X

Estimativa da biomassa e carbono da arborização do Parque Tucumã, em Rio Branco

O atual nível de produção e consumo da humanidade tem provocado um aumento expressivo na liberação de CO2 na atmosfera, bem como de outros gases considerados responsáveis pelo aumento do efeito estufa. As árvores possuem a capacidade de absorver e fixar o carbono e em geral as florestas secundárias e plantações jovens são as responsáveis pela maior absorção e fixação de carbono, enquanto que as florestas maduras apresentam equilíbrio entre o carbono absorvido e o liberado.

O protocolo de Quioto, que entrou em vigor no ano de 2005, permite aos países emissores “compensarem” suas emissões e oferece alguns mecanismos de mitigação (Comércio de Emissões, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, e Implemen-tação Conjunta), pelos quais é possível obter as chamadas Reduções Certificadas de Emissões (RCEs). Assim, o incentivo para a manutenção das florestas, a recuperação de áreas degradas e o plantio de novas árvores tem sido encorajado e é visto como um investimento em longo prazo através da venda dos chamados créditos de carbono.
A criação de parques urbanos nas cidades pode, além de proporcionar um ambiente agradável à população, servir como instrumento mitigador de emissões de CO2. Por essa razão, uma avaliação da arborização do Parque Urbano Tucumã em Rio Branco, foi realizada para estimar a biomassa e o carbono acumulado pelas espécies cultivadas no parque visando determinar quais possuem maior capacidade de absorção e fixação de carbono.

O Parque Urbano Tucumã fica localizado no Noroeste da área urbana de Rio Branco e foi inaugurado no final de 2005. A parte do Parque que foi avaliada está indicada na figura que ilustra este texto e tem área estimada em cerca de 40 hectares. Os dados foram obtidos mediante a realização de um censo arbóreo utilizando planilhas de campo onde foram registradas as seguintes informações: identificação popular e científica das árvores, DAP (diâmetro a altura do peito) e altura. Para estimar o valor da biomassa foram utilizadas equações alométricas propostas por pesquisadores do INPA (Higuchi e outros, 1998).

O resultado do censo arbóreo indicou a ocorrência de 576 indiví-duos, sendo 453 árvores e 123 palmeiras, totalizando 71 espécies. A biomassa fresca total das árvores foi estimada em 267,95 kg.indivíduo -1 e a de carbono em 80,38 kg. indivíduo -1. A biomassa fresca das palmeiras foi estimada em 875,12 kg.indivíduo -1 e a de carbono em 262,52 kg.indivíduo -1. Embora o número de palmeiras seja menos de um terço do número de árvores, a diferença nos valores de biomassa e carbono acumulados foi de 13,74 t e 4,12 t respectivamente.

Das 71 espécies encontradas, dez foram responsáveis por 79,15% (181,26 t) da biomassa fresca e por 79,14% (54,38 t) do carbono total acumulado. Destas, o buriti (Mauritia flexuosa) apresentou o maior estoque de biomassa fresca (62,66 t) e carbono (18,8 t), seguido pela mangueira (Mangifera indica), com 38,77 t e 11,63 t, uricuri (Attalea phalerata) com 16,09 t e 4,83 t, macaúba (Acrocomia aculeata), com 15,95 t e 4,79 t, castanheira (Bertholletia excelsa), com 15,54 t e 4,66 t, benjamim (Ficus benjamina), com 8,51 t e 2,55 t, e ipê amarelo (Tabebuia serratifolia), com 7,23 t e 2,17 t.

A conclusão do estudo sugere que o valor estimado do estoque de carbono de espécies utilizadas na arborização urbana pode servir de base para a escolha das espécies a serem utilizadas em novos projetos de arborização de parques que visem a captura e fixação do carbono presente na atmosfera. No caso do estudo realizado no Parque Tucumã, as palmeiras Buriti, Uricuri e Macaúba se destacaram por sua capacidade de fixar carbono e as duas primeiras, por serem espécies nativas do Acre e possuírem potencial ornamental, devem ser recomendadas para plantio em futuros projetos de arborização a serem implantados na cidade.

Para saber mais
Arevalo, L. A, Alegre, C. J, Vilcahuaman L. J. M. Metodologia para estimar o estoque de carbono em diferentes sistemas de uso da terra. Colombo, PR: Embrapa Florestas, 2002.
Higuchi, N.; Santos, J. dos; Ribeiro, R. J.; Minette, L.; Biot, Y. Biomassa da parte aérea da vegetação da floresta tropical úmida de terra-firme da Amazônia brasileira. Acta Amazonica, Manaus, vol. 28, n. 2, p. 153 – 166, 1998.

* Engenheiro Agrônomo e Pesquisador do INPA/Parque Zoobotânico da Ufac;
** Engenheira Florestal e Pesquisadora do Herbário do Parque Zoobotânico da Ufac;
*** Acadêmica de Engenharia Florestal da Ufac;
**** Técnico do INPA/ Parque Zoobotânico da Ufac.

Categories: Espaço do Leitor
A Gazeta do Acre: