreja mãe, conviver com os daimistas da floresta. “Há também quem nunca foi em igrejas fora do Acre e vem direto para cá”, relata Nonato.
Caravanas de adoradores de fora aumenta a cada ano
Muitos integrantes das comitivas ficam nas próprias comunidades, em casas, ou acampados, mas a maioria fica em hotéis da cidade. O gerente de um dos maiores hotéis do Centro de Rio Branco, Leandro Souza, diz que o turismo religioso em busca do Daime, principalmente nos meses de junho, julho e dezembro, é responsável por cerca de 60% do movimento do hotel. Segundo ele, são turistas nacionais e estrangeiros. Ficam em Rio Branco por um tempo médio de 8 dias e a maioria, segundo ele, segue para o Céu do Mapiá, uma comunidade daimista que fica no interior do Amazonas, próximo de Boca do Acre.

O gerente explica que o este público sempre anda em grandes grupos e têm peculiaridades. “Eles têm que fazer uma espécie de dieta antes de tomar o Daime, então pedem comidas leves. Como na maçonaria, entre os daimistas também há o hábito de ficarem mulheres para um lado e homens para outro. Não são barulhentos e se recolhem cedo”.  

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