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Delegado de Polícia Civil é denunciado por crime de tortura contra adolescente

O Ministério Público Estadual (MPE), através do promotor de Justiça em Brasiléia, Alekine Lopes dos Santos, iniciou Procedimento Criminal para apurar uma denúncia de tortura. O crime teria sido supostamente praticada pelo delegado de Polícia Civil Cristiano Ferreira de Bastos e 4 agentes da delegacia de Brasiléia, contra um adolescente morador daquela cidade. O menor, juntamente com a mãe, procurou o promotor de Justiça e relataram que o menor teria sido apreendido sem mandado de prisão e torturado pelo delegado e 4 agentes, sendo submetido a torturas fí-sicas e psicológicas para confessar uma ameaça de morte contra o delegado Cristiano.

Na denúncia, o adolescente relata que foi levado para um lugar ermo, onde foi torturado e ameaçado de morte.

Em seguida, foi levado para o prédio da delegacia. Lá, ele foi algemado com as mãos para cima e obrigado a segurar um peso até ficar exausto. Depois, os agentes de polícia teriam algemado as mãos do menor para trás, ligaram um fio elétrico e deram choques no corpo dele.

O menor relatou, ainda, que durante a tortura o delegado Cristiano Bastos insistia para que o menor confessasse ser o autor das cartas de ameaças de morte. Relatou também que, em um determinado momento, o delegado efetuou um tiro próximo ao ouvido do menor, depois ameaçou que o próximo disparo seria na cabeça do adolescente.

Em depoimento ao promotor de Justiça, o adolescente contou que, por fim, os agentes de polícia teriam colocado um saco plástico em sua cabeça, asfixiando-o. No ato, ele sempre era perguntado se iria confessar ser o autor da carta de ameaça contra o delegado e a família dele. Já não suportando mais as torturas, o menor contou que decidiu confessar o que o delegado e os agentes queriam, temendo ser morto.

Segundo a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Polícia Civil, a denúncia contra o delegado não foi formalmente comunicada nem pelo Ministério Público de Brasiléia, nem pela família da suposta vítima. Em conversa por telefone, o delegado Cristiano Bastos, acusado pela tortura, disse ao assessor de imprensa que foi ameaçado de morte pelo menor em questão.

Cristiano disse que primeiro teria sido informado por um morador de Brasiléia que o menor estaria afirmando que pretendia matá-lo e qualquer membro de sua família. Mas o delegado disse que não deu importância a informação até receber uma carta em que ele e a família eram ameaçados de morte.

Cristiano Bastos contou que mandou intimar o menor a comparecer à delegacia, mas ele não compareceu no dia marcado. O delegado, então, determinou que agentes da Polícia Civil conduzissem o menor à delegacia, para esclarecer as ameaças contidas na carta.

O menor, junto da mãe, foi levado à presença da autoridade policial. Ele foi ouvido formalmente a respeito das ameaças, mas teria negado ser o autor, apontando outro adolescente como o responsável pelo envio da carta. O menor apontado por ele foi ouvido pelo delegado e teria reafirmado que a carta foi escrita pelo 1º adolescente.

Novamente, o delegado mandou intimar o menor, mas, segundo ele, quando os agentes foram à casa do rapaz não teriam o encontrado. Dias depois, um morador de Brasiléia teria procurado o delegado e contou que estaria sendo ameaçado pelo mesmo adolescente.

De acordo com o delegado, novamente o menor foi levado à delegacia acompanhado de familiares e foi ouvido sobre as amea-ças ao morador do município. Ele também negou a autoria das ameaças e foi liberado.

O delegado afirmou que em momento algum conversou sozinho com o menor e que nas duas vezes em que ele foi levado à delegacia estaria acompanhado da mãe e de um parente.

Segundo a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Polícia Civil, na tarde de ontem, 3, após tomar conhecimento, pela imprensa, das acusações de supostas torturas do delegado Cristiano Bastos, titular da Delegacia de Polícia de Brasiléia, a Corregedoria Geral de Polícia enviou representante para ouvir o delegado sobre as denúncias.

A assessoria informou que a Secretaria Geral de Polícia já iniciou os procedimentos para apurar a denúncia e reafirma que não compactua com qualquer ação criminosa. A denúncia será apurada com todo o rigor e a sociedade será posteriormente informada sobre o andamento das investigações.

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