Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Fundo de Investimento reforça o capital da Peixes da Amazônia S/A

Está previsto para novembro a entrada de um grande Fundo de Investimentos e Participações na Peixes da Amazônia S/A que possui 18 investidores privados. O valor esperado gira em torno de R$ 15 milhões.
A modalidade de investimento é o private equity o que referenda a Peixe da Amazônia como empreendimento seguro e com apelo mercadológico. Os empresários que trabalham com os private analisam variantes e tomam decisões com critérios estritamente técnicos.
foto1Arranjo produtivo e societário dão solidez ao programa e chamam atenção dos empreendedores do fundo de investimento
Uma das exigências dessa forma de atuar no mercado é que a empresa para onde serão canalizados os recursos não atue em bolsa de valores, o que não é o caso da Peixes da Amazônia.
Há três meses, os executivos do fundo de investimento estiveram no Acre. Avaliaram vários empreendimentos privados ou que trabalhem com a parceria público/privada. O negócio que inicialmente chamou a atenção dos empresários foi a Peixes da Amazônia.

No setor de produção, a Peixes da Amazônia S/A é o primeiro empreendimento do Acre a ter a participação de um fundo de investimentos na composição acionária. “O negócio em si desperta interesse porque trata de um projeto que vai beneficiar um produto que é muito disputado no mercado”, comemora o secretário de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, Edvaldo Magalhães.
O secretário também avalia que a entrada de um fundo de investimento e participações nesse momento comprova a eficácia do arranjo societário construído na Peixes da Amazônia S/A: o arranjo administrativo foi testado. “O Estado é fomentador, mas não é quem manda”, explicou Magalhães. “O Estado não será majoritário. Os pequenos não serão atropelados e os investidores não terão os seus negócios ameaçados”.

Outro fator que diferencia o empreendimento acreano é o consórcio das três fases da cadeia produtiva em um só espaço: o centro de alevinagem, a fábrica de ração e o frigorífico. “Isso diminui os riscos e também os custos”, contabilizou o secretário adjunto de Desenvolvimento Florestal, Fábio Vaz. “São fatores que atraem o investidor”, pontuou.

De acordo com os gestores do Governo, essa característica da empresa acreana traz diferencial em comparação a outras regiões produtoras. “Nós não teremos um produtor familiar sendo tratado como ‘um integrado’, como se faz hoje nessas indústrias do frango do Mato Grosso”, alfineta o secretário Magalhães. “O pequeno, aqui, não será um ‘engordador’ de peixe: ele tem participação na indústria, no complexo industrial”.

De acordo com o estatuto, os pequenos piscicultores, reunidos em central de cooperativa na composição empresarial possuem 25% do capital acionário da Peixes da Amazônia S/A.

O Governo do Acre tem a meta de terminar o ano com dois mil tanques para produção de peixes construídos em pequenas propriedades, podendo chegar ao fim de 2013 com cinco mil. É o que prevê a meta do planejamento estratégico.


Servidores públicos do Acre devem R$ 552,8 milhões a bancos

 

ITAAN ARRUDA
Documento da Secretaria de Estado de Gestão Administrativa comprova: 28.211 servidores públicos do Acre devem, atualmente, R$ 552.804.351,31, A informação não foi fornecida espontaneamente, mas provocada pelo deputado estadual Luiz Tchê (PDT). Para o parlamentar, o governo foi omisso em deixar essa situação chegar a esse ponto. “A culpa é do Governo”, dispara Tchê. “É uma agiotagem institucionalizada”.

Em uma rápida entrevista, o pededista fala que vai provocar uma nova audiência pública para discutir o assunto com a comunidade, com gestores públicos e com representantes das instituições financeiras. “Do jeito que está, não pode ficar, basta olhar a crise no nosso comércio”, afirma, antes de denunciar. “E há bancos fazendo descontos de até noventa por cento do salário do servidor, o que é proibido por lei”.
tche 5 Audiências públicas retomam problema em novos debates
ACRE ECONOMIA – Por que o senhor provocou a Secretaria de Gestão a confecção desse relatório?

Luiz Tchê – Pela preocupação que eu venho tendo desde o início do mandato, quando começou essa discussão dos empréstimos consignados em folha. Os bancos ofereciam dinheiro em troca das folhas de pagamento, tanto do Estado, quanto da assembleia e das prefeituras. Era um nicho de mercado forte.

AE – Por quê?
Luiz Tchê – Os empréstimos consignados não têm riscos nenhum por que são descontados em folha de pagamento. As pessoas não tinham essa cultura de uso de cheque especial, cartão de crédito e mais os empréstimos consignados… acabou que as pessoas ultrapassaram os 30 por cento que poderiam ser descontados na folha de pagamento. E acabou virando uma bola de neve. As pessoas não conseguiam pagar. Iam renegociando. Os empréstimos consignados começaram oferecendo 36 meses e acabou tendo que ampliar para 72 porque ultrapassava o valor dos 30 por cento. E aí, de uma forma ou outra, abriram muitas agências bancárias, muitos bancos pequenos que acabaram a ofertar, comprando os créditos e aí esticavam o prazo. As pessoas, em situação extremamente difícil, começaram a se endividar mais ainda. Mas, a maioria não lia os contratos, não atentava para as taxas de juros.

