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Grandes atacadistas qualificam serviços, mas mantêm uniformidade nos preços

O comércio atacadista no Acre passa por reformulação estruturante. A presença de grandes empresas do setor qualifica o mercado de maneira inédita, mas isso ainda não conseguiu refletir na queda dos preços como o consumidor esperava. O que ainda não se sabe com exatidão é qual o impacto de grandes atacadistas sediados em Rio Branco no varejo do interior do Estado, com a BR-364 permitindo trânsito durante todo ano.
A mais nova loja do setor é o Atacadão. A empresa pertence ao Grupo Carrefour Brasil. No Acre, o grupo concretiza parte da expansão que planejava para a região Norte. Cidades como Palmas (no Tocantins) e Porto Velho (Rondônia) já possuem lojas com a bandeira Atacadão. São parte dos 86 empreendimentos da marca em todo país.
Atacadao1Atacadão e Makro melhoram oferta de produtos para micro, pequenas e médias empresas e também para o consumidor final
No Acre, o Atacadão gera 250 empregos diretos e estima-se que mais 600 indiretos. A empresa prevê que a unidade de Rio Branco deve atender cerca de 120 mil clientes. A loja já nasce oferecendo uma quantidade de produtos ainda não vista no comércio local. São 10 mil itens, também em preços de varejo.

É a maior rede atacadista do Brasil. O concorrente direto, no Acre, está ao lado. O Makro, inaugurado em dezembro de 2009, ficou sozinho no mercado local até este mês. Em uma área um pouco maior que o Atacadão, de 7.600 m², o Makro compõe o cenário de interesse para micro, pequenos, médios empresários supermercadistas e também consumidor final.

Com custos semelhantes, os fatores que compõe o preço dos produtos são praticamente os mesmos. Na prática, o que diferencia uma empresa da outra são planejamentos de marketing e cria-ção de valor na decisão de compra por parte do consumidor.

Outra evidência demonstrada com a presença de duas grandes empresas do setor supermercadista no Acre é a segurança jurídica e institucional existentes hoje no Estado. O que atualmente pode ser avaliado como banal, era algo inimaginável há apenas três ou quatro décadas. Não apenas pelo isolamento, mas pela insegurança que o estado representava para quem intencionava investir por aqui.

Uma das pioneiras do setor atacadista no Acre foi a empresa Milton Lucena, localizada no Centro de Rio Branco. Esta empresa teve uma importância muito grande para pequenos comerciantes da Capital e de municípios da região do Vale do Acre.
Tabela


Assinada ordem de serviço para obras do centro de reprodução de alevinos de Cruzeiro do Sul

 

O Centro Tecnológico de Reprodução de Alevinos de Cruzeiro do Sul começa a ser construído nos próximos dias. A ordem de serviço para o início das obras foi assinada pelo secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães, durante a Expo Juruá. No total, serão investidos mais de R$ 4 milhões nas obras.
Atacadao2Secretário Edvaldo Magalhães assinou ordem de serviço durante a Expo Juruá
“Esse é mais um passo importante para a concretização do projeto ousado do governador Tião Viana que está investindo muito na piscicultura acreana. Já assinamos a ordem de serviço para a construção do frigorífico. Isso representa um novo momento para a piscicultura do Juruá”, disse Magalhães.

Uma parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac) possibilitará a formação e capacitação de mão de obra para melhorar a produção. A intenção do Governo do Estado é fortalecer toda cadeia, garantindo melhorias para pequenos, médios e grandes produtores.

No frigorífico, que terá tecnologia de ponta, o investimento será de R$ 4 milhões em infraestrutura e R$ 4,5 milhões em equipamentos. Nele, serão processadas e filetadas toda a produção de peixe do Juruá.

Durante a assinatura da ordem de serviços, o presidente da Central de Cooperativas de Produtores de Peixe do Juruá, Sansão Gomes, comemorou a assinatura da ordem de serviço, afirmando que a construção do frigorífico e do centro de reprodução de alevinos marca um novo momento para a região.

“Temos muito o que comemorar. Esse apoio do governo está mudando a vida de muitos pais de família. Estamos recebendo todo apoio necessário para melhorar nossa produção. É um grande sonho que estamos realizando”, afirmou.

A expectativa é que as obras do centro de reprodução de alevinos sejam concluídas em um prazo de cinco meses.


 

ENTREVISTA: OLINDA BATISTA

Olinda: “Muitos professores não têm compromisso com a pesquisa”

ITAAN ARRUDA
Atacadao3Olinda rebate críticas e faz cobranças duras e direcionadas à comunidade acadêmicaA semana não começou bem para a Universidade Federal do Acre. A divulgação do “Ranking Universitário Folha” colocou a instituição em 76º lugar entre as 188 instituições analisadas.

Por mais questionáveis que sejam os critérios analisados, figurar em septuagésimo sexto lugar entre 188 possíveis não é bom para a imagem de nenhuma instituição. O “Ranking da Folha” reforça uma si-tuação já noticiada em junho deste ano, quando um dos rankings de mais credibilidade do mundo, o britânico Quacquarelli Symonds, nem sequer cita a instituição acreana.

Esse cenário sela o final da gestão da reitora Olinda Batista, que deixa o cargo no próximo dia 7 de novembro. Ela fala sobre os problemas da instituição com uma serenidade incomum. Mas, faz cobranças duras. E direcionadas. Quando o assunto é pesquisa e inovação, por exemplo, reclama da “falta de compromisso” de muitos professores da Ufac com a pesquisa.

Sobre a administração, diz com tranquilidade: “Só tive dois anos de gestão”. Veja o porquê nos principais trechos desta entrevista.

Acre Economia: Professora, diz-se que quando um problema é muito grande, uma estratégia inteligente é dividi-lo e ir resolvendo cada parte. Essa descentralização na administração da Ufac não foi possível por quê?
Olinda Batista: A descentralização que se fala é a financeira, que é dada. E há também a descentralização de poder. Todas as instâncias: assembleias e colegiados determinam o que deve ser feito. A administração, no entanto, tem o dever de verificar se o que está sendo feito está correto ou não. As normas que eu dou para um centro, eu dou para outro. Provavelmente, as pessoas me condenem por isso.

AE: Durante a campanha para a sua reeleição, a senhora disse que nunca se contratou tantos professores [foram 229 nos últimos 4 anos]. Que fatores explicam essa excepcionalidade?
Olinda Batista: Isso é resultado do Reuni. O Reuni foi a salvação das universidades. Se nós não tivéssemos entrado, não sei como nós estaríamos. Quando eu entrei, nós tínhamos mais de 60 professores substitutos. Hoje, há 10 porque nós começamos a contratar.

AE: Das três grandes áreas de atuação da universidade (Ensino, Pesquisa e Extensão), nos últimos 4 anos qual ficou mais enfraquecida?
Olinda Batista: Em todas elas, nós crescemos. Crescemos na pós-graduação. Os grupos de pesquisa aumentaram. Alguns se consolidaram. Não tivemos a felicidade de termos tantos doutores para criar mais mestrados. Nós criamos um mestrado e estamos com dois doutorados para ser aprovados agora. Os doutorados são impositivos para que a universidade permaneça como universidade. Aprovamos outro doutorado que é compartilhado com várias regiões, que é o da Bionorte Ciência e Inovação, o único que tem uma patente na área de nanotecnologia.

AE: Então o que falta?
Olinda Batista: Falta compromisso.

AE: De quem?
Olinda Batista: Dos pesquisadores. Porque não é a administração que faz a pesquisa. São os pesquisadores. Na verdade, a baixa produção científica… quando se fala que ‘não tem tempo’ não é verdade.

AE: Muitos alegam que não há recursos, por exemplo. Há falta de compromisso do poder público com a pesquisa.
Olinda Batista: [incisiva] Não. Não. Não. Para pesquisa, tem recursos. Há os editais nacionais, regionais e, quem tem bons projetos, são aprovados. Ninguém pode aprovar qualquer coisa. A pesquisa, para ganhar concorrência, tem que ser boa. Tem que ter projeto bom. Depois que eu entrei, não faltou dinheiro. Tanto é que esse teatro está sendo feito na minha gestão, uma pactuação (sic) de 23 milhões de reais e isso não se consegue tão fácil…

AE: Mas, a construção de um teatro não guarda relação direta com a produção científica, não é, professora?
Olinda Batista: Não. Não tem relação com pesquisa, mas tem com as condições de trabalho dentro da instituição. Em relação à pesquisa, reforço que ela está sendo financiada pelo CNPq, pela Capes e apoio da Finep. E também há a Funtac. Os doutores, quando vão sair para fazer os seus doutorados, eles têm obrigação de estar estudando, pesquisando e ter publicações. Agora, o que é que acontece? Muitos têm projetos, recebem apoio, mas cadê o produto? É o que eu pergunto e todo mundo deve se perguntar isso: Cadê o produto?

AE: Por que a senhora não conseguiu implantar a cobrança dos professores por produtividade (número mínimo de publicações, citações, projetos de pesquisa)?
Olinda Batista: Eu acho que há muito corporativismo. Essa cobrança não seria nem o meu papel, mas o do pró-reitor. E muitas vezes eu disse: ‘Faça cobrança!’. Uma pessoa que sai daqui, passa seis meses nos Estados Unidos em estudo e não traz um produto! Não pode! Isso é inadmissível! Eu, mesmo reitora, só deixei de publicar ano passado. Até 2010, eu publiquei. E eu trabalho três turnos. As pessoas têm que ter esse desprendimento de querer se ajudar, mas também de querer ajudar a universidade. Porque se ela não tiver esse compromisso… E também se não tiver uma legislação mais forte, mais dura… nós não vamos sair desse lugar, não.

AE: Hoje, não há mecanismos legal para se fazer cobrança.
Olinda Batista: Não. Não tem. Há pessoas que falam: ‘Ah! Porque eu tenho três disciplinas…!” Não é verdade que isso atrapalha. Você pode ir lá na Unicamp, na USP, na UFRJ, na UFF para ver quantas disciplinas cada professor tem e veja a produtividade desses professores! Porque eles vestem a camisa da instituição. Aqui, muitos pesquisadores fazem suas pesquisas fora, publicam por outros órgãos fora e o produto não vem para a universidade. A pessoa vive do salário da universidade e produz para outros. É preciso que tenha leis mais determinantes. Não houve como intervir nisso. Estávamos, no início, com falta de professores, falta de servidores. Antes, o professor fazia tudo. Estava acumulado. Agora, não. Eu estou deixando a universidade saneada.

AE: A senhora quer emplacar a imagem de que recebeu a universidade no vermelho e está deixando no azul. Quanto ‘de azul’ a Ufac está hoje?
Olinda Batista: Estou deixando a universidade com dois anos de gestão. O primeiro ano foi só de problema com o TCU. Só respondendo a processo, das administrações passadas. Tive uma herança maldita. Aí, veio 2010, com mudança de governo e muita coisa parou. Em 2012, fui atropelada pelo processo eleitoral e também pela greve. Em 2008, nós recebemos um relatório das contas de final de ano do TCU com 19 folhas de ‘inconsistências’. O nosso relatório, esse ano, tem apenas cinco ‘inconsistên-cias’. Fomos parabenizados por isso. Nossa gestão trabalhou pela moralidade.

AE: Fala-se muito na Ufac hoje da precarização da universidade…
Olinda Batista: É uma palavra inadequada porque não houve precarização da universidade. Em momento nenhum. Pelo contrário. Eu não tive uma greve por falta de coisa nenhuma. Quando eu entrei, havia greve por causa da sujeira nos banheiros, por causa de água, por causa de energia, por causa de tudo. É precarização quando você não oferece os serviços e as condições de trabalho melhores para as pessoas. E não é isso o que acontece na universidade.

