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Fecomercio assegura que construção de hotel em CZS é decisão irreversível

Pela primeira vez, o presidente da Federação do Comércio do Acre, Leandro Domingos, falou sobre o episódio envolvendo o empreendimento do Sesc e os empresários do setor hoteleiro de Cruzeiro do Sul.

Durante uma visita às obras de construção da sede campestre do Sesc em Senador Guiomard, Domingos falou de forma franca sobre o embate com os representantes das associações comerciais. Sem citar nomes, disse que ficou surpreendido com a postura “extemporânea, descabida, centralizadora e egoísta” por parte de quem assinou a Nota de Repúdio criticando o empreendimento do Sesc na cidade de Cruzeiro, avaliado entre R$ 25 milhões a R$ 30 milhões.

Domingos diz “não estar preocupado com a história” e assegura que “alguém quis aparecer”. Cuidadosamente, não cita nomes.
Domingos não cita nomes, mas critica nota de repúdio e diz que postura foi “descabida”

ACRE ECONOMIA: O que motivou essa situação entre o Sesc e os empresários do setor hoteleiro de Cruzeiro?
Leandro Domingos: Uma pessoa da Federação foi lá averiguar. Voltou dizendo que alguns empresários assinaram um documento… Os empresários foram induzidos a assinar um documento lá [Nota de Repúdio emitida pela Associação Comercial de Cruzeiro do Sul, criticando o empreendimento]. Mas, eu não estou preocupado com aquilo, não.

ACRE ECONOMIA: Mas, induzidos por quem e com qual interesse?
Leandro Domingos: [sorriso irônico] Aí, eu não sei. O empresário do Viale Hotel não assinou porque entende que o investimento do Sesc vai ser bom para Cruzeiro do Sul.

ACRE ECONOMIA: O documento foi assinado por oito dos 15 empresários do setor.
Leandro Domingos: O que eu acho engraçado é que aquele documento não chegou até nós. Tivemos contato com o teor da nota por meio da internet. Deveriam ter procurado a Federação do Comércio ou ter mandado o documento para a Federação. A coisa teve o sentido de que alguém quis aparecer nessa história toda. Porque se é um problema que vai atingir o empresário, então, vamos sentar com a Federação do Comércio e conversar. Nós não fomos procurados em nenhum momento.

ACRE ECONOMIA: Houve uma reunião na sede da Acisa no início do mês. A Fecomercio não foi convidada?
Leandro Domingos: Fui saber daquilo no jornal. Não havia um empresário de Cruzeiro do Sul naquela reunião. O próprio presidente da Associação Comercial, eu vi na matéria, não se manifestou contra. Vê o Sesc como ameaça…

ACRE ECONOMIA: O argumento de que o Sesc praticaria uma concorrência desleal…
Leandro Domingos: Isso não tem cabimento. Concorrente por quê?
Hotel que será construído dentro do complexo de lazer em Cruzeiro terá 63 apartamentos

ACRE ECONOMIA: Porque o Sesc tem melhor estrutura.
Leandro Domingos: Os clientes que teremos em nossa hospedaria não serão os clientes dos hotéis convencionais. E, se eventualmente, alguém que não é cliente quiser se hospedar lá talvez pague até mais do que os hotéis na cidade cobram. Então, não vejo que concorrência é essa. Nós estamos construindo uma hospedaria lá de 63 apartamentos apenas. Dizem que está sendo construído um hotel lá em Cruzeiro agora que tem 100 apartamentos. Então, que concorrência é essa? Concorrência forte seria se montasse um Ibis [rede hoteleira com mais de 900 hotéis no mundo, com foco em clientes executivos e preços reduzidos]. O nosso objetivo é atender aos comerciários. Formar mão de obra para o mercado local porque ali vai ser uma escola de formação profissional também: os alunos do Senac na área voltada para o Turismo e gastronomia vão estagiar no nosso hotel. Assim ocorre no Brasil inteiro. Pelos menos duas vezes por mês vão sair excursões daqui de Rio Branco para Cruzeiro do Sul. Se quiserem, as pes-soas vão ficar hospedadas no hotel do Sesc. Nós não estamos querendo prejudicar nenhum empresário. Queremos levar o desenvolvimento para lá. Eles vão ganhar com isso.

ACRE ECONOMIA: Em boa parte do ano, a rede hoteleira fica ociosa. A chegada de um empreendimento como esse não influencia, pressiona preços para baixo?
Leandro Domingos: O perfil do nosso cliente não é o que vai a Cruzeiro do Sul motivado por negócios. Agora, essa questão da baixa temporada, da sazonalidade, não é algo que acontece só aqui. No Brasil todo é assim. Nós temos mantido contato com Sesc que mantém hotel no Brasil inteiro e não há esse tipo de problema que você está falando. No Amazonas, o Sesc está construindo um hotel com 100 apartamentos em Manacapuru. Há uma expectativa danada na cidade. Agora, nós estamos construindo um aqui em Cruzeiro do Sul, o segundo maior município do Acre, e meia dúzia de empresários se insurge contra isso. Isso não deve nem ser levado em consideração. Eu não estou nem preocupado com isso.

ACRE ECONOMIA: O anúncio do empreendimento foi feito há mais de um ano…
Leandro Domingos: Nós estamos, na verdade, há dois anos falando sobre isso. Só em Cruzeiro do Sul, em dei três entrevistas sobre o assunto nas rádios locais. O dono do Hotel Swamy, o primeiro que assina a lista, organizou um encontro de apresentação do projeto em que estava parte da diretoria do departamento nacional do Sesc e o prefeito de Cruzeiro do Sul. Nunca se falou nada contra. Por que as manifestações contrá-rias só vieram agora, quando iniciamos a obra? Digo: é um processo irreversível. Não é uma situação dessas que vai fazer a gente voltar atrás, não.

ACRE ECONOMIA: A eleição para escolha do novo presidente da Fecomercio será realizada quando?
Leandro Domingos: Em 2014.

ACRE ECONOMIA: Existe alguma possibilidade de esse problema está relacionado à sua sucessão?
Leandro Domingos: Tem algumas pessoas que arrumam motivo para se projetar, para criar notícias.

ACRE ECONOMIA: O Governo tem feito alguma manifestação…
Leandro Domingos: O governador Tião Viana foi uma das pessoas, inclusive, que quando estávamos elaborando o projeto, ficamos receosos de não conseguirmos os recursos suficientes. O governador Tião Viana mandou um documento para o presidente da Confederação Nacional do Comércio enaltecendo o empreendimento na cidade de Cruzeiro do Sul. E nos ajudou. O governo está muito feliz com o empreendimento. O que nós fazemos aqui, a rigor, constitucionalmente, quem deveria fazer era o poder público. Mas, quem banca são os “S” de uma maneira geral [Sistema “S”, formado constitucionalmente por várias instituições ligadas a diversos setores da produção e do comércio], que são os empresários, porque não tem dinheiro de governo. Isso aqui não é prioridade de governante nenhum. Construir piscinas, quadras, espaços de lazer não são prioridade para o poder público. Até porque o custo de manutenção disso é alto.

ACRE ECONOMIA: Como distensionar essa polarização que se criou?
Leandro Domingos: Eu acho que vai distensionar com esses contatos que estamos tendo, com essas explicações que estamos fazendo. Paulatinamente, eu vou conversando com um a um dos empresários. O mais preocupado, porque fez um investimento recente que é o do hotel Swamy, ele já entendeu a situação. Botaram na cabeça dele que iríamos chegar em Cruzeiro do Sul para fechar tudo que era do hotel (sic) de lá. O que é uma imbecilidade; uma falta de maturidade. Eles têm que ver Cruzeiro do Sul de uma forma diferente: hoje, a cidade é um mercado em expansão. Muitos empresários estão prospectando negócios em Cruzeiro do Sul hoje. Os empresários de Cruzeiro que viveram, por conta do isolamento, reinando no mercado, têm que entender que vão competir com os outros. Esse fenômeno já aconteceu aqui em Rio Branco quando fizeram a abertura da BR-364.

ACRE ECONOMIA: O que lhe surpreendeu nesse episódio?
Leandro Domingos: Foi o fato de a Federação não ter sido procurada para conversar sobre esse assunto. Nós nos reunimos não especificamente com os empresários do setor hoteleiro. Eu posso até ter pecado, mas não passou pela minha cabeça que eu precisaria chamar o pes-soal do setor hoteleiro para discutir um projeto dessa ordem com eles. Os maiores interessados são a sociedade e não o setor hoteleiro. Fui surpreendido com essa posição extemporânea, descabida. Eu achei inclusive muito centralizadora e egoísta.


 Reconhecimento da Unesco consolida processo produtivo do artesanato acreano

ITAAN ARRUDA
“Pequeno, mas enjoado”. Não é exagero dizer que essa frase pode representar o perfil do artesanato acreano. A produção está longe de conquistar o volume de praças como Amazonas, Pernambuco ou Pará. Mas, o diferencial está na qualidade.

Rodney Paiva Ramos que o diga. Nascida em Manaus, ela veio há sete anos para o Acre, acompanhando o marido que trabalhava em uma concessionária de carros. Para ajudar na complementação da renda, passou a frequentar cursos profissionalizantes oferecidos pela Fundação Bradesco, em Rio Branco.
Rodney Ramos pensa em exportar após reconhecimento de Excelência da Unesco. No detalhe: peça premiada
Foi quando descobriu o artesanato. O apoio do Sebrae, a persistência e boa dose de talento trouxeram uma conquista inédita, exibida com orgulho: o Reconhecimento de Excelência da Unesco para Produtos Artesanais.

Não é em qualquer lugar que existem artesãos com essa honraria. Profissionais de todo país concorrem. Somente alguns ganham. “Estou feliz com o reconhecimento do meu trabalho”, afirma a artesã. “Até porque, isso passa a ser uma vitrine para a qualidade do trabalho produzido pelos artesãos do Acre e ajuda a melhorar o nível de concorrência da nossa arte”.

Atualmente, o marido de Rodney Ramos ajuda no beneficiamento das madeiras. Não trabalha mais. O que leva o trabalho com artesanato ser a única fonte de renda da família. “Há meses difíceis, mas há momentos que chego a vender entre seis e sete mil reais”, informa.

A rotina de trabalho tem, no mínimo, 12 horas de dedicação diária. Isso inclui as visitas às marcenarias dos bairros para recolhimento de restos de madeira, que, no ateliê improvisado na varanda da casa, ganham novos brilhos e formas.

Os cursos de desing de jóias, planejamento e comer-cialização oferecidos pelo Sebrae não passam despercebidos pela artesã. “Faço todos”, afirma Ramos. O reconhecimento de excelência da Unesco referenda o trabalho da manauara-acreana a exportar por meio de programas do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior (Mdic). “Meu produto vai ficar durante um ano exposto em uma vitrine para que pessoas do mundo todo possam ver e encomendar”.

Além do marido, a artesã conta com o apoio de uma amiga no beneficiamento dos insumos extraídos da mata. Possui três clientes fieis nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e é assídua expositora em feiras regionais. “Eu tenho condições de dar escala na produção”, afirma. “E eu sei que durante esse ano de exposição na Unesco vou receber vários pedidos”.

Mosaico
A peça de Rodney Ramos que encantou os técnicos da Unesco é um colar. Feita com sementes de açaí, cascalho de jarina, morototó, couro beneficiado e paxiúba, a peça é um mosaico de cores e formas entrelaçadas. Custa R$ 80. Para exportar, o preço deve cair para R$ 70 em função do aumento da quantidade produzida. O trabalho da artesã já ganhou vitrines seletivas. Foi exposto em um desfile televisionado nos Estados Unidos em um canal de televenda.
Para ela, o principal gargalo da produção do artesanato acreano é a divulgação. “Se não fosse o Sebrae, a coisa seria muito mais complicada”, avalia. “O catálogo do Sebrae é fundamental para dar segurança aos nossos pedidos. É preciso mais apoio para expor mais ainda nossos produtos”.

Agenda pública
O artesanato acreano entrou para a agenda do poder público em várias frentes de atuação. O setor se organizou e hoje é um dos que têm a cadeia produtiva melhor estruturada, inclusive com respaldo legal.

A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Coordenadoria do Trabalho e Economia Solidária, abriu novas perspectivas para o setor. O Governo do Acre também incentiva por meio de ações da Secretaria de Estado de Turismo e Secretaria de Estado de Pequenos Negócios. No Fórum Estadual de Economia Solidária, o artesanato sempre tem lugar de destaque.

Desde 1998, o Sebrae oferece programas e ações específicas para o artesão acreano. A Gestão Estratégica Orientada para Resultados mudou as referências para os profissionais daqui. Atualmente, são 228 unidades produtivas de artesanato no Acre.

Há exemplos de artesãos que ignoram o Sebrae e as iniciativas do poder público e, mesmo assim, conseguem destaque e fóruns de exposição até fora do país. Mas, esses são exceção.
No Acre, estima-se que existam aproximadamente 5 mil artesãos. De acordo com o Sebrae, a maioria é formado por indígenas. A participação das prefeituras tem se mostrado estratégica para o setor. Em Rio Branco, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo, o Sebrae consegue manter parcerias e incentivar a produção local.
Falta de escala com padrão de produção é um dos gargalos
Problemas
Alguns gargalos podem ser identificados na produção do artesanato local. O primeiro destaque é a concentração de artesãos na produção de biojóias. A tendência de quem entra no setor é partir para esse nicho, que já está quase saturando.

Os artesãos ainda não se organizaram o suficiente para estabelecerem metas de vendas em eventos fora do Acre. Isso compromete a cadeia produtiva e cria uma concorrência interna desequilibrada.

Parte dos artesãos não valoriza nem a divulgação e nem a padronização mínima dos produtos. Isso limita muito a aceitação nos mercados.
Distribuição de renda foi argumento para setor entrar na agenda do poder público

O que caracteriza o artesanato?

O que faz uma peça ser classificada como “artesanato”? Primeiro fator: tem que conter elementos que expressem a cultura do povo, da comunidade ou da história do artesão.

Segundo fator: a escala de produção não deve ser standartizada, embora as atuais exigências praticamente obriguem o artesão a trabalhar sob o estigma do “padrão” (uma peça deve seguir um “padrão” de produção). Isso retira a característica de exclusividade, mas amplia as possibilidades de venda adequadas às exigências de mercados integrados.

Terceiro fator: os insumos devem obedecer a princípios de respeito à sustentabilidade ambiental e sem uso de trabalho degradante.

 


Free-shops podem mudar cenário no comércio de Brasiléia e Epitaciolândia

 ITAAN ARRUDA
A proposta de lei complementar que trata da implantação das free-shops em 28 cidades brasileiras em áreas de fronteira deve mudar o cenário na região de Epita-ciolândia e Brasiléia. Free-shops são “lojas francas”, que estão livres de uma série de tributos federais.
Acisa apoia concepção das free-shops na região de fronteira
A Associação Comercial, Industrial de Serviço e Agrícola do Acre apoia a iniciativa de implantação das free-shops. “Sou a favor”, declara o presidente da Acisa/Acre, Jurilande Aragão. Atualmente, os comerciantes das cidades-gêmeas que fazem fronteira com a Bolívia se sentem prejudicados com os incentivos oferecidos no lado boliviano.

Mesmo fazendo parte de uma Área de Livre Comércio, Brasiléia e Epitaciolândia não conseguem mesmo grau de competitividade com os preços oferecidos em Cobija. Até um boicote ao comércio praticado em Cobija foi organizado aqui no Acre em represália às famílias acreanas expulsas por Evo Morales e também pelos problemas que um empresário acreano teve com autoridades fiscais bolivianas.

O boicote não é incentivado pela Prefeitura de Brasiléia que depende do fluxo de pessoas que saem de Rio Branco para fazer compras em Cobija. Os turistas acrea-nos que vão à Bolívia mantêm aquecido o comércio em hotéis e restaurantes, sobretudo nos fins de semana.

Atualmente, só os comerciantes bolivianos se benefi-ciam como comércio na fronteira. Com a possibilidade de normatização por meio da proposta de lei complementar, os brasileiros terão melhores condições de competir.
Essa semana, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB/AM) pediu vistas do processo e impediu a votação do PLC na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

o senado
O senador deve fazer articulações políticas junto ao Ministério da Fazenda e Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior “para evitar o veto presidencial à matéria”.
Os estados que são beneficiados com a PLC 11/2012 são Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso do Sul, Paraná, Roraima, Rondônia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Como líder do governo no Senado, o pedido de vistas ou veio do próprio gabinete da presidência ou contou com a conivência deste.

“Certamente, se a proposta for aprovada no Senado e sancionada pela presidente, nós vamos ter reclamações dos comerciantes daqui da Capital”, especula o presidente da Acisa/Acre, Jurilande Aragão. “Mas, isso faz parte do aperfeiçoamento do sistema de comércio”.

O “turismo de compras” no Acre pode ser muito beneficiado pela aprovação da PLC 11/2012. A proposta de lei permite a criação do Regime Aduaneiro Especial de Exportação pelo Varejo Nacional. Na prática, restitui ao turista uma série de impostos pagos em compras ao retornar ao país. A Receita Federal conceitua isso com a expressão tax free.

 


 

NOTAS ECONÔMICAS

Boi na Resex
O protesto de famílias da Reserva Extrativista Chico Mendes reivindicando maior participação da pecuária na composição da renda faz parte de história antiga.

Boi na Resex II
História de difícil solução. Coloca em xeque a essência do projeto de desenvolvimento implementado no Acre nos últimos anos. E não é apenas o calendário eleitoral que contamina o debate. É o modo de vida da população local que teve mudanças de referenciais. E quando a Cultura exige mudanças, o componente político sente mais dificuldades de operar.

Articulador
O secretário de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, Edvaldo Magalhães, já demonstrou eficiência para contornar esses problemas.

Agora, é oficial
O IBGE divulgou novos dados sobre empregos na indústria. Houve recuo em junho. A queda foi de 0,2%, em comparação a maio. Foram 14 regiões pesquisadas. É o “quarto resultado negativo consecutivo nesse tipo de comparação”, diz a nota da assessoria de imprensa do instituto.

Nono negativo
“Na comparação com igual mês do ano anterior, o emprego industrial mostrou queda de 1,8% em junho de 2012, nono resultado negativo consecutivo”. São palavras extraídas do balanço do IBGE.

Ignora
Números do IBGE são ignorados por boa parte dos governos estaduais. Quando não lhes são favoráveis, óbvio. Geralmente, os palacianos diminuem o efeito das pesquisas e amenizam a leitura dos números.

No Acre?
A tendência oficial é defender a ideia de que o cenário de crise não tem entrada da Vila Califórnia para cá. Antes fosse. Quem não gostaria de viver em um cenário isolado de um contexto de crise?

Problema
O problema é que, infelizmente, a atividade industrial no Acre é residual comparada a outras regiões. As duas únicas excelências regionais: extração de madeira e beneficiamento de castanha. Essa limitação praticamente inviabiliza estudos sistemáticos do setor industrial feitos rotineiramente pelo IBGE em outros estados.

Pesquisa?
O esforço do Governo do Acre em ampliar a base de produção é evidente: piscicultura; programa de compras governamentais; ZPE. Há ação do poder público: é preciso reconhecer. Mas, o desconhecimento do comportamento do setor industrial dificulta tudo.

Republicano
A inexistência de um instituto de pesquisa local que faça estudos regulares sobre o comportamento da indústria e do comércio dificulta tudo. Inclusive a cobertura jornalística. Não há dados confiáveis. Além disso, institutos dessa natureza (embora necessários) exigem postura republicana que não se sabe adequada por aqui por enquanto.

Sem amor
No início do ano, a Fieac divulgou uma pesquisa que detectou queda na atividade industrial, comparada ao ano anterior. Quase a República cai. O presidente da federação, Carlos Sasai, foi taxado até de “não ter amor pelo Acre”. Ainda falta muito.

Educação X Economia
O projeto aprovado no Senado que garante 50% das vagas em universidades federais e escolas técnicas para negros, pardos, índios, ou estudantes com renda menor, teve tempo suficiente para ajustes. Ficou 13 anos em tramitação.

Quem cala…
Quem quis falar sobre o assunto teve muito tempo. Agora, o texto vai para a apreciação da presidente Dilma, que é favorável às “ações afirmativas”, inclusive o sistema de cotas. O projeto vai ser aplicado durante 10 anos. Uma pesquisa possível é verificar a quantidade e a qualidade da produção científica nesse período.

Categories: Acre Economia
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