Durante o período de estiagem, as doenças respiratórias se tornam comuns por conta da baixa umidade do ar, poeira e da fumaça oriundas das queimadas. Nos hospitais, os números de atendimentos a idosos e crianças crescem diariamente nessa época do ano.
Segundo Abraão Miranda, clínico geral na Unidade de Pronto Atendimento do 2º Distrito (UPA), a fumaça causa grande transtornos. “Vemos no dia-a-dia que a quantidade de atendimentos à pessoas com doenças respiratórias tem aumentado. Aqui na Amazônia, de uma maneira geral, durante o ano inteiro temos casos de problemas respiratórios.
Durante a época seca, acontece o ressecamento das vias aéreas, pois o nosso sistema respiratório tem uma proteção que promove a eliminação de resíduos que venham a adentrar nas vias por meio da secreção. Quando estamos frequentemente eliminando as secreções nasais, ela vai carregar microorganismos que geram infecções e reações alérgicas. Também há aquelas pessoas que tem problemas pulmonares. Os asmáticos e os pacientes que tem enfisema pulmonar, que são aqueles que fumaram muito tempo ou por conta da idade, já tem o pulmão debilitado, sofrem de uma maneira especial por conta da fumaça. Essas pessoas tem o órgão mais sensível a fenômenos alérgicos e tem uma reação mais intensa no contato com a fumaça.
O médico explicou sobre os problemas causados. “Geralmente os problemas mais comuns são a falta de ar, o broncoespasmo, que é uma reação alérgica intensa e que prejudica a respiração. O pulmão, em uma tentativa de reagir à fonte de agressão, acaba inchando e alguns pontos de respiração ficam fechados. É uma reação inflamatória tão intensa que o pulmão perde uma porcentagem de sua capacidade de absorver o oxigênio. Se a pessoa não procurar o hospital imediatamente, pode ter uma insuficiência respiratória ou até mesmo uma parada cardíaca e ir à óbito”.
Além disso, as altas temperaturas contribuem para o surgimento de novas doenças. “O calor, além de tudo, traz um sofrimento generalizado no organismo. O calor excessivo faz com que o nosso corpo gaste mais energia e precisa trabalhar para manter uma temperatura ideal. Temperaturas altas são prejudiciais ao nosso corpo, pois causam degeneração de proteínas, prejuízos em algumas reações químicas e perda de líquido, acontecendo a desidratação principalmente em crianças. Além disso, há possibilidades de acontecer doenças gastrointestinais e rotavírus, transmitida por condições de higiene inadequadas”, afirmou Abraão.
É recomendável que, durante esse período, as pessoas tomem alguns cuidados. “É preciso ter uma boa alimentação, priorizando frutas e verduras que contenham vitamina C, tomar bastante água e evitar aglomerações e ambientes empoeirados”, concluiu Abraão.