AE – Quando o relatório foi finalizado?
Luiz Tchê – O relatório do pedido chegou no fim de julho.

AE – O que lhe surpreendeu nele?
Luiz Tchê – Os valores. Só do Estado, os valores são de 552 milhões 804 mil 351 reais e 31 centavos. E o valor da Assembleia Legislativa é de 513 mil reais. São praticamente 500 funcionários, entre parlamentares, ativos, inativos, pensionistas e assessores. Esse recurso gerava uma receita no Estado. O comércio ficava mais aquecido. Hoje, não existe mais. O dinheiro fica totalmente nos bancos. E muitas empresas, muitas pes-soas hoje, estão em uma situação extremamente difícil. Quantos milhões da nossa folha de pagamento saem de circulação e acabam indo para os bancos? Os bancos estão ficando com todo nosso dinheiro.

AE – Há descontos que são feitos acima do que permite a legislação?
Luiz Tchê – Há diversos relatos. Quando eu pedi atenção para o problema, muitos servidores do Estado e da Assembleia me procuraram.

AE – Qual percentual que a lei exige?
Luiz Tchê – A lei exige trinta por cento. Mas, se o sindicato ao qual o servidor é filiado tiver convênio com lojas, supermercados e postos de gasolina, isso aí conta dentro dos trinta por cento. De que forma o Estado e a própria Assembleia liberam crédito para as pessoas pegarem mais empréstimo? Há funcionários que têm dois e até três empréstimos.

AE – O Governo foi omisso nesse problema?
Luiz Tchê – Eu acredito que sim. Na gestão de Jorge Viana, o Governo fez uma renegociação, mas não era uma renego-ciação que nós queríamos. O que queremos é uma revisão dos contratos. Se nós conseguíssemos fazer uma revisão de todos os contratos nós teríamos muitas pessoas com o seu empréstimo já pago. Se fizéssemos isso, inclusive com revisão das cobranças das taxas, há servidor que tem dinheiro para receber de volta. Agora, tem que ver qual é o entendimento do Tribunal de Justiça diante disso. A ideia é fazer uma audiência pública e chamar atenção mais uma vez para o problema. Precisamos colocar bancos, servidores e governo para nós encontrarmos um caminho. Isso seria bom para o Estado.

AE – O que o governo poderia ter feito, além de renegociar?
Luiz Tchê – O Governo deveria ter pedido para os bancos fazer a revisão dos contratos.

AE – E por que essa revisão dos contratos não foi feita?
Luiz Tchê – O banco não tinha interesse e o Governo foi convencido pelos bancos a desistiu de fazer. Cerca de 15 servidores da Assembleia tiveram seus contratos revistos. Nós entramos na Justiça e todos eles estão com a dívida sub judice. Estão recebendo o salário normalmente e estamos discutindo judicialmente. Há formas de rever esse problema. Não é possível essa situação.

AE – Que culpa tem o banco? O dinheiro está disponível na instituição. Pega quem quer.
Luiz Tchê – O banco não tem culpa nenhuma. Quem tem culpa é o Governo. O Governo deveria ter orientado. Deveria ter preparado os servidores, explicando o funcionamento do sistema de desconto. Inclusive, para ser liberada a atuação de um banco existe uma senha dada pelas instituições públicas. O Governo liberou. Com o Governo era o Banco do Brasil. Era um dinheiro que entrava no caixa do Governo e prefeitura. A Assembleia, quando nós fomos mudar de conta do Banco do Brasil para o Banco da Amazônia, o então presidente Edvaldo Magalhães, a Assembleia recebeu um aporte desse valor. Para se ver como é lucrativo para os bancos esse negócio.


Produção da Álcool Verde não reduz o preço do combustível no Estado

ITAAN ARRUDA
Os 2,6 milhões de litros de álcool combustível produzidos pela Usina Álcool Verde na safra de 2011 não foram comercializados diretamente com o Estado do Acre. “Toda a produção foi comercializada com Rondônia”, disse, por telefone, o diretor da usina Mauro Bernard. A unidade está localizada a 80 quilômetros de Rio Branco, no Acre.
F. VICTOR AUGUSTO 067 cópiaBR Distribuidora e Equador possuem base em Rio Branco, mas estão submetidas às decisões de gerências regionais. Magid (Destaque) :álcool produzido aqui pode ir para qualquer região
Somente a BR Distribuidora e Equador possuem base em Rio Branco, mas estão submetidas às decisões das gerências regionais sediadas em Porto Velho ou Manaus. Por limitações de mercado consumidor, a dinâmica na comercialização contribui para que o preço do álcool combustível na bomba chegue a R$ 2,42 nos postos de Rio Branco. O Acre é um dos Estados que possui combustível com preços mais altos do país.
O álcool combustível produzido na Álcool Verde entra em um leilão federal. “Quem ganhar o lote, leva a pode comercializar em qualquer região que for mais atrativa”, explica o presidente do Sindicato das Empresas de Postos de Combustível do Acre, José Magid.

