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Olimpíadas políticas

Os jogos olímpicos e as eleições estão entre os assuntos mais comentados do momento, quanto a isso não restam dúvidas. O que pouca gente para pra pensar é na semelhança entre estes dois assuntos. Por exemplo, assim como nas olimpíadas, nas eleições são muitos os candidatos e apenas alguns conseguem chegar ao “pódio”. Aqueles que chegam passam quatro anos sem problemas com o patrocínio e com a notoriedade em alta. Aos que não atingem a vitória, resta o anonimato e um longo período de treinamento para tentar outra vez na próxima eleição.

Uma das coisas mais legais nas olimpíadas é algo bem subjetivo.  Mas, que inegavelmente, se faz presente a cada edição dos jogos. Estou falando do tal “Espírito Olímpico” e para isso lembro  aqui de várias cenas marcantes de olimpíadas passadas que demonstram a garra e a superação dos atletas. Da minha mente não sai, por exemplo, o esforço da suíça Gabrielle Andersen nas olimpíadas de 1984, em Los Angeles. Totalmente debilitada ela recusou o atendimento médico até cruzar, quase se arrastando, a linha de chegada.

Guardadas todas as devidas proporções, alguns políticos também possuem uma persistência incrível. Um dos maiores nomes da política nacional, o presidente Lula, por exemplo, foi candidato várias vezes até chegar ao Planalto onde ser reelegeu e fez história. Outro exemplo de perseverança são aqueles candidatos que toda eleição estão na batalha e nada de ganhar.

Aqui nos temos muitos assim. Algumas figuras são caricatas que se tornam até folclóricas. Esse ano estive observando e percebi que alguns nomes não mudam e outros realmente, mas eu disse realmente, são muito engraçados. Vou citar alguns aqui, sem a menor intenção eleitoral, apenas para mostrar tais nomes, no mínimo exóticos, independente de partido ou de intenção de voto. Vejam só que escalação de primeira: Néia Pilequi-nhos, Pirulito do Amor, Pinóquio do Aviário, Marcelo Pintura de Moto, Bilú, Kim do bloco Vira Copos, Micharia, Paulão da Dengue, Pequena Man-teguinha, Rolinha, Cabide, Chico Doido, Chiquinho Arara, Denilson Baleado, Denir o maniquim, Doutor Raiz, Gorete é Show, Ismael Chicória, Junior Boca Cheia, Nazaré do Tacacá, Mauro Café (destaque para o jingle de campanha deste último). Peço desculpas se esqueci alguém, mas essas figuras citadas certamente são atletas eleitorais com nomes bem peculiares. E olha que só citei só os candidatos daqui de Rio Branco, imaginem o que temos por todo o nosso Acre.

Voltando para nossa analogia entre eleições e jogos olímpicos, podemos também perceber semelhanças entre as modalidades esportivas e as práticas eleitorais, é comum observarmos durante as eleições boas provas de:

Tiro ao Alvo: essa é uma modalidade comum e simples, escolha um candidato pra bater e atire insistentemente nele. É uma prática comum e bastante funcional, fácil de ser identificada no horário eleitoral.

Judô – os candidatos medem forças, um puxa daqui, outro dali, caem, levantam e no final só um sai com a vitória enquanto o outro é obrigado a dar um “Vasari”

Atletismo – andar de rua em rua, debaixo de nosso sol escaldante, entrar de casa em casa, cumprir agenda eleitoral, sorrir e apertar a mão de todo mundo. Isso sim é coisa de atleta!
Natação – é sempre bom saber nadar em caso de não caber todo mundo na balsa.

Salto Ornamental – o candidato começa lá em cima nas pesquisas e no final cai na água durante o percurso para Manacapuru.

Corrida com obstáculos – toda vez que o candidato pensa que “Agora vai!” surge um novo problema e tudo se complica outra vez.

Triátlon – o candidato pedala, pedala, nada, nada, corre, corre e morre na praia.

Nas eleições ou nas olimpíadas a disputa é sempre acirrada e, em ambos os casos, nem sempre o jogo limpo prevalece. A obsessão pela vitória faz com que os conceitos éticos muitas vezes sejam esquecidos, estou aqui falando de doping esportivo e eleitoral. No esporte isso acontece quando um atleta faz uso de substâncias proibidas para melhorar seu rendimento. Na política o doping também existe e atualmente é quase uma praga. A coisa é tão comum que, infelizmente, muitos eleitores hoje condicionam seu voto a isso. Sim, meus caros leitores, estou falando de práticas detestáveis como a compra de votos, por exemplo. O pior é que hoje alguns candidatos anabolizados acham que só ganham se comprarem voto e alguns eleitores só votam se receberem. Um verdadeiro e terrível doping que só prejudica o esporte eleitoral. Saber quem é o culpado disso, ou quem começou, se foi o eleitor ou o candidato, é uma discussão profunda e caberia em um outro texto. O fato é que disputa limpa é muito mais bonita e emocionante na eleição e também nas olimpíadas. O resto é farsa.

Enquanto escrevia esse texto o Brasil ganhava a 4ª medalha olímpica em Londres. Confesso que adoro ver todas as disputas. Como adoraria também ficar o dia todo em casa vendo todas as modalidades e torcendo pro Brasil, mas as obrigações diárias não deixam. As olimpía-das terminam dentro de alguns dias e ai a disputa eleitoral começa. Aliás, já começou faz tempo. Mas só no dia 21 de agosto começa a transmissão ao vivo em HD, ou em qualquer TV e rádio, de mais uma deliciosa serie de programas eleitorais gratuitos. É uma competição atrás da outra. Muitas emoções e surpresas estão por vir. Senhoras e Senhores façam suas apostas e que vença o melhor! Muito embora eu tenha certeza de que o melhor é o meu. Rsrsrs…

* Aarão Prado é radialista e comentarista esportivo (aaraoprado@gmail.com)

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