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Cineastas vêm ao Acre para registrar história de hansenianos

 Mostrar a história de homens e mulheres que décadas atrás foram diagnosticados com hanseníase em várias partes do Brasil e, por isso, foram separados dos filhos e demais familiares, tendo que viver isolados em colônias, longe da sociedade e reféns do preconceito. Essa é a proposta do documentário que os cineastas Davi de Carvalho e Sylvio Lima estão construindo.

 A dupla saiu do Rio de Janeiro com destino ao Acre com o objetivo de ouvir e reproduzir as histórias de hansenianos por meio do documentário. Para isso, contam com o apoio do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Mohan).

“Quando decidimos vir ao Acre não imaginávamos que aqui o isolamento dessas pessoas se dava de maneira diferente por conta da questão dos seringais. Quando começamos a pesquisar nos deparamos com histórias impressionantes”, disse Davi de Carvalho.

 Ao chegar ao Estado, os cineastas conheceram a antropóloga Glaucia Maricato, que veio de Porto Alegre para fazer um trabalho acadêmico sobre os hansenianos e também conta com o apoio do Mohan para construir sua pesquisa.

 E, embora cada um esteja atuando em áreas diferentes, eles relatam que a troca de informações têm sido enriquecedora para seus projetos. Davi de Carvalho explica que para construir o documentário estão sendo gravados depoimentos de pessoas diagnosticadas com hanseníases, filhos de hansenianos, profissionais de saúde, parlamentares e historiadores.

 Entre os médicos está o governador do Estado, Tião Viana, que desde o período em que era acadêmico defende a humanização no tratamento dos hansenianos e durante o período em que exerceu mandato no Senado propôs o pagamento de pensão aos ex-hansenianos.

“Nossa ideia ao incluí-lo na lista deu-se pelo símbolo político que ele é, por ser especialista em doenças tropicais e pelos relatos desse tratamento humano que ele tem com os pacientes que tinham hanseníase”, observou Davi de Carvalho.

A humanização e a luta pelo fim do preconceito

 No sábado, 18, Davi de Carvalho, Sylvio Lima e Glaucia Maricato reuniram-se, e acompanhados pelo coordenador do Mohan no Acre, Élson Dias da Silva, gravaram depoimento do governador Tião Viana sobre o trabalho que exercera em unidades de saúde que atendiam hansenianos, do preconceito que a sociedade cometia contra vítimas da doença e da luta no Senado para que os ex-hansenianos pudessem receber pensão.

 Durante a entrevista Tião Viana se lembrou dos últimos momentos que passou ao lado de Francisco Vieira Nunes, o “Bacurau”, símbolo da luta dos ex-hansenianos e fundador do Mohan.
“Lembro-me quando ele me disse que queria vir ao Acre para que pudesse, antes de morrer, ouvir o canto do sabiá no mamoeiro”, contou o governador.

 Tião também revelou que foi difícil incluir na pauta parlamentar o debate da importância do pagamento de pensão aos ex-hansenianos e da acolhida que o ex-presidente Lula dera a essa proposta, tornando-a possível por meio de medida provisória.

 Segundo o governador, muitos dos ex-hansenianos afirmam que a aprovação da medida provisória foi a segunda Lei Áurea do Brasil. “A nação tem uma dívida moral com essas pessoas”, frisou Tião Viana.

Incentivo

 Além do Acre, os cineastas devem levar o projeto a outros cinco Estados: Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

 Contudo, o projeto que visa mostrar a história da hanseníase no Brasil não tem patrocínio. Mas Davi de Carvalho e Sylvio Lima avisam que estão abertos para propostas que ajudem a financiar o documentário. Os interessados em conhecer e ajudar o projeto podem entrar em contato por meio do e-mail  davi7777@gmail.com“>davi7777@gmail.com
 

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