Vou começar lembrando dos mortos, dos desaparecidos, dos torturados pelo Regime Militar que dominou o Brasil até os anos oitenta. A luta era por democracia! Em nome dessa maravilhosa dama, muita água (muito sangue) correu por baixo da ponte em nosso país. Pais deixaram filhos órfãos, milhares de viúvas ainda choram…. O sonho de toda essa gente que lutou, que morreu e sofreu era retomar a democracia, voltar ao país, escolher os governantes, e não só, ser informada dos nomes dos mandatários.
Os anos passaram e hoje estamos vivendo a tão sonhada democracia. Hoje podemos eleger desde vereador à presidente da República. Podemos simplesmente teclar, ver na tela nossos preferidos, e confirmar. Pronto! A vontade do povo se faz! É tudo tão fácil e simples que muita gente deixa de votar. E o pior: sai de casa, pega fila e vota de forma que anula o voto. Um crime contra os mortos, desaparecidos, torturados que queriam tanto votar, exercer a democracia.
Esta semana valorizei ainda mais o direito ao voto, constatando como é caro e difícil fazer valer a democracia aqui no meio da Floresta Amazônica. Aqui são muitas al-deias indígenas, seringais, rios…. No Juruá, há quase quarenta localidades onde as urnas e os técnicos só chegam de barco, avião ou helicóptero. O Tribunal Regional Eleitoral vai gastar só de helicóptero R$ 1,1 milhão. O custo da eleição nos 22 municípios será de R$ 2,7 milhões. Dinheiro público, nosso dinheiro!
Então não me venham com discurso de voto nulo ou voto em branco. Vamos fazer valer toda essa história de lutas, toda essa logística empregada nas eleições. Vamos votar. Votar no roxo, no verde, no amarelo, no melhor que houver. Mas vamos votar sim! É a festa da democracia que merece nosso melhor. Nossa melhor intenção e até nossa melhor roupa, como fazia o “seu Cavalcante”, um jardineiro do Bairro do Bosque, que votava sempre com o melhor terno e elegante chapéu!
Nós temos ainda o dever de incentivar filhos, sobrinhos, amigos e parentes a votarem sim. Sei que as vezes é difícil, os candidatos não corres-pondem exatamente ao que queremos. Mas sempre haverá um que merece nossa atenção e confiança. Decida-se, assista aos programas eleitorais gratuitos, pergunte, se informe. Mas vote. Agora em 2012, vá às urnas no dia sete de outubro. Se houver segundo turno vá às urnas novamente no dia 26 de outubro. Aliás dia do meu aniversário. Meu presente será mais uma oportunidade de exercer a liberdade da democracia. Votar é preciso minha gente!
* Sandra Assunção é jornalista.
E-mail: sandraassunção [email protected]
