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Pesquisadores da USP apontam que bacia amazônica pode ter sido um ‘mar’ interno há 10 milhões de anos

Mar no AcreO Acre é uma terra cheia de surpresas e peculiaridades. Mas o que muitos não sabem é que o Estado já pode ter sido, há muito tempo, parte de um mar interno no continente sul-americano. A teoria está sendo lançada por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Após passar 4 anos estudando as fases evolutivas de diversificação de um grupo de 2 espécies distintas de anêmonas-de-tubo do Atlântico Sul, os pesquisadores paulistas elaboraram estudo que aponta a surpreendente hipótese de a bacia amazônica já ter sido um ‘mar interno’ que ligava o Caribe (na costa da Venezuela) até o Uruguai.

De acordo com a pesquisa, feita com base na análise biológica dos animais, o suposto mar ancestral na Amazônia seria datado de um tempo de 10 milhões de anos no passado. O Acre, conforme os desenhos cartográficos de tal estudo, estaria bem no meio desta passagem do ‘mar interno’ brasileiro, nas partes mais cobertas de água (fundas). Além do Acre, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso também teriam sido partes deste mar.

Os estudiosos chegaram a tal teoria geológica após tentar concluir em que momento da evolução aconteceu a diferenciação das 2 espécies de anêmonas-de-tubo pesquisadas (a Isarachnanthus e a Ceriantharia). Segundo eles, a explicação mais plausível para a diferença entre as duas espécies do Oceano Atlântico seria a presença interventora de um terceiro tipo de anêmona, presente apenas no Oceano Pacífico. Sendo assim, para ter, de fato, acontecido o encontro delas é preciso que as condições marítimas da época (Mioceno Médio) tenham oferecido uma ‘rota marinha da Amazônia’, que cortava ao meio o continente.

Quando o hipotético mar interno teria se fechado, as anêmonas que haviam chegado ao Atlântico Sul teriam ficado isoladas e se diferenciado em outra espécie.

Neste cenário hipoteticamente desenhado pelos estudiosos da USP, o Brasil (a parte terrestre dele) teria sido uma grande ilha separada do restante do continente sul-americano por este mar interno que cobria a bacia amazônica.  O estudo completo foi publicado em um artigo, assinalado por um dos cientistas biólogos, Sérgio Stampar. Os outros pesquisadores responsáveis pelo estudo são: Maximiliano M. Maronna, Mark J. A. Vermeij, Fabio L. d. Silveira, André C. Morandini. Sérgio Stampar comenta sobre o trabalho:

“É praticamente impossível que essas anêmonas de tubo tenham vindo pelo Atlântico. No entanto, as análises moleculares e de DNA que fizemos permitiram estimar que os organismos chegaram ao Atlântico Sul há cerca de 8 milhões ou 9 milhões de anos. Essa data coincide com as especulações da geologia sobre a existência de um mar interno que cortava a América do Sul. É muito provável que essa tenha sido a rota das anêmonas”, explicou Stampar. (Com informações do site Inovação Tecnologia)
 

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