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Casos de malária falciparum aumentam no Juruá e Ministério Público intervém

Os casos de malária, principalmente do tipo falciparum, cresceram na localidade do Profeta, no Rio Juruá, em Rodrigues Alves, próximo de Cruzeiro do Sul. A maioria dos infectados é formado por crianças e adolescentes. E o mais grave: grande parte dos moradores do local não permite que o setor de Endemias de Rodrigues Alves faça a borrifação dentro das casas com o veneno que mata o mosquito transmissor da doença.

O chefe do setor, Hélio Cameli, procurou o Ministério Público de Cruzeiro do Sul. Daí, o promotor de Meio Ambiente, Leonardo Santos teve a primeira reunião com os moradores do Profeta nessa quarta-feira. Ele diz que pode agir com maior rigidez, caso as notificações da doença não diminuam, principalmente entre as crianças e jovens.  

Segundo Hélio Cameli, a média de casos de malária na localidade era de 3 mensais. Em julho, foram 46 casos, dos quais 20 eram do tipo falciparum, nunca antes registrado na região. Falciparum é o tipo mais agressivo de malária e pode atacar o cérebro, sendo considerada a mais letal, se não for tratada a tempo. Hélio relata que os casos de malária aumentaram depois que a comunidade recebeu a visita de pessoas do Rio Boa Fé, já no Estado do Amazonas. Na Comunidade do Profeta, moram 339 pessoas em 95 casas.   

O promotor explica que nessa 1ª reunião pediu a colaboração da comunidade para resolver o problema. “É um caso de solidariedade social. Se uma pessoa faz o tratamento, ou seja, permite a borrifação para matar o mosquito transmissor, mas o vizinho não faz o mesmo, a doença não pode ser controlada”, explica ele.

Ele diz que a comunidade se comprometeu em permitir que o trabalho da equipe de endemias possa ser feito. Também afirma que pode haver ‘uma certa falta de todos os borrifadores com a comunidade’. Segundo o promotor, ficou acertado que o calendário de borrifação será retomado na comunidade. E ele alerta: se os casos não diminuírem, principalmente entre as crianças, os pais poderão ser responsabilizados, chegando a perder a guarda se for constatado a negligência com o tratamento.

O chefe do setor de endemias de Rodrigues Alves, Hélio Cameli, conta que antes de procurar o Ministério Público teve várias reuniões com a comunidade. Mas muitos moradores da localidade não permitiram que a  borrifação fosse feita. Alguns te-riam se mostrado até agressivos com os agentes de endemias. Ele diz que os borrifadores não criam problemas com a comunidade.

Para que a doença seja controlada, pelo menos 80% das casas tem que ser borrifadas. Segundo Hélio, alguns moradores alegam que o produto ‘pode ser venenoso’, que estraga o alumínio das casas e, principalmente, que há o incômodo de ter que ficar 1h fora de casa e, em seguida, lavar o chão e os lençóis que cobrem os móveis durante a borrifação.       

Hélio explica que o calendário de borrifação e de exames para a localidade do Profeta está sendo refeito. Dez casas serão borrifadas por dia. Os exames e tratamentos serão intensificados. Outras ações serão tomadas: alguns tanques que existem na região serão aterrados ou drenados. Hélio e o Ministério Público esperam que os casos comecem a diminuir em 20 a 30 dias.  

Em 2005 e 2006, a malária ‘explodiu’ em 3 das 5 cidades do Vale do Juruá. Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima registraram os maiores números de casos da doença. Em Rodrigues Alves, em 2005, a média era de 1.500 casos mensais. Em 2006, foram 13 mil casos. As ações de controle da doença por parte das secretarias estadual e municipais de Saúde têm dado resultado e os casos foram reduzidos. Em 2011, foram 3.337 casos em Rodrigues Alves. A intenção de Hélio Cameli é que os casos continuem caindo.

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