A presidenta da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), visitou, nesta sexta-feira-(14), os 216 haitianos que estão vivendo na fronteira do Brasil com a Bolívia, e concluiu que talvez nem os presídios brasileiros tenham condições tão ruins quanto o alojamento dos haitianos na cidade acreana de Brasiléia.
O fluxo de pessoas vindas do Haiti começou em 2010,quando o país viveu um dos piores terremotos de sua história. Mais de quatro mil pessoas entraram no Brasil, pela cidade de Brasiléia, no Acre, e Tabatinga, no Amazonas. Atualmente, os haitianos estão abrigados em uma casa com três quartos, dois banheiros e um galpão nos fundos da casa que era usado como depósito de materiais recicláveis.
“Entendo que o governo federal precisa urgentemente melhorar as condições de abrigo dessas pessoas, ao mesmo tempo em que se torna tão urgente quanto, se unir aos outros países onde a rede de coiotes atua, para coibir essa prática. A entrada de tantos haitianos, de forma ilegal no Brasil, é prova real do quanto à fronteira brasileira está desguarnecida”, avalia deputada.
Após conversa com os imigrantes, Perpétua Almeida alertou que existe um grupo violento, organizando uma ação no sentido de intimidar as autoridades brasileiras, inclusive com ameaças de tornar refém o representante da Secretaria Estadual de Justiça que está lá prestando assistência, Damião Borges, caso o Brasil não acelere a documentação dos que lá estão.
Segundo informação dos haitianos, esse grupo é provavelmente ligado aos coiotes que atuam no Peru e Bolívia e até dentro do Haiti, onde apresentam o Brasil como uma ilha de prosperidade.
Providências – Durante a visita, a parlamentar acreana sugeriu a elaboração de cadastro da formação profissional de cada um para que as empresas saibam a disponibilidade dos profissionais e assim evitar a exploração.
Perpétua Almeida, que tem uma viagem programada para o Haiti para o mês de outubro, disse que “vou levar minhas impressões ao Itamaraty, aos Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores. Na minha última conversa com o ministro Patriota, dia 18, quando ele foi à audiência pública na Comissão, retomei o assunto dos haitianos e ponderei pela necessidade urgente da visita dele ao Acre e ele me garantiu agendar esta visita, brevemente”, lembrou a deputada.
Segundo explicou Perpétua Almeida, as condições do alojamento dos haitianos são precárias. Eles dormem em colchonetes (doados), lado a lado, para aproveitarem bem o espaço, desta forma um colchão de solteiro é capaz de abrigar duas pessoas.
“O cheiro desagradável de mofo mistura-se ao da urina no vaso sanitário sem descarga, devido à falta de água. Mulheres dormem na varanda com suas crianças. Há também mulheres gestantes preste a dar à luz. A casa sem energia elétrica comportaria no máximo uma família de seis pessoas”, conta a parlamentar. (Vermelho.com, com informações da Assessoria Dep.Perpétua Almeida)