AE: No dia 7 de novembro, a senhora transfere o cargo para o professor Minoru. A Olinda de há 4 anos em que mudou?
Olinda Batista: [pensativa] Funcionalmente, não mudou. Eu continuo na mesma maneira. Nós estamos com todas ferramentas na mão: dinheiro, quadro funcional em consolidação. Criticaram-me porque eu não fiz a interiorização. Evidente que eu não fiz porque eu peguei um programa de seis mil professores, terminando dois anos da minha gestão. Então, é impossível você ter um programa desse e já ter que planejar outro em tão pouco tempo. Eu dei prioridade às condições de oferta desses cursos. Eu não posso ofertar curso debaixo de uma árvore. Nem posso ofertar, como fizeram lá em Feijó, com o prédio caindo. É muito fácil você jogar pedra quando você não conhece as coisas. Você não pode buscar o novo com gente que não pensa o novo.


JBS nega prática de dumping no Acre

Negociações entre pecuaristas e frigorífico já estavam praticamente definidas quando entrou em cena o deputado estadual Éber Machado (PSDC). A denúncia feita pelo parlamentar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica na última quarta-feira, acusando a transnacional de praticar dumping no Acre, atrapalha o cenário de resolução do conflito e, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Acre, “pode acabar rendendo mais prejuízos”

ITAAN ARRUDA
A JBS, maior grupo frigorífico do mundo com capital aberto, negou prática de dumping no comércio de carne bovina no Acre. A informação responde à denúncia formalizada pelo deputado estadual Éber Machado (PSDC), na última quarta-feira, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Atacadao4JBS nega a prática de dumping; empresa gera cerca de 300 empregos diretos no Acre
“É com surpresa que vemos um deputado estadual, representante eleito pela população, defender que a carne bovina, um produto que faz parte da alimentação básica do brasileiro, seja vendida à população por preços mais caros”, responde a empresa, via e-mail.

A resposta está um tom acima e rebate a denúncia do parlamentar, no limite da diplomacia. Naturalmente, o deputado não defende carne com “preços mais caros”. Não seria lógico para um “representante eleito pela população”.

Mas, a fala da empresa indica o delicado contexto em que está inserida a comercialização da carne bovina e como são as reações caso alguém interfira no conflito de interesses sem observar negociações já construídas.
A assessoria do parlamentar divulgou reportagem em todos jornais da região destacando que “a empresa teria arquitetado um esquema para monopolizar o mercado de carne no Acre”.

Em declaração ao jornal A GAZETA, na edição da última quinta-feira, o deputado diz que a forma de a JBS-Friboi atuar no Acre “deixa clara a manobra para quebrar os frigoríficos locais”, avalia, antes de sentenciar que a tendência “é a situação piorar”.

Pouca interferência – Esse problema da comercialização da carne de boi e do desentendimento entre alguns pecuaristas com o grupo frigorífico JBS bateu na mesa do governador do Acre, Tião Viana, há duas semanas. Mas, nesses casos, o Governo do Estado tem poucos instrumentos de interferência formal.

Técnicos do gabinete do governador e de algumas secretarias vinculadas ao setor produtivo acompanham a situação como observadores privilegiados e fazem as articulações necessárias para preservar basicamente duas frentes: preço e emprego.

Do ponto de vista político, são esses dois fatores que interessam: a flutuação mínima do preço final ao consumidor (se possível, pressionando por queda) e preservação dos empregos gerados na extensa cadeia produtiva da carne.
Atacadao5Veronez, presidente da Faeac

Veronez: “Denúncia vazia e irresponsável acaba rendendo mais prejuízos”
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Veronez, também recebeu com certa estranheza as “denúncias” feitas junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

“A denúncia vazia e irresponsável acaba rendendo mais prejuízos”, fulminou. “A relação com os frigoríficos, inclusive com a JBS, não é um mar de rosas, mas isso são situações pertinentes à comercialização de carne e que podem ser resolvidas com diálogo, como estavam sendo resolvidas”. E ironiza. “Aliás, estavam praticamente resolvidas”.