Existe a possibilidade de o combustível produzido no Acre ir para Rondônia e voltar para ser comercializado em Rio Branco. “Isso pode acontecer”, ressalta Magid. O fato de o Acre produzir álcool, mas não ter reflexo na redução do preço na bomba desagrada o consumidor e, consequentemente, cria problemas de ordem política. O Governo do Acre é acionista do empreendimento. Semana passada, a Agência de Notícias do Acre, órgão de comunicação oficial do Governo do Estado, divulgou reportagem enaltecendo o trabalho do Grupo Farias nos últimos 3 anos.

“Uma das premissas para a implantação da Álcool Verde foi a meta de promover o desenvolvimento socioeconômico da região de forma ambientalmente sustentável”, comemora a reportagem.

Atualmente, a produtividade da Álcool Verde está contabilizada em 48 litros de etanol por tonelada de cana extraída. É uma produtividade considerada baixa. Um outro desafio para os gestores do Grupo Farias é ampliar a área para o cultivo da cana.

Hoje, são apenas 1,4 mil hectares plantados. Em 2013, essa área deve aumentar para 2,2 mil e a meta é chegar em pelo menos 3 mil hectares nos próximos anos. Nessas condições, é possível que se chegue a uma produção que pode beirar os 10 milhões de litros de etanol.

“Não temos problemas de comercialização”
 Os números do Governo diferem um pouco da equipe Farias. A Secretaria de Desenvolvimento Florestal calcula em 4,5 milhões de litros de álcool produzidos no Acre. “Não temos problemas com a comercialização de álcool”, assegura o secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, Edvaldo Magalhães. “O nosso problema é de aumento da produção associado à expansão da área plantada de cana que deve ser resolvido já na próxima safra”.


Setor de avicultura do Acre passa por teste de sustentabilidade

ITAAN ARRUDA
Na região Sul, a principal produtora de carne de frango do país, a falta do milho como insumo para o setor avicultor tem evidenciado problemas estruturantes na cadeia produtiva. A imagem de um produtor catarinense sacrificando mais de 100 mil aves por não ter condições de alimentá-las evidencia o cenário de crise. E o que é um problema por lá coloca em xeque a incipiente produção daqui.
granja carijo Ações de incentivo do Governo do Estado ainda conseguem ‘blindar’ o setor na região
Por enquanto, o Acre parece estar vivendo uma espécie de “blindagem” por dois motivos básicos: o cumprimento dos contratos no abastecimento dos insumos por parte dos fornecedores do Mato Grosso e pela ação do Governo do Estado, com os programas oficiais de estímulo ao setor produtivo interno. A subida de preço do quilo do frango nos mercados do Centro-Sul ainda não chegou aqui.

As secas nos Estados Unidos e no oeste de Santa Catarina são parte da causa da crise interna brasileira. Para o grande agricultor daqui, o preço da saca ficou muito mais atrativo no mercado externo já que houve quebra na safra norteamericana. Com isso, muitos avicultores brasileiros não estão tendo como custear a alimentação do plantel.

Dos insumos para a produção de frango, a soja é a única que tem um cenário um pouco menos dramático. A China deve diminuir a importação do grão brasileiro. Com mais soja no mercado doméstico, a tendência é de queda nos preços.

Com mercado interno muito pequeno, a produção de frango e ovos ainda não é autossustentável, mas já garante abastecimento de boa parte da região mais populosa do Estado, o Vale do Acre. Em maior escala de produção, apenas dois empreendimentos se destacam no setor: a Granja Carijó (privado) e a Acre Aves (parceria público/privado), ambas sediadas às margens da BR-317.

“Mesmo com o farelo de soja e o milho tendo dobrado de preço nos últimos tempos, o preço do quilo da carne de frango no Acre caiu”, contabilizou o sócio-proprietário da Acre Aves, Paulo Eduardo Santoyo. O empreendedor lembra que o preço do quilo da carne de frango hoje está em torno de R$ 3,20 a R$ 3,40. “Ano passado, oscilava entre três e oitenta e quatro reais”.

Santoyo, no entanto, faz uma ressalva. “O mercado acreano reflete com lentidão os diversos cenários externos”. Para ele, existe “um hiato” entre o que acontece nos mercados do Sul e Sudeste e também no mercado externo que devem ser observados com cuidado por empresários e gestores públicos. “É um hiato para mais ou para menos que sempre põe a prova a nossa logística, o nosso planejamento e nossa capacidade de driblar cenários adversos”.

Como o Acre Economia adiantou na semana passada, uma das estratégias que a Acre Aves encontrou para se proteger das variá-veis externas para abastecimento de insumos foi a entrada da Biomatrix, um braço empresarial da Agroceres, parceira do empreendimento Acre Aves.

Ainda em setembro deste ano, a empresa deve entrar com milho em áreas mecanizadas de Brasiléia. Com genética adequada ao solo da região, as áreas cultivadas pela Biomatrix passam a ser uma alternativa próxima ao Complexo Agroindustrial de Aves, diferente dos fornecedores do Mato Grosso com altos custos agregados.

Sair da versão mobile