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Cadê o povo?

Confesso que há muito, muito tempo, não acontecia uma eleição tão tranquila como a de domingo. Sem sal, sem graça, calma e chata. Parece que, como em um passe de mágica, a grande maioria da população sumiu. Até agora me pergunto: o que realmente aconteceu?

Lembro que, em anos anteriores, a animação tomava conta da Capital. Os eleitores, desde os mais jovens até os idosos, defendiam seus candidatos e partidos políticos, fazendo o dia da eleição tornar-se um momento de alegria e descontração.

Domingo não houve bandeiraços, gritarias dos cabos eleitorais, pes-soas eufóricas nas ruas… O que se viu foi uma cidade um tanto “pacata”, sem carros de som, sem a alegria do povo. Apenas a sujeira dominou o cenário de Rio Branco.

E aquela festa tão esperada pelo resultado? Timidamente, alguns vereadores eleitos realizaram uma carreata pelas principais ruas da cidade. E só. Os únicos lugares onde mais se viu os comentários dos eleitores, antes e após o resultado, foram nas redes sociais.

Outro fato que chamou a atenção foi a quantidade de seções de votação completamente vazias. Filas? Nem pensar! Fui votar achando que iria passar horas na fila, como em eleições anteriores… Que nada, não tinha absolutamente ninguém. Mesários e fiscais estavam quase dormindo sobre as mesas. E isso não aconteceu somente comigo, mas com as várias pessoas que perguntei.

Até a Lei Seca, que costuma ser desrespeitada, foi cumprida. A grande maioria dos bares estavam fechados e as poucas pessoas que bebiam, estavam em suas residências. Até os presos por transporte irregular de eleitores e boca de urna foram poucos. Ponto positivo, sinal de que a população está mais consciente e cumprindo a legislação.

Cerca de 40 mil eleitores de Rio Branco não votaram e outros 10 mil votaram nulo ou branco. Sem a decisão destas pessoas, a votação para a prefeitura segue ao 2º turno. O voto é um direito democrático e a consagração da escolha popular, portanto, agora é a hora dos candidatos repensarem alguns conceitos, verem os erros e acertos e apresentar propostas para que a população volte às urnas no dia 28, exerça esse ato com responsabilidade e escolha o gestor que assumirá a representação de toda a sociedade pelos próximos quatro anos.

* Evely Dias é jornalista.
E-mail: evelydias@gmail.com

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