Antes de o deputado estadual Éber Machado subir à tribuna e tratar do assunto na semana passada, Veronez argumentou com o deputado da inadequação de tratar do tema naquele nível no parlamento. Esforço em vão.
Diálogo com o presidente – Quando a situação se mostrava tensa entre produtores de carne e a empresa frigorífica, antes de o parlamentar entrar em cena, Veronez pontuou o cenário para o presidente do grupo JBS, Wesley Batista.

“Mostrei a ele que a decisão inoportuna de a JBS passar a vender carne no Acre iria prejudicar não os grandes pecuaristas, mas os pequenos”, argumenta Veronez, com a intimidade que o tema exige. Estava construída a ponte para a resolução do conflito. “As coisas estavam praticamente encaminhadas”.

Foi esse cenário de negociação ignorado pelo deputado que justificou outra resposta da JBS. A empresa o classificou como “desinformado” sobre o assunto. Fato também noticiado pela imprensa local na semana passada.
A JBS não adiantou pontualmente quais medidas deve adotar a partir de agora: ou mantém a linha de diálogo com os produtores, ou aciona departamento jurídico para responder o Cade. A segundo opção é ruim.

“Tem-se que avaliar com cuidado o que é estratégico para nós aqui”, pondera Veronez. “O que representa o Acre para a JBS? Eles têm quarenta e seis por cento do mercado norte-americano de proteína animal e dezesseis por cento do mercado brasileiro”.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária, é fácil criticar uma empresa tão grande como a JBS. “O diálogo”, raciocina Veronez, “é mais difícil, no entanto, é a linha mais eficaz de trabalho”.
Com capacidade de abater até mil cabeças por dia e empregando cerca de 300 funcionários diretamente, o JBS-Friboi tem papel estratégico na regulação da oferta de carne no mercado regional.

Solução precisa ser definida
O que alguns donos de pequenos frigoríficos do Acre reclamam é que o JBS estava comprando a uma faixa que variava de R$ 70 a R$ 75 o preço da arroba e vendia a R$ 60 nos açougues. Dessa forma, os pequenos frigoríficos do Acre ficam inviabilizados.

Nesse cenário, algumas perguntas ficam sugeridas e ainda sem respostas. Se a relação entre produtores de carnes e frigoríficos nunca foi um “mar de rosas” (como afirmou o presidente da Faeac, Assuero Veronez), por que o JBS resolveu comercializar carne no Acre quando até então só o fazia em Rondônia?

Era um acordo? Por que se quebrou esse acordo? A quem essa comercialização de carne no Acre feita pelo JBS prejudica diretamente no curto prazo? Que garantias o consumidor tem de que essa situação não vai pressionar o preço da carne para cima?

Atacadao6Deputado Éber Machado (dir.) em audiência com o presidente em exercício do Cade, Ricardo Ruiz

O que é dumping?
De acordo com o Novíssimo Dicionário de Economia, do professor Paulo Sandroni (Editora Best Seller), dumping tem o seguinte conceito: “prática comercial que consiste em vender produtos a preços inferiores aos custos com a finalidade de eliminar concorrentes ou ganhar maiores fatias de mercado”.

Mesmo usando instrumentos de mercado, a prática do dumping e a consequente eliminação da concorrência prejudica o consumidor final. Sem concorrência, a empresa “vencedora” dita o preço.

O Brasil tem legislação anti-dumping e é fundamentada nesta legislação que atua o Conselho Administrativo de Defesa Econômica. A lei 9.019 normatiza um Acordo Antidumping e data de março de 1995.

Um dos setores que mais sofre com prática de dumping no Brasil é a indústria do aço. A concorrência norte-americana prejudica o Brasil que constantemente aciona a Organização Mundial do Comércio alegando que a legislação anti-dumping nos Estados Unidos penaliza o comércio global em detrimento dos interesses norte-americanos.


