X

O mel e fel da BR 364 aberta

Ando pela BR 364 desde que as obras foram retomadas pelo governador Orleir Cameli, depois por Jorge Viana, passando por Binho até chegar ao atual governo Tião Viana. Andei quando a estrada era só de barro, depois veio o asfalto por etapas e essa semana, vi a estrada de novo e as obras estão muito, muito adiantadas. Senti alegria em ver todo esse asfalto na estrada, onde já fiquei mais de 1 dia atolada.

O trecho que ainda não tem asfalto é o de Manuel Urbano para Feijó. O restante da estrada está asfaltado. Há sim, trechos bem difíceis, onde o asfalto já apresenta problemas, mas os trabalhos continuam diuturnamente. De uma coisa tenho certeza: a manutenção da estrada terá que ser constante e eterna.

Senti orgulho em saber que acompanhei um pouco dessa obra que considero a mais importante do Acre. Vi as dificuldades, vi toneladas e mais toneladas de barro sendo retiradas e outro material sendo usado para dar mais resistência. Vi a dificuldade que é trazer pedra de perto da Colômbia, e de outros estados do Brasil. Vi mantas impermeabilizantes e cimento sendo utilizados para corrigir falhas do solo. Solo, que aliás, é um capítulo a parte nessa epopeia. Lembro que em 2010, houve no Acre, um Encontro de Geólogos de todo o Brasil e todos afirmaram que o solo acreano é totalmente diferente de tudo o que eles já viram: ao longo dos mais de 600 quilômetros da estrada, há muitos tipos de solos diferentes, e cada um requer um tratamento diferenciado. Isso explica tecnicamente o que é muito discutido politicamente.

Essa semana andei na estrada e vi novas escolas. Crianças indo para a aula em ônibus escolares ou de bicicleta. Tem casas novinhas em folha. Barracos de paxiúba cobertos de palha, dando lugar às casas de madeira e tijolos.  Vi que muitos pequenos comércios surgiram ao longo da BR 364. Vi dois posto de combustíveis na estrada entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, que estão em fase de acabamento para inauguração. Um perto da ponte do Rio Purus e outro já perto do Rio Liberdade. Novos empreendimentos graças ao maior fluxo de veículos devido à estrada aberta o ano inteiro. Vi que Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul estão cheias de novos prédios e pontos comerciais. A rede hoteleira se expande nessas cidades.

Mas vi também que nem tudo são flores: há várias queimadas ao longo da estrada, principalmente perto de Tarauacá. Há queimadas inclusive dentro das terras dos índios Katukina, há cerca de 100 Km de Cruzeiro do Sul. Vi também que apesar da estrada aberta ano inteiro, os preços praticados em Cruzeiro do Sul, continuam quase iguais aos de antes, quando a estrada fechada era usada como motivação para os altos preços dos produtos no Juruá. Verduras e frutas continuam com preços de artigo de luxo. O que pode ser corrigido pela boa e velha concorrência.

Espero poder participar do dia da inauguração da BR 364. Vou sentir orgulho com certeza de ter visto tudo o que foi feito nesses quase 700 quilômetros de estrada! Quem disser que era melhor como estava antes, que vá viver no isolamento, na lama e dificuldade, ou que tire o chapéu e aplauda junto comigo!!

Categories: Espaço do Leitor
A Gazeta do Acre: