Em uma realidade nada agradável na qual o país inteiro perdeu quase 42 mil leitos em hospitais públicos nos últimos 7 anos, o Acre e mais 5 estados se destacam como as únicas unidades que conseguiram ampliar o seu número de leitos. Com uma alta de 2% – ou 27 leitos a mais -, o Acre conseguiu sair de 1.366 leitos públicos em 2005 para 1.393 leitos neste ano. Os dados foram revelados ontem, em uma pesquisa elaborada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Para fazê-la, a entidade usou estatísticas do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Além do Acre, os outros 5 estados que conseguiram ampliar seu número de leitos públicos entre outubro de 2005 a junho de 2012 foram: Amazonas (de 5.365 em 2005 para 5.725 em 2012: 360 leitos a mais, ou 6,7% de alta); Pará (de 10.787 para 11.580: 793 leitos a mais, ou 7,4%); Amapá (de 937 pra 1.023: 86 leitos a mais, ou 9,2%); Rondônia (de 2.634 para 3.256: 622 leitos a mais, ou 23,6%); e Roraima (de 663 para 885: 222 leitos a mais, ou 33,5%).
Ainda assim, todas estas altas não foram suficientes para contrabalancear com as taxas negativas dos outros 20 estados, mais o DF. Logo, o país inteiro perdeu 41.713 leitos no Sistema único de Saúde (SUS) nos últimos 7 anos, ou – 10,5%, saindo de 395.934 em 2005 para 354.221 em 2012. Os estados que mais perderam leitos públicos foram: São Paulo (de 75.921 pra 65.643: 10.278 leitos a menos, ou – 13,5%); Rio de Janeiro (de 38.940 pra 31.924: 7.016 leitos a menos, ou – 18%); e Minas Gerais (de 39.690 para 34.513: 5.177 leitos a menos, ou – 13%). As áreas que mais perderam leitos foram psiquiatria, pediatria, obstetrícia, cirurgia geral e clínica geral.
Vale destacar que o Ministério da Saúde (MS) não reconhece este levantamento do CFM como uma pesquisa válida, uma vez que ela não leva em conta variantes como os leitos remanejados, programas de qualificação profissional, aumento de atendimentos ambulatoriais, entre outros. Além disso, o Conselho dos Médicos não avalia os parâmetros ano a ano, como defende o MS. Ainda conforme o MS, houve sim uma baixa nos leitos do SUS, mas ela foi de apenas 17 mil leitos, e não 41,7 mil. Mas esta queda é compensada pelo aumento de casas de apoio e UPAs. Tanto é que o MS prega que hoje o país inteiro tem 504.229 leitos, mas só 354.177 deles são do SUS.
Outra prova apresentada para minimizar a redução dos leitos no SUS é que o Governo Federal abriu 1.296 novas unidades de saúde em 2012 e deve abrir outras 1.739 neste ano. Já para os médicos do CFM, essa visão de que reduzir os leitos é compensada com outros ganhos é uma prova de que gestores públicos muitas vezes desconsideram as condições infraestruturais mais básicas nas unidades públicas de saúde do país. Segundo o CFM, a União deveria investir mais na compra de equipamentos e de remédios como alternativa para reduzir as internações.