Inova Ufac: vitória, compromissos e desafios

Minoru Kinpara e Guida Aquino*
Atacadao7A Chapa Inova Ufac venceu a consulta à comunidade universitária, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Essa conquista, para além do “churrasco da vitória”, que acontece hoje, concedeu-nos o direito de fazermos parte da lista tríplice (eleita no Colégio Eleitoral, no último dia quatro) que foi encaminhada ao Ministério da Educação. Tudo indica que nos primeiros dias de novembro, o ministro da educação nos escolherá e, consequentemente, nomeará para o cargo Reitor da Universidade Federal do Acre, para um mandato de quatro anos.

Nossa satisfação é imensa. A equipe Inova Ufac soube com-preender os principais temas e questões atuais da educação superior, que estão diretamente relacionadas com o presente e o futuro da nossa Instituição. Soube dialogar com professores, alunos e técnico-administrativos, e, também, de modo bastante direto, com a comunidade externa.

Esse diferencial possibilitou-nos despertar, por um lado, a comunidade interna da Ufac em relação à impossibilidade de se continuar lidando com os desafios educacionais, científicos e tecnológicos – incluindo os aspectos de gestão – com a mesma percepção, entendimento e procedimento adotados nas últimas décadas, em grande parte, já suplantados em muitas instituições e organizações.

Por meio do uso da noção de inovação, ficou evidente que todos os segmentos da Ufac estavam inquietos com estado de inflexibilidade da concepção de política universitária impregnada na Instituição nos últimos quinze anos. Ou seja, a mensagem da Inova Ufac, no sentido de trabalhar de maneira flexível, não presunçosa, colaborativa, participativa e com bons modos, foi amplamente entendida e acolhida internamente.

Por outro lado, não menos relevante, a comunidade externa, “cheia” de notícias negativas da nossa instituição, recebeu a mensagem da Inova Ufac com a maior admiração e esperança. Isso para nós se transformou num dos grandes motivos de satisfação, visto que conseguimos transmitir corretamente uma das dimensões de nosso entendimento de universidade contemporânea. Isto é, não voltada para o benefício da própria instituição, à la normas de uma corporação absolutamente isolada, mas sim, para o benefício da sociedade, considerando a autonomia como inerente ao próprio conceito de universidade, na lógica do processo de educar, formar e produzir pesquisa.

Ao mesmo tempo em que estamos felizes com o apoio que a comunidade nos outorgou, materializado na vitória da chapa Inova Ufac, sabemos que assumimos compromissos muito sé-rios, ante os grandes desafios, muitos deles apresentados em situação de emergência.

Nessa lista, podemos men-cionar a necessidade de consolidar os mestrados existentes e criar, pelo menos, um curso de doutorado institucional para garantir a permanência da Ufac como Universidade, no âmbito da legislação da educação superior nacional. A avaliação negativa do ensino, constatada na pesquisa “Ranking Universitário Folha”, publicada na semana passada, bem como a sua ausência em outras classificações nas quais figuram diversas outras Instituições nacionais são alguns dos exemplos que expressam o tamanho de nossa responsabilidade.

Nesse sentido, assumimos o compromisso de construir uma universidade que responda às necessidades da comunidade interna e externa, que seja propositiva, contemporânea, eficiente, reconhecida e contextualizada com os tempos atuais, e, acima de tudo, humanizada.

Não é uma tarefa fácil, nem simples. As dificuldades e complexidades vão desde o padrão de gestão que foi incorporado nos últimos anos, passando pelas dinâmicas acadêmicas, até a situação de instabilidade da política nacional de educação superior implantada nas últimas três décadas.

Mas, nada disso pode ser motivo para recuarmos do compromisso que assumimos com a finalidade de aperfeiçoar a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão da nossa Universidade. Todas as ações, em todas as unidades administrativas e acadêmicas, estarão voltadas para esta finalidade. Não podemos perder de perspectiva que cursos, pesquisas e projetos de extensão de qualidade são essenciais para a UFAC possa formar bons profissionais e produzir ciência e tecnologia úteis para a sociedade.

