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Por falta de recursos financeiros, centro de recuperação da Apadeq pode fechar

ApadeqA Associação de Parentes e Amigos de Dependentes Químicos (Apadeq), fundada há 17 anos, está passando por uma situação difícil. A instituição, que tem o objetivo de tratar os usuários de entorpecentes, pode deixar de funcionar. A ala feminina do centro de recuperação teve que ser fechada pela falta de recursos financeiros. Hoje, apenas a ala masculina funciona, onde 18 internos são tratados.

Segundo Antônio Balica, presidente da Apadeq, os recursos que entram são poucos. “Temos a capacidade de receber 15 mulheres na ala. Hoje, vivemos só de doações. Estamos recebendo alimentos, pois o povo acreano é muito solidário, mas precisamos pagar os nossos funcionários. Muitos que se trataram no centro hoje trabalham aqui, mas estão há 5 meses sem receber. Nem a luz estamos conseguindo pagar”.

A procura pelo tratamento é muito grande. “Mulheres, mães de família têm nos procurado para se internar e não podem fazer o tratamento. Muitas delas estão com os filhos no Educandário e querem se tratar para constituir suas famílias novamente. Estamos indicando algumas instituições, mas a Apadeq é a única que trata mulheres e homens em locais separados, e que não cobra. As demais cobram uma taxa e essas pessoas não têm condições financeiras”, explicou o presidente.

A instituição recebe um repasse financeiro por meio de um convênio com a Secretaria Estadual de Saúde, disse Antônio. “A Dra. Tapajós entrou com uma ação civil pública contra o Estado na época. A partir disso, o Estado começou a fazer parcerias com as instuições e começamos a receber. A Secretaria Estadual de Saúde nos repassava a ajuda financeira por um convênio. Na época do governo do Binho, as coisas funcionavam direito, principalmente quando Osvaldo Leal era secretário de Saúde. Com a renovação, estamos tendo uma grande dificuldade. Nesse ano, até o momento, recebemos um repasse correspondente a 2 meses”.  

A qualquer momento o centro pode fechar, afirmou o presidente. “Não podemos ficar esperando ajuda. Na Assembléia Legislativa, esse ano, afirmaram que estavam liberando R$ 4 milhões para as entidades, mas até hoje não recebemos nada. A ala masculina estamos conseguindo manter, mas se a situação continuar dessa forma, teremos duas opções: passar a cobrar ou fechar. Passar a cobrar não é o melhor caminho. Todos têm o direito de se tratar, não queremos restringir o tratamento de ninguém”.

Para não voltar a usar drogas, uma usuária fica durante o dia na sede da Apadeq. Ela aguarda que a ala reabra, na expectativa de voltar à internação. “Fiquei 3 meses internada e quando saí, a ala estava prestes a fechar. Tive uma recaída 1 mês após e tentei voltar para o centro, mas não pude me internar de novo. Espero que a ala volte a funcionar e as portas sejam abertas para quem precisa. A droga só nos traz coisas ruins. Quando estamos lá, recebemos o apoio da família, dos amigos e dos funcionários, que nos tratam muito bem e nos ajudam a sair desse vício”.

Secretaria Estadual de Saúde afirma que repasse financeiro está sendo realizado
A GAZETA procurou a Secretaria Estadual de Saúde para esclarecer a questão do repasse financeiro à Apadeq. A assessoria do órgão informou que, de acordo com o contrato, a associação recebe apenas 5 meses (abril, maio, agosto, setembro e dezembro). Os meses de abril e maio já foram pagos. Já o de agosto, o pagamento está sendo providenciado. O montante mensal é de R$ 25 mil.

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