O Acre quer integrar a Rede Nacional de Emergência de Radioamadores. A adesão pode ser formalizada no próximo sábado quando acontecem dois encontros que vão debater o papel da rede e como ela pode ser melhor utilizada em situações de risco. Na região, os casos mais comuns estão relacionados às enchentes, secas e queimadas.
Fortalecer a rede de radioamadores (em quantidade e em qualidade) é parte de um grande programa criado pela ONU chamado Cidades Resilientes. Quando uma região é atingida por algum desastre natural e não tem instrumentos de respostas para superar os problemas de infraestrutura, pior é para o cidadão.
Uma “cidade resiliente” é aquela que consegue dar respostas rápidas para se recuperar de desastres naturais. “O trabalho dos radioamadores melhora muito a distribuição da informação, mas se não houver instrumentos para dar sequências, de nada adianta”, explica o pesquisador da Universidade Federal do Acre, Foster Brown, ele mesmo um radioamador.
Os problemas da enchente no início do ano na região do Vale do Acre poderiam ter sido minimizados se houvesse uma rede ativa de radioamadores. “Fizemos testes recentemente e conseguimos comunicação rádio a rádio entre Rio Branco e Epitaciolândia”, diz o radioamador André Bracciali.
Nos momentos de maior tensão da enchente, lembra Bracciali, a comunicação entre a Capital e a região do Vale do Acre ficou interrompida praticamente durante três dias. Sem telefone e sem internet, os moradores ficaram praticamente isolados do mundo.
“Em situações de catástrofes, onde está o ‘plano B’ de comunicação?”, pergunta o pesquisador Foster Brown. O professor lembra que Rio Branco acaba de passar por “um apagão de internet e parte da telefonia” e que, nesses casos, os serviços de radioamadores também substituem com qualidade o serviço de difusão de informações.
Isso dificultou muito o trabalho da Defesa Civil do Estado com as equipes de Epitaciolândia e Brasiléia. “Os problemas poderiam ter sido bem menores e com respostas mais eficazes se já tivesse o trabalho dos radioamadores”, avalia Bracciali.
Os testes mostraram o poder da rede em funcionamento. Em apenas duas horas de funcionamento, mais de 100 contatos foram realizados.
Legislação
Para ser um radioamador, existe uma legislação a ser cumprida. A habilitação é referendada pelo Ministério das Comunicações e regulamentada pela Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel).
Testes de técnica e ética operacional são realizados e efetivam a classificação dos radioamadores em três categorias: “C” (iniciante); “B” (média, com dois anos de habilitação) e “A” (avançado, com pelo menos dois anos de habilitação na classe B). Os radioamadores “classe A” têm domínio até em Código Morse.
No Acre, a quantidade de radioamadores ainda é muito pequena. Apenas cinco pessoas integram o grupo na classe A. O objetivo é que até julho do ano que vem pelo menos 30 radioamadores façam parte formal da rede. Com 30 membros, o Acre pode integrar a Liga de Amadores Brasileiros em Radioemissão (Labre).
Existe também as sub-categorias. São colaboradores que podem contribuir com a qualificação da rede. No Acre, já existe conversas sobre parcerias com estudantes de Engenharia de Computação. Geografia, Ecologia. A categoria de jornalistas também pode colaborar.
Todos esses detalhes serão apresentados amanhã, no auditório do Ministério Público, no Centro de Rio Branco, às 4 horas da tarde. E, no sábado, às 9 horas da manhã, no auditório da Assembleia Legislativa.