Temos a consciência, junto com toda nossa equipe da Inova Ufac, que uma universidade, entendida como uma instituição que produz e transmite cultura, de maneira inerentemente crítica e autônoma, por intermédio do ensino e da pesquisa, deve estar completamente em sintonia com as grandes questões e problemas da sociedade, para que possa analisar continuamente as novas tendências econômicas, políticas, sociais e culturais, atuando como uma bússola de previsão, alerta e prevenção.

Esse entendimento, o qual nos proporcionou uma grande vitória perante aos professores, alunos e técnico-administrativos, em contraposição ao entendimento de uma universidade como corporação, isolada completamente da dinâmica socioeconômica e política externa, é um dos maiores avanços que a Inova Ufac já conseguiu estabelecer na esfera da Universidade Federal do Acre, com amplo apoio interno e externo. Este já é um legado para a Instituição.

Agora, precisamos trabalhar arduamente para conseguirmos honrar com os compromissos que assumimos no sentido de aperfeiçoar a qualidade dos nossos cursos, das pesquisas e dos projetos de extensão para que a sociedade passe a reconhecer com mais carinho o significado da Ufac para o desenvolvimento do nosso estado.

* Candidatos vitoriosos a reitor e a vice-reitor, respectivamente, pela chapa Inova Ufac.


NOTAS ECONÔMICAS

Reconhecimento
Na gestão do ex-governador Jorge Viana, iniciou-se esforço institucional pela regularização fundiária no Acre. Uma política de governo que se transformou em uma política de Estado. A criação do Instituto de Terras do Acre (Iteracre) comprova isto.

Reconhecimento II
Na administração do ex-governador Binho Marques, a presença de Felismar Mesquita na condução dos trabalhos ganhou em eficiência e tornou o GPS um instrumento conhecido em barrancos e rios jamais imaginados.

Reconhecimento III
Excluídas todas cores eleitorais e populistas do momento, a continuação desse trabalho na gestão do atual governador Tião Viana merece reconhecimento. A regularização fundiária e a titularização definitiva do imóvel são direitos do cidadão, mas que precisam da tutela do Estado para se efetivar. O fortalecimento da economia regional também passar por aí.

Sem audiência
A criação da TV Aleac, se não chama atenção do vendedor de picolé, deveria servir de referência para os movimentos sociais como instrumento de controle dos serviços prestados pelo parlamento. Como toda tevê institucional, nasce sem audiência alguma e com um agravante: transmite a condução dos trabalhos de uma classe com sérios problemas de imagem na opinião pública.

Desafio
Deve servir de desafio para a equipe de Comunicação, liderada pelo jornalista Rutemberg Crispim. Tolice quem acredita que a presença da tevê qualifica os trabalhos da Casa. Não qualifica. A essência dos parlamentares é a que está ali, com ou sem TV Aleac.

Desafio II
No que se refere à qualidade da programação, Crispim terá que fazer parcerias com outras estruturas como, por exemplo, TV Câmara que já possui programação consolidada. Resta saber se haverá orçamento adequado à condução da tevê, que exige estrutura dispendiosa para ter programas de qualidade. Toda sorte à equipe de Comunicação.

É outra coisa
E que não passe pelo presidente Elson Santiago a ideia de “fazer jornalismo”. Seria um esforço desnecessário. Imitando o raciocínio do professor Eugênio Bucci (ex-Radiobras), esse tipo de tevê faz comunicação institucional. Jornalismo é outra coisa. É verdade que se usa “linguagem”, instrumentos e formatos jornalísticos. Mas, no máximo, expõe o contraditório existente no próprio parlamento. O que é elementar.

Referência
O deputado Luiz Tchê (PDT) deve retomar os debates a respeito do endividamento do funcionalismo público em 10 dias. Quer começar pela própria Aleac. O departamento jurídico do gabinete do parlamentar deve mediar os trabalhos para que os funcionários da Aleac tenham situação definitivamente resolvida.

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