Produtores rurais e indígenas da região de Cruzeiro do Sul autorizaram, nos dias 18 e 19 de setembro, o início de novas pesquisas para obtenção da Indicação Geográfica da Farinha de Cruzeiro do Sul. Essa ação marca o começo do projeto Farinha de Cruzeiro do Sul: Fortalecimento da Agricultura Familiar e Indicação Geográfica do Território da Cidadania do Vale do Juruá, coordenado pela Embrapa Acre.
Diversas ações, técnicas e culturais, serão realizadas durante os próximos três anos para apoiar os agricultores e a comunidade local no processo de registro da Indicação Geográfica. Para isso, a Embrapa conta com a parceria da Governo do Acre, por meio da Fundação Elias Mansour, que já está elaborando o levantamento histórico da farinha de Cruzeiro do Sul, da Secretaria da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedéns), da Secretaria de Extensão e Agroflorestal e Produção Familiar e também do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento por meio da Superintendência de Agricultura do Acre, dentre outros parceiros.
Essa semana, representantes dessas instituições se reuniram com os agricultores e indígenas para apresentar o projeto e obter o consentimento para Termo de Anuência Prévia para fins de pesquisa, documento que autoriza as instituições a dar início às atividades do projeto. Para o agricultor Sebastião do Nascimento, do Ramal Pentecostes, a reunião é mais um passo para a valorização da farinha de Cruzeiro do Sul. “Muita gente vende farinha de mandioca como sendo de Cruzeiro do Sul, com a Indicação Geográfica isso vai melhorar e a nossa comunidade vai se esforçar para conseguir a Indicação Geográfica”, afirma.
Indicação Geográfica – A tradicional farinha de mandioca produzida artesanalmente no Juruá ficou conhecida pela sua qualidade como “Farinha de Cruzeiro do Sul”. Para obter o selo de Indicação Geográfica (IG), o produtor rural deve associar padrões de qualidade às características geográficas e culturais de uma dada região, além de proteger o processo tradicional de fabricação do produto.
Segundo a pesquisadora Virginia Álvares, coordenadora do projeto, a IG traz vários benefícios econômicos e sociais para os produtos amazônicos e suas comunidades, principalmente a valorização do produto no comércio, possibilitando a melhoria do preço de venda e a agregação de valor. “Além de permitir ao consumidor identificar a origem, ou seja, a certeza que o produto é daquela região e foi produzido com qualidade”, afirma.
O pesquisador Moacir Haverroth, que conduziu a reunião e está responsável pelas atividades com os indígenas no Juruá, afirma que todo o processo será participativo. “Essa é a principal característica desse projeto, pois a Indicação Geográfica deve ser solicitada pela comunidade, nós vamos apenas apoiá-los nesse processo”. (Priscila Viudes / Ascom Embrapa)