O presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Acre, Guilherme Delgado, garantiu ontem que a categoria, mesmo em greve, vai trabalhar no dia das eleições, devido a um acordo do sindicato nacional com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas ele disse que a greve reduziu a capacidade investigativa da PF com relação a crimes eleitorais e de tráfico de drogas no Estado.
De acordo com Delgado, setores como o de Inteligência estão praticamente parados. “Estão atuando em todo o Estado, entre 40 e 50 homens, e grande parte é de serviços administrativos, sem prática em investigações e combate ao crime. Tem gente da imigração, do setor de armas”.
Além do período eleitoral, quando a demanda pela PF aumenta, a maior preocupação, segundo Delgado, é com relação às fronteiras do Acre com
o Peru e a Bolívia. “Não estamos parados, mas não podemos dizer que os serviços são executados da mesma forma. Há mais de 60 homens parados hoje e isso com certeza fragiliza a capacidade operacional da Polícia Federal. Mas nem essa possibilidade de aumento do tráfico está sensibilizando a presidenta Dilma”, relata.
A presidenta, conforme Delgado, não reconhece que grande parte da popularidade dela se deve ao combate à corrupção, o que é feito com apoio da Polícia Federal. O sindicalista conta que uma pesquisa apontou que 76% da categoria em todo o Brasil está desmotivada.
Grampos telefônicos – Uma das investigações que, segundo Delgado, estão comprometidas é a do possível grampo telefônico que o PSDB teria usado para ouvir clandestinamente conversas do governador Tião Viana e outras 15 pessoas. No final de julho, o MP pediu que a PF investigasse a denúncia de que o PSDB teria trazido ao Acre um aparelho que faria escutas clandestinas. Até agora, nem o governo, nem a direção da Polícia Federal se manifestaram sobre os resultados das investigações. Delgado não entra em detalhes, mas adianta que “todos os procedimentos e investigações estão prejudicados, sim”.