A Central Única dos Trabalhadores no Acre (CUT) realizou, na manhã de ontem, uma reunião com as famílias que foram expulsas de uma área de terra na Transa-creana. Na quarta-feira, 4, eles tentaram retornar, mas foram impedidos pela polícia. Cerca de 150 famí-lias estão desabrigadas.
Segundo Rosana Nascimento, presidente da CUT, há 2 anos o Instituto de Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se comprometeu a assentar os posseiros na área. “Quando os posseiros foram despejados, fomos ao Incra e eles se comprometeram a fazer o cadastro e o levantamento das famílias para retomar a área, pois 50% é do fazendeiro e a outra metade pertence à União. Os posseiros já moravam há anos na área. Ninguém nem sabe se as terras pertencem a esse fazendeiro. Aguardamos 2 anos pelo Incra e, como não tivemos respostas, resolvemos voltar para as terras. Lá, havia produção, derrubaram tudo, tomaram os instrumentos de trabalho das famílias. O fazendeiro estava vendendo as áreas para que os posseiros não retornassem. Vamos reorganizar e voltarmos, pois os posseiros que são os donos das terras”.
A líder da ocupação, Zuila Santos, falou que a polícia, além de proibir a passagem dos posseiros, confiscou seus instrumentos de trabalho. “Alguém denunciou que estávamos voltando. Estavam a Polícia Militar e o Bope já nos esperando na estrada. Eles tomaram os nossos terçados e falaram que se a gente quisesse de volta tinha que ir pegar no lixo. Ninguém aqui é marginal. Somos trabalhadores. Proibiram-nos de passar e voltar para as terras”.
A presidente da CUT afirmou que a polícia está a favor dos fazendeiros. “Queremos que o comandante da PM nos informe quem fez a denúncia, pois eles nem chegaram a ocupar a área e já impediram os posseiros. Isso demonstra que existem pessoas dentro do governo beneficiando latifundiários. Os policiais estão a serviço dos fazendeiros, enquanto lá em Sena Madureira, por exemplo, os trabalhadores estão sendo ameaçados e nada foi feito. Já fizemos várias denúncias e eles não foram atendê-las. Eles ficam do lado de quem tem dinheiro, de quem está nas terras da união e de quem não permite a reforma agrária”, disse Rosana.
Sem ter um local adequado para morar, os posseiros estão acampados na sede da CUT. “Não temos para onde ir. Falta alimentação e têm muitas crianças aqui. Estamos dormindo no chão. Queremos que algo seja resolvido, precisamos de um lugar para ficar”, finalizou Zuila.