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PF investiga se grampo clandestino escuta o governador e mais 16 pessoas

DEPUTADOS0908A pedido da procuradora de Justiça do Acre, Patrícia Rêgo, a Polícia Federal investiga se dirigentes do PSDB estariam utilizando um grampo telefônico clandestino para monitorar os telefones celulares do governador Tião Viana, do candidato a prefeito de Rio Branco pelo PT, Marcus Alexandre, e outras 15 pessoas. A procuradora agiu depois que foi procurada pelo governador Tião Viana. O governador foi informado por uma pessoa (que não teve o nome revelado) que líderes do PSDB te-riam grampeado 17 celulares, incluindo o dele. A tal fonte mostrou ao governador a fotografia do aparelho que estaria fazendo a escuta dentro da sede do PSDB. A procuradora comunicou o fato também ao procurador regional eleitoral, Paulo Henrique, e ao promotor eleitoral, Rodrigo Curti.  

O assunto veio à tona na noite de terça-feira, depois que a Secretaria de Segurança publicou nota oficial que explica o caso, afirma que as investigações estão sendo feitas e cita o PSDB como possível autor. O assunto foi o mais debatido na sessão de ontem da Aleac. O líder do governo na Assembleia, deputado Moisés Diniz, diz que o caso é grave porque fere o direito constitucional à privacidade, que todo cidadão tem. Segundo Moisés, agora é o momento de esperar pelos resultados da investigação da Polícia Federal, que vai utilizar de tecnologia para descobrir se a escuta foi feita e se foi por membros do PSDB. “Não podemos deixar que o clima da eleição nos leve ao mundo da clandestinidade, da escuta. O governador do Estado não pode ser espionado em nome de uma eleição. Isso é muito grave. Por isso, pedimos apoio da Polícia Federal e demais instituições”.     

O deputado major Rocha (PSDB) nega que o partido tenha grampeado o governador e outras 16 pessoas. Ele diz que o partido não teria como adquirir um aparelho que custa mais de 200 mil dólares. Rocha contra-ataca e diz que o Governo do Estado é que tem o aparelho Guardião, com o qual faria escutas telefônicas.

Reni diz que guardião só é usado com autorização judicial
O secretário de Segurança Pública, Reni Graebner, diz que espera que a Polícia Federal possa desvendar rapidamente o caso. Reni conta que, de acordo com a fotografia que chegou às mãos do governador Tião Viana, o tal aparelho que estaria na sede do PSDB pode ser comprado por cerca de 20 mil dólares em cidades na fronteira do Brasil com os países vizinhos. Segundo o secretário, o guardião, citado pelo deputado major Rocha (PSDB), não é um aparelho, e sim um software, instalado em um computador na sede da Secretaria de Segurança, que só é utilizado com autorização judicial e em última instância de uma investigação. Segundo Reni, quando a Justiça autoriza, a Sejusp disponibiliza o sistema para as operadoras de telefonia, que faz as escutas. Reni cita que o uso do guardião já garantiu bons resultados em investigações sobre tráfico de drogas e crimes contra a vida.

Reni relata que o governador decidiu pelo fim do  uso dos celulares institucionais para fazer economia e também para garantir que não houvesse problemas com o uso dos aparelhos no período eleitoral.      

Baixarias tomam conta da sessão da Aleac
Pode-se chamar de inesquecível a sessão de ontem, 8, da Assembleia Legislativa. O assunto eram os possíveis grampos telefônicos que o PSDB estaria usando para vigiar o governador Tião Viana, o candidato a prefeito Marcus Alexandre e outras 15 pessoas. Os debates ficaram quentes e termos ‘inadequados’ para a Casa do Povo foram utilizados. Moisés e Rocha foram os mais contundentes. Moisés disse que Rocha “quer bater como boneco Chucky e quer apanhar como a boneca Barbie”. Rocha não poupou nem o secretário Reni Graebner, nem o governador Tião Viana. Referiu-se a Reni como “cara de pau, menino de recado”.

O presidente da Casa, deputado Élson Santiago chegou a interromper a sessão para pedir compostura ao deputado Rocha, que destratava também o governador. O deputado Jamil Asfury ficou indignado depois que Rocha disse que o governador tinha atitudes de ‘maricas’. “Nós, deputados, temos que ter cuidado com a linguagem, somos representantes do povo, que merece nosso respeito. E não se deve dirigir a um governador desta forma”, ressalta Jamil.

O deputado Rocha nega que tenha chamado o governador de ‘maricas’. Ele teria afirmado que ‘futriquinha é coisa de mariquinha’, se referindo ao secretário de Segurança Reni Graebner. “Assumo o que digo e me referi sim ao secretário e não ao governador”, explicou Rocha. Ele disse, ainda, que hoje ele e o senador Sérgio Petecão vão ao MPF pedir investigação sobre o caso.

Diante de tal cenário, o que esperar da sessão desta quinta-feira da Aleac?

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