Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Eleição para reitor da Ufac acontece dia 21

O Conselho Universitário da Ufac alterou o calendário eleitoral das eleições para escolha de reitor. Por 44 votos a 18, ganhou a proposta que adia a eleição para o dia 21 de agosto, com ou sem greve. Das quatro chapas que disputam a eleição, apenas uma foi declaradamente contra a decisão. Se houver segundo turno, a data é 28 de agosto.

Apesar do resultado folgado, a decisão foi recheada de polêmicas. Uma parte dos conselheiros entendia que a realização das eleições no período de greve desvaloriza a participação dos alunos que, atualmente, somam mais de 8 mil. Outra parte tem a leitura de que esse argumento é falho e esconde outras articulações, inclusive de natureza político-partidária.

Os defensores da realização das eleições no dia 21 agosto argumentam que a conquista da paridade do voto está mantida com a alteração do calendário eleitoral. “Se não fizermos as eleições até o dia 6 de setembro, o interventor o fará, sem o voto do aluno ser paritário”, observa o integrante do comando de greve dos professores da Ufac, João Lima.

O interventor (termo utilizado para ironizar a figura do reitor pro tempore) é nomeado pelo ministro da Educação, caso a lista tríplice não esteja definida até dia 7 de setembro (60 dias antes do término do atual mandato). É o que prevê o decreto 1.916, de 23 de maio de 1996. “Com o interventor, acaba o Conselho Universitário”.

É justamente essa possibilidade de intervenção que mobilizou tanto os conselheiros que priorizaram a autonomia universitária e a paridade do voto dos alunos, mesmo se no dia 21 de agosto ainda houver greve. “Existem articulações feitas por um deputado federal que diz garantir um reitor ‘afinado’ com o Governo”, diz uma conselheira. “Nós priorizamos uma Ufac autônoma e com valorização dos alunos”.

A representantes da proposta de manutenção do calendário eleitoral para votação ocorrer dia 21 de agosto entendem que ficou garantido o direito do aluno votar com paridade. Atualmente, o voto do aluno na urna vale 33,3%, seguido do voto dos funcionários, também com 33,3% e dos professores com 33,3%.

“Qual o prejuízo maior, nós termos um interventor para tirar o direito do aluno votar com paridade ou fazer com que os alunos votem exercendo o pleno poder de votar?”, pergunta o professor João Lima. “É melhor os alunos se mobilizarem para votar com ou sem greve do que perder o direito tendo a insegurança trazida com a figura de um interventor”.

Os alunos que tiveram voto garantido na reunião do Conselho Universitário não entendem assim. Foram voto vencido. O aluno do 7º período de Direito, Aleksandr Rocha. “O que adianta nós termos a paridade, mas não usufruirmos efetivamente dessa paridade?”, pergunta. “Se a eleição for no período de greve um número muito reduzido de alunos vai participar. A capacidade de mobilização fica comprometida na greve”.

O aluno argumenta que em eventos rotineiros do Conselho Universitário a falta de articulação junto aos alunos é sempre falha. Quem votou pela realização das eleições após o período de greve argumenta que até os maillings da Ufac para os alunos é limitado.

“Nem 60 por cento dos alunos têm e-mail cadastrado”, calcula uma defensora da proposta perdedora. “Como podemos detalhar nossa proposta aos alunos se nem e-mail nós sabemos e quando só há urnas em Rio Branco e em Cruzeiro do Sul?”, questiona.

Um recente processo de seleção de alunos para bolsas de iniciação científica mobilizou mais de mil alunos, já no período de greve. Eram pouco mais de 300 vagas. O episódio serviu de argumento para reforçar a tese de que, “mesmo com greve, se houver mobilização, o aluno vem votar”.

“O processo das bolsas iniciou antes do período de greve, sob orientação de professores”, rebateu o aluno de Engenharia Civil, Marcos Nogueira. “Não é referência de mobilização”.

Sair da versão mobile