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Incra pode tomar lotes de terras de Bocalom

O chefe subs-tituto da Divisão de Desenvolvimento do Incra, Jamil Rêgo,  disse que o setor está verificando se os dois lotes de terra que eram destinados à Reforma Agrária e que foram vendidos à Tião Bocalom, poderiam de fato ter sido negociados. Segundo Jamil, os lotes foram titulados em 1991, mas nem todos os requisitos teriam sido cumpridos. “Para vender os posseiros têm que ter recebido o título há dez anos, pagar devidamente o Incra, registrar os lotes em cartório oficialmente.

De acordo com a primeira verificação, nem tudo está correto com relação a estes dois lotes”, declarou o funcionário que não descarta a possibilidade do Incra retomar as terras. “Essa venda é bem comum no Acre, mas o Incra tem processos para reaver vários lotes nessas condições. O Incra não considera ética a venda de terras que seriam destinadas a agricultores pobres”, declara.  

Em 2008, Bocalom comprou lote de  Rosa Capóia, por R$ 40 mil. Em 2011 comprou de  Elias Borges, por R$ 40 mil, outro lote de terra no projeto de Assentamento PAD Peixoto, ambos no Ramal do Bigode. A área total, segundo Bocalom é de 160 hectares, sendo 80 hectares de pastagem. Há ainda duas casas em madeira e tanques para  peixe. O valor das terras declarado à Justiça Eleitoral é de R$ 400 mil.     

OUTRO LADO
Nesta segunda pela manhã, Bocalom, que é candidato a prefeito de Rio Branco, chamou a imprensa para uma entrevista coletiva e culpou os profissionais da imprensa pela “perseguição” que estaria sofrendo. Ele disse que comprou os lotes depois que eles foram titulados, que tudo foi feito com aval dos cartórios. Perguntado sobre a ética, já que as terras são destinadas à reforma agrária, Bocalom, se limitou  a dizer que toda a negociação foi feita corretamente.

Sobre o patrimônio dele, que teria dobrado em dois anos, passando de R$ 500 mil para R$ 1,1 milhão, Bocalom explica que as terras de sua propriedade, foram valorizadas. Disse que tem cerca de 200 reses que foram financiadas pelo Banco da Amazônia, que também financiou dois veículos e uma moto. Ele explicou ainda que tem terras em Acrelândia, que estão sendo vendidas em lotes. Bocalom que é ex-prefeito de Acrelândia é professor do Estado e recebe mensalmente R$ 2.600.

CONFUSÃO
No final de semana, parte da imprensa local, divulgou que Bocalom teria declarado no TRE, dois lotes no projeto Pad Peixoto, que não seriam dele. O candidato disse que errou ao enumerar os lotes. Teve que enviar documentação para a Justiça Eleitoral, nesta segunda feira, comunicando a verdadeira numeração dos lotes que comprou de dois beneficiários da reforma agrária. Em seguida mostrou à imprensa os documentos de compra de dois lotes, feitos no Tabelionato de Notas da Comarca de Acrelândia e no Cartório Almeida Silva, também em Acrelândia.  

Na presença de vários jornalistas, convidados por ele para uma explicação sobre a compra dos lotes, Bocalom, disse que é vítima de perseguição por parte dos profissionais e do Governo do Estado, que apoia a candidatura de seu opositor, Marcus Alexandre (PT). Ele disse que está tendo a vida pessoal devassada.

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