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Luta por qualidade de vida!

O fechamento da BR 364, na altura do Km 2, nesta última quinta-feira, pelos moradores dos residenciais Santo Afonso, Jacarandá  e Rosalinda, pelo menos no que se refere ao Santo Afonso, aconteceu por causa das precárias condições em que vive este residencial. Aqui convivemos com uma bandidagem dos infernos que vivem a roubar e saquear casas de cidadãos de bem; além disso, no inverno, as ruas, notadamente as transversais são intrafegáveis. No verão, caso atual, a poeira permeia os quadrantes dos residenciais. Aliás, volto a repetir o que disse recentemente: o Poder Público, talvez por força do contrato com a Caixa Econômica, para liberar as casas do conjunto Jacarandá, “asfaltou” a “avenida” Francisco Pinheiro de Moraes com tal de “asfalto frio”. Hoje, quem quiser pode vir constatar in loco, essa via esta completamente esburacada. Dinheiro, não se sabe de quem, jogado no lixo por quem de direito. Trabalho malfeito, já que meteram “asfalto” numa rua sem meio-fio ou bueiros adequados, ou mesmo valas em que a água, notadamente das chuvas, pudessem escorrer sem comprometer a obra. Mesmo considerando tais apontamentos como fatores essenciais, entendemos, por outro, que essas são apenas questões objetivas. Há muito mais carências por trás dessa rea-lidade dura que os moradores dessas comunidades enfrentam.

Da manifestação em si, ficam algumas conclusões, além de um alerta para as  autoridades, especialmente o poder municipal e estadual:

Uma que finalmente a gente daqui está unida e resoluta em ir às últimas instâncias legais para fazer valer seus direitos cíveis. Mesmo sabendo que o labor do homem comum, hoje consiste em lutar de forma hercúlea pela sobrevivência; pois viver de forma salutar tornou-se utopia. Queremos sobreviver dignamente!

Outra: causou mal-estar na comunidade o fato da polícia especial Bope, desfilar arrogantemente entre os manifestantes, sendo que um de seus componentes ostentava um rifle de alta precisão e capacidade de destruição. Com qual intenção, não se sabe.  Afinal, a gente que ali estava, em sua maioria, era constituída de humildes cidadãos; dentre estes havia pessoas idosas e crianças. Por outro lado, menção honrosa para os policiais da Polícia Militar, pela serenidade e competência na condução do evento.

Menos mal, que horas depois do acontecido representantes do Governo Estadual e da Prefeitura, receberam uma comissão representativa dos três residenciais. Das medidas acordadas, na reunião, ficou acertado que entre aqui e o fim do mês de setembro, o poder público, através do Deracre, vai efetuar uma operação “tapa buracos” na avenida principal do Santo Afonso, como medida paliativa.

Medidas definitivas para estes loteamentos, segundo os senhores coordenadores políticos da PMRB e do Governo do Estado, conforme pró-forma da ata da reunião, só se processará a partir do ano de 2013.

Enquanto esperamos por essas soluções reparadoras, continuamos a fazer parte das comunidades ou municípios inseridos na triste  estatística que revelam que em todo o país,  uma maioria de famílias não dispõem de água encanada, esgoto e coleta de lixo.  Essa era a realidade trágica e humilhante, de tempos idos que, infelizmente, perdura nos dias de hoje. Deste modo, não adianta festejar o fato de que já estamos na era digital; tampouco enchermos a boca para falar das conquistas do século XXI ou de vivermos, por aí, decantando a pós-modernidade com suas quinquilharias eletrônicas, quando alguns dos nossos semelhantes, e são muitos, continuam fazendo uso de privadas de fundo de quintal, para atender suas necessidades fisiológicas.    

O saneamento básico em nível de Norte do Brasil, para não falar do Nordeste e de outras regiões carentes, apesar dos esforços de alguns homens públicos sérios no cumprimento do dever, foi sempre caótico. Poucos governantes (estadual ou municipal) se lançam na árdua tarefa de programar e dotar bairros emergentes (periféricos) de condições higiênicas, habitáveis e respiráveis. Mesmo o sistema de esgoto do Centro das cidades, que quase constantemente exalam fedentina, diante de qualquer chuva, tem o seu funcionamento seriamente comprometido. As medidas de saneamento básico em prol dessas cidades, mesmo se noticiando que há recursos financeiros para tal, quando surgem, são paliativas.

Com essa práxis (conjunto de práticas) os maus governantes, com algumas exceções permitiram que os igarapés, outra fonte de boa qualidade de vida, que fluíam as principais capitais do Norte, numa beleza ímpar, fossem contaminados por toda sorte de sujidade oriundos dos mais diferentes segmentos da so-ciedade. Incluem-se ai os moradores de palafitas, erguidas em longo dos igarapés assim como a maioria dos conjuntos de classe média que despejam seus dejetos fisiológicos nos esteiros, contribuindo para a excrescência do problema. Rio Branco não se distancia muito dessa realidade. Infelizmente!

E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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