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Dificuldades da eleição acreana serão mostradas ao TSE

No Acre não é fácil – e nem barato – garantir ao cidadão o direito ao voto. No Vale do Juruá, das 327 sessões da 4ª Zona Eleitoral, 37 estão em locais de difícil acesso, como a Foz do Breu, já na Divisa com o Peru, ou a Terra Indígena dos Ashninka. Para garantir que os 695 eleitores destes 2 locais votem, os técnicos do TRE andam várias horas de barco e avião para levar as urnas, instalar os sistemas e depois transmitir os dados, o que é feito por meio de um sistema específico. Segundo o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Pedro Ranzi, na eleição deste ano, só com o pagamento de helicópteros serão gastos mais de R$ 1,1 milhão. Toda a eleição no Acre custará R$ 2,7 milhões.     

Agora, a juíza da 4ª Zona Eleitoral, Andréia Brito, que inclui as 5 cidades do Juruá, vai mostrar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), todas estas dificuldades. Um grupo de técnicos percorre as mais de 300 sessões, registrando tudo, por meio de fotografias e vídeos. “O TSE precisa saber que fazer eleição em algumas regiões do Acre é diferente do restante do Brasil. Isso precisa ser mostrado e reconhecido”, relata a juíza, que defende, por exemplo, que nesta região mesários e técnicos recebam diárias ou bônus diferenciados. “È muito barranco para subir, horas dentro dos rios, voos em pequenas aeronaves no meio da floresta. Em alguns locais, não há energia elétrica, não há como recarregar baterias. Tudo isso vai mostrar como é heroica a garantia da democracia nesta parte da Amazônia”, relata a juíza, que no dia da entrevista havia voltado de uma viagem de mais de 8h de barco de Porto Walter até Cruzeiro.

Além de registrar as dificuldades de logística, os 14 técnicos da 4ª Zona Eleitoral, que percorrem todas as 327 sessões do Vale do Juruá, estão portariados para atuarem como fiscais de propaganda eleitoral nas localidades de difícil acesso. “Não podemos ir a todos os lugares, então estes técnicos vão e em caso de necessidade eu me desloco até lá. É uma forma de a gente se multiplicar”.

Do Juruá, só o Dêda aguarda decisão do TRE – A juíza Andréia Brito acumula as titularidades da 2ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Cruzeiro é juíza eleitoral do município, de Mâncio Lima, de Rodrigues Alves, Porto Walter e Marechal Taumaturgo, onde existem 80 mil eleitores. Ela diz que 10 dias antes da eleição deverá receber reforço de colegas e vai se concentrar mais em Cruzeiro. Por enquanto, o período eleitoral é tranquilo. Das 501 candidaturas nas 5 cidades, só 3 receberam pedidos de impugnação por parte do MP Eleitoral, ou de coligações.

Dois pedidos foram com relação à impugnação de Francisco Vagner de Amorim, o ‘Dêda’, que é candidato à reeleição em Rodrigues Alves. O Ministério Público Eleitoral e a Frente Popular de Rodrigues Alves pediram a impugnação de Dêda, alegando que ele é ‘Ficha Suja’, mas a juíza deferiu o registro da candidatura. O MP recorreu e o caso será julgado pela corte do Tribunal Regional Eleitoral na próxima semana.   

A juíza diz que o eleitor está mais consciente com seu voto e lembra que o TRE acreano tem apostado em campanhas contra a compra de votos. Ela espera uma eleição tranquila na região, mas alerta: estará atuando firmemente em parceria com o MP Eleitoral e a Polícia Federal e não vai tolerar irregularidades. “Os políticos e os eleitores têm de saber que existem leis a serem cumpridas. É bom que saibam que a Justiça Eleitoral está bem atenta”, avisa a juíza, que é uma das responsáveis pelas prisões dos prefeitos de Marechal Taumaturgo, Randsom Almeida (PMDB), e de Neuzari Pinheiro, de Porto Walter (PT). 

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