Os deputados estaduais Ney Amorim, Geraldo Pereira (PT) e Eduardo Farias (PC do B) pediram que a mesa diretora da Assembleia Legislativa enquadre o deputado major Rocha (PSDB) na Comissão de Ética da Casa. Na sessão de quarta-feira, Rocha disse que ‘futriquinha é coisa de mariquinha’, se referindo ao governador Tião Viana e ao secretário de Segurança Pública, Reni Graebner. Na pauta de quarta estava a possível escuta telefônica que o PSDB teria feito nos celulares do governador Tião Viana, do candidato a prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, e de outras 15 pessoas. Já a oposição diz que é o governo que faz as escutas telefônicas com o Sistema Guardião.
Ney Amorim diz que Rocha quer chamar atenção para si já que ficou isolado até dentro do próprio bloco de oposição. Ney cobrou de Rocha ‘uma postura mais ética e maturidade pessoal e política’. Geraldo Pereira disse que o parlamento estadual precisa de uma oposição forte, mas equilibrada. Salientou que Rocha dificulta as relações institucionais e lembrou que o governador Tião Viana conta com 80% de aprovação popular. “Quem fala mal do governador afeta quem o escolheu”.
Os deputados Walter Prado, Jamil Asfury (ambos do PEN) e Jonas Lima (PT), ressaltaram que os insultos ao governador respingam também na família de Tião Viana. Jamil pediu providência ao presidente da Casa, Élson Santiago (PEN) para que tal situação não se repita.
Walter diz que é preciso lembrar que Tião Viana tem muitos serviços prestados à população como médico, senador e governador. “Ele, enquanto médico, atendia os mais humildes sem cobrar nada. Como senador, trouxe a faculdade de Medicina para o Acre. Como governador, está fazendo o Programa Ruas do Povo e concluirá a BR 364, entre outras coisas”. O presidente da Aleac garantiu que todas as providências serão tomadas para que Rocha ‘responda por todas as palavras que proferiu contra o governador e o secretário na tribuna da Casa’. Enfatizou, ainda, que tinha certeza de que Rocha pediria desculpas ao governador e ao secretário Reni Graebner.
Depois de ouvir todos os colegas, o deputado Rocha não se desculpou, mas disse que nunca se referiu à sexualidade do governador e contra atacou pedindo a criação de uma CPI para investigar o caso do grampo telefônico. “A CPI iria investigar se o PSDB fez a escuta e também se o guardião do Governo do Estado faz escutas”. Rocha disse não temer a CPI da Assembleia. “Estou pronto para tudo. Sei o que disse e tudo o que pode acontecer a partir disso. Assumo que usei a palavra ‘mariquinha’ em uma frase no contexto em que falava do governador e do secretário, mas não nominei o governador”, ressalta. A CPI tem apoio de todos os deputados da oposição.
Já o deputado Geraldo Pereira, líder do PT na Casa, disse que é contra a instalação da CPI na Casa por causa da motivação de Rocha. Segundo Geraldo, a Polícia Federal já está investigando se o PSDB teria feito a escuta e diz que a tentativa de criar a CPI seria mais uma manobra da oposição para desviar o foco da descoberta feita pelo governo sobre a escuta clandestina.
Tchê e Eduardo Farias se estranham no plenário
O clima ficou quente entre os colegas Eduardo Farias (PCdoB) e Luiz Tchê ontem. O comunista explicou que se o governador Tião Viana tiver dito que os telefones institucio-nais estão grampeados, estaria se referindo ao grampo do PSDB e não ao guardião. Na tribuna, Farias disse algumas lideranças e partidos políticos estão se colocando à margem da lei. Citou que uma assessora parlamentar teve que depor sobre o grampo telefônico no domingo em uma delegacia da cidade. Em seguida, Tchê usou a tribuna e confirmou que uma assessora sua foi, de fato, ouvida em uma delegacia sobre os grampos e negou qualquer participação no caso. Logos depois, os dois iniciaram uma discussão acalorada no plenário da casa.
O clima tenso da sessão só foi quebrado quando a deputada Antônia Sales (PMDB) brincou e disse que ‘futriquinha não é coisa de mariquinha’. Segundo a deputada, as mariquinhas não gostam de fofocas, só fazem ‘comentários’.