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Prova Brasil: Acre na foto

Recém-divulgada, a Prova Brasil mostra que o país continua mal na foto da educação. Nas séries iniciais, estamos muito aquém do necessário para assegurar que os alunos sigam firmes no andar de cima. Isso é patente quando se observam os resultados medíocres das séries finais e, pior ainda, do Ensino Médio. Situar o Acre no quadro faz mais sentido quando seu desempenho não é considerado isoladamente, mas comparado ao do Brasil e aos resultados da própria região.

A Região Norte está cerca de 10 pontos abaixo das médias do Brasil em Língua Portuguesa e Matemática, tanto no 5º quanto no 9º ano.  Isso vale para a rede estadual e a rede privada, e esta diferença permanece mais ou menos constante nas 4 últimas rodadas da Prova Brasil.  

No Acre, os resultados da rede estadual são ligeiramente superiores à média da região, com 188 e 236 pontos em Língua Portuguesa e 202 e 240 pontos em Matemática, nos 5º e 9º anos respectivamente. O crescimento nos últimos 8 anos é semelhante ao aumento dessas médias no país como um todo.

Rio Branco é um dos 5 municípios com melhor desempenho no Estado, mas vem abaixo de Manoel Urbano Brasiléia, Assis Brasil e Senador Guiomard. A rede municipal na Capital tem níveis próximos aos da rede estadual nas séries iniciais, mas tem desempenho superior em mais de 10 pontos nas séries finais. Vale ressaltar que as médias de Rio Branco, em 2011, são muito próximas aos resultados de 2005, exceto em Matemática, no 5º ano, onde houve avanço grande nas duas redes.  Isso é muito diferente do resto do Brasil e dos demais municípios citados, onde houve avanços de 15 a 30 pontos nas várias séries e disciplinas nesses últimos 8 anos. Ou seja, há uma estagnação.

Para sacudir a inércia, a grande prioridade deve ser  assegurar a alfabetização das crianças no 1º ano do Ensino Fundamental.  Este deve ser o maior desafio dos próximos prefeitos, e, se bem sucedido, servirá de base para melhorar o resto das séries ini-ciais. Mas é importante fazer isso em toda a rede, e não apenas em escolas-modelo.

Cabe igualmente desenvolver políticas adequadas e de qualidade para a Primeira Infância. No caso dos Estados, o grande desafio é promover a municipalização e a diversificação do Ensino Médio, compatível com as capacidades efetivas das pessoas que concluem o Fundamental e com as possibilidades e necessidades da economia e do mercado de trabalho. Quem começar por aí terá chance de avançar.

* João Batista Oliveira, psicólogo especialista em educação, é fundador e presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB) que desenvolve projetos de educação em redes públicas de centenas de municípios do país. Foi secretário executivo do MEC e funcionário do Banco Mundial e da Organização Internacional do Trabalho. Atuou com consultor em projetos de educação em mais de 60 países. Em 2003, ele foi o responsável pelo relatório final do Grupo de Trabalho sobre Alfabetização Infantil criado pela Câmera dos Deputados, reunindo especialistas brasileiros e estrangeiros. Em 2011 foi coautor do capítulo sobre alfabetização do estudo feito pela Academia Brasileira de Ciências.

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